Capítulo 18: Golden [1]

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Assim como Noah lhe dissera, no dia seguinte, após o anuncio de seu noivado com o Duque, Liana começou a receber inúmeros convites de nobres convidando-a para reuniões de chá, banquetes e festas. Antony olhava para tudo com extrema felicidade ao perceber que finalmente sua família poderia se tornar famosa em Londres não apenas pelos seus negócios, mas também pelas pessoas com quem se relacionariam, entretanto ao indagar a Liana para qual festa deveria enviar uma resposta sobre sua presença, ela se negou, afirmando que não estava disposta a ir para uma festa ainda, e que somente iria aparecer em reuniões de chá.

― Minha querida, está é uma oportunidade que não irá surgir duas vezes – A aconselhou – Finalmente poderemos alcançar os céus. – Seus olhos brilhavam ao falar tais palavras sem se dar conta do olhar de desgosto dela. ― Somente desejo que minha filha tenha um futuro brilhante.

Todo o desgosto estampava a face de Liana sem ao menos simular o que sentia, meneou a cabeça diante das palavras de seu pai. Ela não se importava como as pessoas poderiam olhar para ela ou sua família, e muito menos se importava com o que seu pai desejava para ela. A única coisa que passava pela mente da jovem era permanecer viva e ter uma vida tranquila. Uma vida que em que não fosse morta pelo homem com quem iria se casar.

― Não pretendo usar o nome da família do Duque para fortalecer seus laços comerciais – Anunciou sem hesitação, pois seu plano era separar-se de Noah em pouco tempo, e tinha plena consciência que ele não permaneceria calmo ao descobrir que alguém usaria seu nome para enriquecer. ― O senhor, meu pai, conseguiu tanto trabalhando sozinho, como agora parece tão ansioso ao insinuar usar o Duque em seu próprio beneficio? O Duque é um homem irracional. Ele pode tanto odiar como não se importar ao descobrir que estou fazendo algo assim, mas o que poderia acontecer se ele realmente odiar? Ele pode destruir nossa família sem hesitação. O Duque Noah não é uma pessoa que pode ser usada pelas outras. ― Suas palavras trouxeram a racionalidade de volta para Antony, o qual concordou apressadamente. ― Hoje irei ao imóvel que aluguei para organizar tudo – Informou, mentindo sem demonstrar remorso. Liana desejava se encontrar com Declan a fim de obter informações e em seguida poderia ir até o imóvel que havia comprado, se não se sentisse cansada. Ela precisava deixar tudo organizado o quanto antes. ― Sobre o empréstimo – O relembrou sem jeito.

― Basta falar o valor que deseja que irei lhe emprestar o dinheiro – Disse consciente que jamais iria pedir aquele dinheiro em retorno. Ele não se importava com o valor contato que ela fosse feliz. E mesmo que para isso precisasse mentir, dizendo que era um empréstimo, quando na verdade estava lhe dando, ele não se importava. Liana agradeceu antes de falar uma considerável soma. ― Quando retornar o dinheiro estará a sua disposição – Sua voz calma fez com que ela suspirasse aliviada. Antony aproximou-se, abraçando-a calidamente. ―Estou orgulhoso por ter uma filha como você.

Suas palavras ressoaram na mente da jovem sem perceber o quanto Liana ficou emocionada por escutá-las.

***



Declan não se considerava um homem emocional ou impulsivo, contudo desde a primeira vez em que seus olhos repousaram na jovem sentada a sua frente, não conseguiu conter uma estranha sensação de conforto e desejo de protegê-la. Em seus trinta anos de existência nunca pensou em proteger alguma mulher, pois para ele, todos devem ter o poder para proteger a si mesmo, porém Liana Van Turner, a misteriosa jovem que demonstrava fragilidade ao mesmo tempo em que o olhava desafiante fazia com que se sentisse incomodo. Por mais que Declan tentasse compreende-la, não conseguia, e se viu desistindo no instante em que ela o convidou para ser parte de seu negócio. Indo contra o seu próprio bom senso começou a comprar algumas tortas e bolos sempre que recebia uma mensagem dela avisando que iria visita-lo.

― Precisa me contar onde consegue achar esse bolo – Liana elogiou ao elevar mais um pedaço até seus lábios, deleitando-se com o doce sabor. ― Ah! Conte-me sobre o recrutamento, como está indo? – Sua pergunta era repleta de expectativa ocasionando um sorriso no rosto do investigador.

― Não precisa se preocupar. A partir de hoje podemos afirmar que temos olhos na policia, sete investigadores a nossa disposição e muitos olhos pela cidade. – Disse contente ao ver o olhar dela brilhando. Naquele momento, Declan pensou que somente Liana poderia ficar tão feliz diante de uma situação como aquela. ― Quando iremos vender a primeira informação?

― Hoje – Anunciou ao olhar para ele com determinação. ― A primeira informação será vendida para uma pessoa que tem o poder de espalhar as noticias tão rápido quanto um fogo pode se alastrar em um estabulo. – Seu comentário fez Declan pensativo, indagando-se que tipo de pessoa poderia ser tão rápida. ―Obviamente estou falando de uma mulher que pensa apenas em tolices. O seu nome é senhora Watford, ela é casada com um respeitado general da marinha, mas isso não a impede de percorrer a cidade todos os dias. Ela é apaixonada por rumores, principalmente sobre infidelidade. ―Declan assentiu, temeroso sobre o tipo de informação que venderia para alguém assim ― Obviamente iremos vender a informação sobre o filho bastardo de seu marido. – Sorriu largamente.

―Isso é um pouco... – Calou-se ao desviar o olhar. Ele não se considerava uma pessoa correta e seguidora dos bons costumes, entretanto ao pensar no destino que criança poderia ter, sentiu-se lamentável. Declan sabia que em casos como aquele, as crianças eram assassinadas sem hesitação.

― Não iremos envolver a criança – Liana decretou sem deixar que o sorriso desaparecesse de seu rosto – Mas precisa entender que neste mundo onde a informação é valiosa, não importa se é uma criança, um idoso ou um bandido. Precisaremos trabalhar com todos, pelo menos no inicio. Não podemos escolher clientes ou optar não vender informação para alguém até conseguirmos um lugar respeitado. Consegue compreender? – Declan assentiu. Ele conseguia entender o pensamento dela e em seu intimo concordava, entretanto ainda era difícil abandonar velhos hábitos de quando era investigador da policia. Ele sempre havia respeitando a lei. ― Mas lhe prometo que não forneceremos informação sem averiguar as pessoas antes.

― Como assim?

― Não vamos fornecer informações aleatoriamente. Antes de vender qualquer informação vamos verificar os antecedentes das pessoas e fazer o possível para que pessoas inocentes não sejam feridas. ―Ele a olhou com admiração. ― Irei lhe enviar um bilhete com as informações necessárias e algumas roupas que sejam adequadas ao seu tamanho. Preciso que seja charmoso e misterioso quando se encontrar com ela.

― Não precisa se preocupar – Garantiu antes de indagar o que tanto lhe instigava ― Percebi que tem mais duas pessoas ao lado de sua carruagem. Algo aconteceu? ― Seu olhar pousou no semblante dela ― O Barão, imagino ― Ela assentiu. ― Não precisa se preocupar. A data em que ele desaparece se aproxima. Já falei com alguns colegas que irão me ajudar.

― Obrigada – Agradeceu com sinceridade, sorrindo ao levar mais um pedaço do bolo até sua boca.  

CONTINUA...

Liana [Degustação]Onde histórias criam vida. Descubra agora