O ENTUSIASMO SEMPRE VEM COM EXAGERO

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Aquela tarde foi a mais agradável e impressionante das executivas. Para Elisa, Arabela tinha se transformado em alguém surpreendente e adorável. Viu o quão incrível era a moça, tendo o agrado de julgá-la bem. Viscenza era totalmente diferente do que Falcão pensou: sensível, divertida e sincera. Era no terceiro andar, logo na última sala do corredor, que os sorrisos estavam soltos. Sozinha em sua mesa, a Diretora se lembrou da forma leve e espontânea que o assunto entre ela e a Presidente rolou.

Passou praticamente as horas tentando conciliar seus trabalhos e as lembranças do diálogo. Para ela tudo não passava de uma nova amizade, já que sempre se agradou muito em poder construir uma boa relação com seus colegas de trabalho, e ter esse conforto juntamente com a liberdade para poder ser amiga de Arabela era muito agradável. Viu nos olhos envolvente da jovem executiva um brilho que a sugou, mas, em sua inocência, nada passava de benevolência e educação.

Enquanto a Presidente observava o horizonte da janela da sua sala, lembrava-se, quase que avassaladoramente, dos olhos de Elisa. Eles a confundiam dos pés à cabeça: dóceis e inocentes, ao mesmo tempo que eram enigmáticos e indecifráveis.

Ah, mas Arabela estava tão intolerante para assumir que estava se apaixonando por sua Diretora. Que afrontoso estava sendo aquele fato! Jurou por toda a sua vida nunca mais permitir que seu coração se apaixonasse novamente: era a sua negação aos fatos que lhe foram revelados naquelas circunstâncias. Na verdade, ela formava um escudo em sua mente, não afirmando que estava sentindo algo além de admiração, já que Elisa era belíssima e diferente de muitas mulheres que conheceu.

Ela abriu a primeira gaveta da sua mesa e buscou seu celular. Navegando entre as pasta de fotografia, encontrou uma antiga foto de Fernanda, fazendo com que seus olhos a fulminassem pelo desgosto. Aquilo que sentia era indiferença, raiva e rancor, pois a machucava tanto. O que Arabela Viscenza sentia em relação à essa mulher era afronta, já que dedicou seus anos, sendo abandonada em um dia importante; se sentiu humilhada diante dos amigos e familiares.

Um suspiro fez com que aquela angústia fosse embora aos poucos, apaziguando como sempre fazia. Limpou seu rosto e jogou o objeto novamente dentro da gaveta. Ajeitou seu corpo sobre o assento e estufou o peito, mostrando que sua superioridade era mais forte, e o orgulho era o que predominava. Julgou ser melhor do que uma ingratidão, portanto, manteria seu jeito aventureiro e desprendido.

Aquela noite apareceu como num segundo! Arabela chegou em seu apartamento e não encontrou Melissa. Julgou que estivesse em seus momentos de luxo e consumismo como fazia todos os dias em que ia às compras. Esbanjar dinheiro era o que mais gostava, pois fora mimada pelos pais, fazendo com que nunca valorizasse seus bens. De simplicidade ela não tinha nada! Viscenza se sentou em sua cama, após um banho relaxante e pensou se ficaria ali ou se aproveitaria os momentos sozinha, mas quando tomou sua decisão, a porta se abriu revelando a europeia e suas dezenas de sacolas.

- Oi, amorzinho! Pensei que ainda estivesse na empresa ou na casa dos seus pais. - falou Melissa, jogando suas coisas sobre o chão.

- Cheguei há meia hora. Achei que estaria aqui!

- Ah, só você mesma para imaginar que eu ficaria trancada nesse lugar sozinha! Saí para curtir o dia lindo que fez e acabei me empolgando com as compras.

Melissa então se atirou na cama ao lado de Arabela e a abraçou, envolvendo o corpo da Presidente e um abraço. Buscou os lábios da namorada que fez questão de permitir o beijo que a boca da outra mulher pediu.

- O que comprou? - perguntou Viscenza, afastando seu rosto lentamente.

- Ah, nada de importante! Só algumas coisinhas que eu estava querendo. - falou ela, olhando para as sacolas. - Sabe o que eu quero?

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora