[Este capítulo contém a linguagem adequada ao meio social em que vivem. Todos os comentários do leitor devem ser cautelosos e respeitando, exclusivamente, a religião e as doutrinas. Não os julgue. Boa leitura!]
Foi muito difícil aquele dia. Tudo parecia entrar em um vácuo ou em algum lugar completamente ao avesso. A senhora Falcão foi muito cuidadosa em seu comportamento durante os momentos em que esteve frente a frente com o esposo. A rapidez de como os seus olhos se desviavam dos dele, se fazia presente com maestria: era impossível encará-lo.
A decisão de se afastar por alguns dias, embora, torturante e indesejada, parecia ser a única saída para que pudesse se desapegar da senhorita Viscenza, porque pensou que aquilo não passava de mero encantamento e adoração e nada além de ilusões. Punha-se em cobranças, só pelo fato de sequer conseguir deixar de ter seus pensamentos e suas ideias.
No fim da tarde, após a tal despedida que gerou descontentamento e nervosismo em ambas, as executivas não mais trocaram palavras. Elisa adentrou sua casa, tão silenciosa quanto um gato arisco e pensativa quanto uma criatura amedrontada. Ela tinha passado as duas últimas horas finalizando tudo, para que pudesse deixar a empresa naqueles tempo, mas só sabia e conseguia se lembrar dos olhos sedutores de Arabela.
Aurélio, por sua vez, não cessava a fala ao enaltecer o quanto estava realizado e feliz por aquele momento, pois adorava viajar com a esposa. Como nos velhos tempo, sairiam aos eventos familiares que muito os alegrava.
Aquela noite não foi noite naquela casa, menos ainda na residência dos Viscenza. As duas mulheres entraram em uma louca e impenetrável sintonia, porque só conseguiam pensar uma na outra.
Arabela estava sentada em uma saleta, enquanto tentava ocupar a mente em uma leitura no início das 22h00. Como na manhã daquele dia havia conversado com os pais, passando todos os acontecimentos, desde os dias folga de Elisa até o que resolveram sobre a empresa e seus negócios, Arabela apenas recostou sua cabeça no encosto da poltrona e não saiu dali pelos próximos vinte minutos, nem recebeu ligação algum pelas próximas horas.
― Eu poderia sair para beber alguma coisa. Poxa! É sexta à noite ― murmurou, a si mesma ― Como é mesmo o telefone da Carol?
Falar sozinha era o que sucederia nos próximos momentos ali. Aquela mulher aventureira, galanteadora e agitada, se via agora presa em um torturante e melancólico tédio. Não sabia o motivo pelo qual estava assim, mas só conseguia se afundar cada segundo mais nesse sentimento.
Levantou-se em um movimento súbito, rumo ao celular, que estava sobre a mesa à esquerda do cômodo. Começou a buscar o número de telefone de sua amiga, para que pudesse se distrair, mas parou seus olhos sobre o móvel à frente. Quem ela queria enganar? Não havia motivos para sair, porque vontade não tinha, menos ainda energia. Seu humor não era dos melhores, e, enquanto segurava o objeto, pensou no quão sinuosa estava aquela situação. Odiava se permitir demais, pois sabia que aquilo aconteceria.
― Droga, Arabela! O que deu em você?
Ela jogou o aparelho eletrônico na poltrona onde estava e deixou a saleta. Caminhou lentamente entre o móveis, passando pelos corredores, até se entregar à mente agitada.
Balançou a cabeça e suspirou.
Não tinha porquê ficar assim, mas ficava. A última vez que esteva perturbada por uma mulher que a sugou de todas as formas, as coisas saíram muito mal. Amou-a com tanto zelo que chegava a dar pena. Agora a nossa criatura proibida fazia o mesmo, porém estava ainda pior.
Falcão, àquela altura, não estava diferente. Pensava tanto que ficava sem ar. O sufoco em seu peito sucumbia a sua razão para se livrar daquelas lembranças. Pobre Elisa! Era tão dramática a sua situação. Desejava, mas tinha medo de desejar, porque sentia mais medo ainda do que pensariam dela quando soubessem. Imagine só se os pais, os irmãos, sogros e amigos descobrissem os seus atos? E se Aurélio descobrisse? E quando todos eles descobrissem?
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Elisa proibida
RomanceComedida, tímida e muito educada, Elisa é Diretora financeira de uma das maiores empresas de cosméticos femininos do Brasil e Europa, sendo também a maior produtora de comerciais. Por decisões do destino, a jovem executiva conhece a filha dos chefes...