Arabela ficou impregnada nas lembranças de Elisa como uma cola resistente e indestrutível. Quando tinha a certeza de que não a veria, ela surgia lenta e silenciosa na porta de sua sala, a princípio com um assunto referente aos relatórios de finanças, mas logo dava um jeito de trazer outro tipo de diálogo bem mais sugestivo à frente.
Depois da saída da senhora Viscenza da empresa, elas não se encontraram mais até o meio daquela tarde. Tudo se estendeu como se nada tivesse acontecido, tendo o disfarce e profissionalismo da senhora Falcão. Ela distanciava seus olhos quando os da Presidente a observavam, tendo, algumas vezes, a aproximação da jovem executiva. Talvez a sua sanidade estivesse em seu lugar novamente, fazendo com que se lembrasse de quem era ou de que caminhos pertencia.
No fim da tarde, enquanto o expediente se encerrava, não houve nada em especial para que possamos discutir, apenas mais algumas trocas de olhares, sorrisos e despedidas. A noite se desenvolveu num vento forte e uma leve chuva, já que o inverno estava para chegar.
A senhorita Viscenza via cada vez mais a distância entre sua namorada e ela. Percebia que sequer tinham aquele clima fervente e instigante de antes, pois as certas circunstâncias esfiaram tudo.
Houve o início do dia. Elisa estava sentada em sua cama enquanto abotoava sua camisa cor de vinho. Aurélio ainda descansava, pois havia amanhecido indisposto para trabalhar. Ela então pausou seus olhos sobre o marido que dormia serenamente. Enquanto ela passava os botões no punho, fixou sua atenção na face do homem com quem passara tantos anos de sua vida, trazendo a ela conforto, leveza e paz.
Uma fina ruga foi expressa em seu rosto, pois o que a preocupava era que o senhor Mena sempre foi bom demais para ser machucado pelos pensamentos libidinosos que corriam a mente de sua esposa. Aquele era o momento em que ela se viu em uma linha sinuosa de problemas, pois estava começando a entender ou aceitar que pensava de um jeito diferente, e sentia coisas grandes por sua chefe.
— Quer que eu te leve, amor? — disse Aurélio, se espreguiçando.
Elisa estava colocando os sapatos quando ouviu aquela voz rouca invadir o cômodo.
— Não se preocupe, meu bem. Hoje você deve descansar, pois dormiu muito mal. Fique em casa e não se preocupe!
— Tem certeza?
— Absoluta! Mantenha-me informada de como você está. Logo retornarei. — exclamou ela, carinhosa e preocupada. Elisa aproximou-se da cama e beijou o rosto de Aurélio, sentindo suas mãos grande percorrem as suas que eram delicada e pequenas. — Me ligue se precisar de algo, está bem?
— Não se preocupe. Logo estrei bem.
A senhora Falcão deixou sua casa, enfrentando a lentidão do trânsito da capital. Verificou todos os documentos que estavam dentro de sua pasta para se certificar de que não havia esquecido nada. A apresentação era de suma importância, já que reuniria todos os acionistas na empresa naquele dia.
Cantarolava as canções que tocavam no rádio do carro, buscando observar atentamente a direção. Ao se aproximar da Lamoncler, avistou uma bela loira de andar flutuante e belíssimo. Era como se a sintonia dos tempos entrassem em exatidão, fazendo com que chegassem juntas.
Arabela estava linda. Seus cabelos estavam presos em um coque alto feito de uma forma despojada e graciosa. A Diretora olhou com tanta atenção para aquela figura que estava à frente que sequer percebeu quando sua secretária se aproximou da porta e tocou no vidro. Elisa saltou como se estivesse fazendo algo de errado.
— Ai, Núbia, — disse ela. — Quase me matou de susto.
— Desculpa.
Vendo o riso da jovem, Elisa revirou os olhos, pegou sua pasta e deixou o automóvel. Mirou discretamente a mulher que vinha em sua direção, disfarçando que seu coração se acelerou.
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Elisa proibida
RomanceComedida, tímida e muito educada, Elisa é Diretora financeira de uma das maiores empresas de cosméticos femininos do Brasil e Europa, sendo também a maior produtora de comerciais. Por decisões do destino, a jovem executiva conhece a filha dos chefes...