A senhora Viscenza entrou no escritório da presidência, vociferando críticas contra sua nora; e deixou Arabela sem saber como reagia às falas de sua mãe. Juliana estava bufando pela forma como Melissa a tratou, tendo consigo uma mágoa que ficaria fixada em sua mente por longo tempo.
A filha se sentou na mesa principal e passou a observar a mais velha de forma silenciosa, pensando no que poderia dizer, pois, assim como nas demais vezes, corria o risco de escutar um discurso durante duas horas ou o dia todo, e, naquele instante, apenas recostou-se na cadeira e esticou suas pernas tentando achar uma posição confortável; e pobrezinha, ficou quieta ouvindo as frases firmes, sem poder defender uma nem outra.
— Não vai falar nada, Arabela? — indagou Juliana, abrindo as mãos em questionamento.
— O que você quer que eu fale?
— Reaja, minha filha! Vai deixar que essa mulherzinha me destrate assim?
— Mãe, por Deus — esfregou a testa. — O que foi que aconteceu exatamente? Do nada ela te destratou?
— Não foi do nada, Arabela! Sua namorada não me respeitou nunca desde que vocês começaram essa farsa de namoro. Te digo uma coisa: se essa menina faz isso agora, imagina quando, por infortúnio do destino, vocês se casarem?! Será o fim da minha paz.
— Me conte o que houve para que eu possa opinar!
— Pois bem... assim como eu disse, decidi aparecer aqui, pois seu pai me infernizou a noite inteira para que eu soube o que está se passando na empresa. Quando cheguei, aquela mocinha, secretária da Elisa, me disse que você não havia chegado ainda e que não sabia o horário; como eu tenho um compromisso às dez, decidi ligar para você, mas que ideia infeliz que tive! — declarou ela, em uma voz carregada por desconforto. — Seu telefone estava desligado, então inventei de ligar no seu apartamento, e para o meu azar, Melissa me atendeu. Quando ouviu minha voz, parece que estava falando com o próprio demônio.
— Qual a parte que ela te destratou? — disse já impaciente.
— Perguntei a ela se estava tudo bem e se nos visitaria. Como se isso fosse uma pergunta que a mataria. Então ela me disse: "Não sei, Juliana, tenho muitas coisas para fazer, então quando me sobrar um tempo apareço na sua casa."
— Foi isso o que ela te disse? — indagou revirando os olhos enquanto suspirou pesadamente.
— Não, Arabela, não foi só isso! Eu a questionei do porquê ela não havia nos visitado nos dias em que você foi, então ela me respondeu em um tom debochado e indiferente: "Porque eu tenho outras coisas para fazer, Juliana, não estou com tempo livre para tricotar". Acredita que ela me falou isso? — contou a mais velha, com a mão no peito se sentindo injustiçada.
No momento que Arabela ouviu a declaração de sua mãe, ficou extremamente desconfortável, pois sabia que sua namorada era, de fato, capaz de dizer isso e outras coisas mais para Juliana. A Presidente já presenciou brigas terríveis entre as duas, então aquele só era mais um momento que entraria para a coleção de desavenças das mulheres.
— Ela falou isso para você? Tricotando?
— Sim, exatamente com essas palavras, em um tom sarcástico e desrespeitador. Ela me chamou do que? De desocupada, fofoqueira? Essa menina diz que gosta tanto do seu pai, mas sequer foi vê-lo. Estou muito magoada, Arabela! — exclamou ela, cruzando os braços. — O que tem a dizer sobre isso?
— O que tenho a dizer é que vou conversar com ela e pedir para que peça desculpas a você. Não foi nada legal da parte dela ter feito isso.
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Elisa proibida
RomanceComedida, tímida e muito educada, Elisa é Diretora financeira de uma das maiores empresas de cosméticos femininos do Brasil e Europa, sendo também a maior produtora de comerciais. Por decisões do destino, a jovem executiva conhece a filha dos chefes...