Marreta
Já estava com os punhos cerrados, eu olhava com raiva para os moleques ali daquela boca, e cada um me olhava com certo medo, o Bolão já havia me chamado e falado que não daria para invadir agora, e eu liguei foda-se e mandei a real que se eles não forem comigo eu vou sozinho.
Catei meu fuzil e coloquei nas costas, o Juninho me olhou e catou seu fuzil também.
Juninho: To junto com você cara - Ele bateu no meu ombro e saiu daquela sala.
Outros menores me encararam, e começaram a pegar suas armas, o Bolão balançou a cabeça negando.
Bolão: Se eu morrer te levo junto filha da puta - Ele pegou sua arma e me encarou, dei risada.
- Se fosse tua mulher e seus filhos lá, tenho certeza que faria igual - Ele concordou.
Bolão: Então é isso tropa, a missão é pegar á mulher do mano André e sua filha, e a mulher do Marreta com suas crias, não quero corpo mole, quem quiser amarelar já manda a real e fica por aqui - todos saíram da sala e ficou só eu e o Bolão.
- Muito obrigado - Bati no ombro dele e ele abriu um sorriso.
Bolão: Somos irmãos - Saímos dali e cada um foi para um carro, meu coração estava apertado pra caralho, tinha medo do pau no cú do Vtinho fazer alguma coisa com a minha família.
Estávamos perto da entrada da Rocinha e de lá eu conseguia ver vários caras de facção rival, meu sangue fervia com isso, papo reto.
- Olha aqui - Virei o rosto para os caras que estavam junto comigo no carro - Qualquer um que aparecer na frente, pode meter bala. Quero neguinho nenhum machucado também, cada um protege um - Eles concordaram e foram saindo do carro.
Chamei um menor bom de tiro para ir comigo, a gente foi entrando por umas vielas e metendo tiro em qualquer um estranho.
- Tu vai na casa principal, a mina do Dedé tá lá - Ele me encarou.
Jtape: Tá doido ? Lá deve estar cheio de cara, vou morrer rapidinho.
- Ta de viadagem agora ? tu vai e pronto, pula o muro da casa dos fundos e no quintal perto da piscina tem uma portinha, lá da entrada para o porão, tu se vira para tentar entrar na casa e tirar elas de lá - O cara esfregou as mãos no rosto e concordou - Se acontecer alguma coisa com elas, tu sabe oque o Dedé é capaz de fazer né? Ele vem até do inferno só para te matar - O menino engole no seco e sai correndo para onde eu expliquei.
Vou caminhando de vagar pelas vielas e ali tinha vários corpos a maioria era de moradores, enxugo algumas lagrimas que caem, me dói de mais ver isso, os moradores daqui da favela é como se fosse parte da nossa família, mas isso não vai ficar assim.
Olho de relance para as portas de fundo da minha casa, elas estão fechadas e não tem ninguém por ali, entro devagar e vou olhando em cada comodo, está tudo no silencio, por ultimo vou no quartinho que eu fiz, passo pelo corredor onde da caminho para o porão, de longe vejo uma sombra, eu tinha certeza de quem era, vou para trás de umas caixas e escuto.
Vtinho: O Marreta não é burro de entrar aqui na Rocinha Talita, então é melhor você abrir essa porta por bem - Ele parecia impaciente.
Caminho devagar pelas caixas e por umas pratilheiras, pego minha glock e em um movimento rápido mobilizo o Vitor que me olha assustado.
- Me diz quem é burro filha da puta do caralho - Encosto minha arma na sua cabeça.
Será o fim do Vitor ?
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