DECISÕES TRAZEM REAÇÕES

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Depois que Arabela deixou a sala e não apareceu diante de Elisa pelas próximas horas, a Diretora tentou manter a mente ocupada em todos os relatórios e balanços do seu setor, única e exclusivamente na esperança de ao menos esquecer a inquietação dos seus pensamentos.

Cabia a ela mesma ter de se acalmar, já que não poderia se perder em desespero, uma vez que não sabia mentir, principalmente ao marido, e agora, mais do que nunca, precisava se orientar e achar uma forma de ajustar tudo o que havia acontecido.

Como nos foi dito, nem ela nem Viscenza seriam as mesmas. Nada seria como antes, e mesmo que tentasse, impossível seria apagar, porque tudo estava em sua alma. Ela não acreditava que teria forças para se libertar de tudo o que viveu, pois temia ser fraca diante dos que a criaram e criaram aquilo que lhe foi pregado a vida toda. Temia machucá-los, e isso a consumia de maneira estrondosa, a qual punha-se em desespero. Não conseguia mais suportar estar diante de Aurélio e esconder o choro.

Naqueles momentos, sabia que se ficasse todos os dias frente a frente com Arabela, jamais conseguiria resistir aos encantos e os sentimentos que tinha pela jovem executiva, e iria mais uma vez longe das suas crenças e ideologias.

Sentada em sua cadeira, Elisa se recordava de tudo, principalmente do que sentiu naquela noite. O corpo se esquentou na medida em que a memória era perfurada pelas lembranças. Nada do que pensasse em fazer seria fortemente capaz de excluir aquelas imagens projetas em sua cabeça.

Como havia combinado com Aurélio, se encontraram para o almoço, mas assim como nos últimos dias, Elisa evitou ao máximo olhar diretamente em seus olhos, mantendo sua atenção em qualquer lugar, menos no rosto do esposo. Sorria quando algo engraçado era comentado, só que tentou disfarçar seu semblante de incômodo.

Aurélio, em determinado ponto, observou minuciosamente cada gesto da mulher, parando os olhos sobre a expressão inquieta que hora ou outra oscilava em boas e ruins. Ele paralisou a atenção e a encarou, como se tentasse fazer uma leitura da sua mente. Elisa, vendo o tal comportamento, baixou os olhos e os circulou de um lado para o outro, tentando achar um ponto que pudesse se firmar e controlar as reações nervosas do seu corpo.

— Você está bem? — inquiriu ele, olhando seriamente.

Falcão comprimiu os lábios, mas deu um fraco sorriso, assentindo à pergunta.

— Sim. Estou bem. Por quê?

— Me parece incomodada com alguma coisa. Está longe, Elisa. O que te preocupa?

O coração da senhora Falcão se acelerou e as mãos ficaram trêmulas.

— N-não... Estou bem. Nada me incomoda, menos ainda me preocupa.

— Hm! Sabe que é uma péssima mentirosa, não é? Já se esqueceu que eu te conheço muito bem?

Os olhos da Diretora saltaram em desespero. Se a pressionasse um pouco mais explodiria, ainda em adição pela forma como ele a tratava: era um misto de brincadeira e carinho, ao mesmo tempo que falava seriamente e firme.

— Não tenho nada, meu bem. Só estou muito cansada. Tenho estado presa em muitas coisas, as quais estão consumindo.

— Você se entrega demais à empresa e acaba se estressando. Quando seu chefe retorna da viagem?

— Creio que no início do mês. Daqui a uns dez ou doze dias.

— Acredito que seja uma boa opção viajarmos para qualquer lugar quando ele voltar. Assim descarregamos essa tenção que ambos sentimos. O que pensa sobre isso? Acha que Seu Ricardo daria as suas férias no seu retorno?

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora