QUANDO A MENTE DOMINA TUDO

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Quão engraçada é a nossa mente! Quantas ideias nos rodeiam, mesmo sem querer, fazendo-nos entrar em um universo que, na maioria das vezes, é um grande abismo! Ah, como é incrível a magia do subconsciente que nos deixando à sua mercê! Sabe o que é pior? Saber que pode controlar suas ações, sua escolha por atos, mas nunca, nunca os seus pensamentos! E, o pior de tudo, ser refém das sensações que sua mente causa em si! Esse é o pior resultado!

Depois de conhecer Aurélio e passar por aqueles dias, Arabela teve, constantemente, Elisa em seus pensamentos. Tudo soava como um clichê em sua cabeça: mulher casada, atraente e instigante.

Clichê? Que clichê? Não havia clichê nenhum! Elisa era muito mais do que uma belíssima mulher instigante. Era tão discreta que as expressões se tornavam quase que indecifráveis. Viscenza sequer conhecia coisas diferente de um simples sorriso tímido, um olhar puro e seus hobbys; nada mais. Isso foi o suficiente para que inexplicavelmente fosse infestada pela imagem de Falcão em sua memória.

Uma semana se passou desde que Arabela iniciou os trabalhos na Lamoncler. Sua adaptação no apartamento com Melissa estava terrível: nada agradava a europeia, pois na Alemanha, ambas viviam cada uma em sua respectiva casa, e passar aquela temporada com a namorada de personalidade explosiva, estava deixando a Presidente de cabelos em pé. Arabela sempre teve o espírito livre em um empoderamento colossal: teve, a vida toda, uma forma deliciosa de viver intensamente. Melissa a sufocava às vezes: sua mania de querer chamar-lhe a atenção era algo extremamente ruim. Talvez sua carência soasse como uma bela válvula de escape para ter sua namorada ao seu lado, mas a jovem Viscenza era bem mais do que satisfazer os luxos e caprichos da moça. Ambas se conheceram em um evento de empresas na Europa; a bela e mimada dama, sendo filha de brasileira e alemão, encantou os olhos da galanteadora Arabela que, por sua vez, dedicou-se para um relacionamento, porém, não manteve-se firme em sua fidelidade, se dedicando para outras mulheres também. Arabela é assim, e ninguém pode mudar... ou quem sabe pode?

Enquanto caminhava em uma das maravilhosas praças num dos bairros mais tranquilos da capital, Viscenza apreciava a paisagem daquele início de manhã. Às sete e meia, como nos demais dias, iniciou uma corrida pelas redondezas do seu apartamento; sozinha, pois assim preferia. Passava por algumas pessoas e sorria, sempre com sua maneira leve de ser.

De repente, entre os curtos passos que dava, avistou uma bela negra se alongando em um dos bancos. Ao se aproximar, reconheceu os longos fios pretos encaracolados e os olhos de avelã da moça. Era Núbia com aquele sorriso sublime de todos os dias.

— Não acredito nisso! Você por aqui? — exclamou Arabela.

— Ora, que surpresa, Dona Arabela!

— Credo, quanta formalidade, menina! Por Deus... não estamos na empresa — disse com bom humor.

— Ah, me desculpe, é força do hábito! — sorriu comicamente.

— Sem problemas!

A Presidente sorriu e analisou minuciosamente a belíssima secretária. Deu seu famoso sorriso torto e se sentou no banco, sendo acompanhada por Núbia.

— Não sabia que também corria aqui — falou a jovem à sua chefe.

— Comecei tem alguns dias, na verdade! Vou tentar manter a os hábitos saudáveis até voltar para a Alemanha.

— Isso é muito bom! Bem, se quiser podemos continuar juntas. Estou aqui todos os dias no mesmo horário.

— Será um prazer ter a sua companhia — falou a loira de sorriso sugestivo. — Mas terá que correr.

Elisa proibidaOnde histórias criam vida. Descubra agora