[2] A Mala de Newt Scamander

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Erina teve uma tarde e noite extremamente cansativa. Fora obrigada a ser manequim para que sua mãe pudesse costurar o vestido que iria usar no Torneio Tribruxo das Américas e estava com os braços erguidos há minutos, dando diversas cãibras e formigamentos. Ainda não entendia no que seria útil usar uma veste que não serviria de nada para lutar contra basiliscos ou em um campeonato de transfigurações. Agulhas lá, alfinetes para todos os cantos e espetando sua pele e muito brilho. O vestido era de seda azul marinho com babados transparentes azulados e a estampa era de constelações que brilham conforme a temperatura ambiente — um detalhe que a senhora Thompson sofreu para aprender.

— M-mamãe... precisa mesmo de tudo isso?

— Claro, Erina. Você não vai para a festinha dos seus amiguinhos da escola. É um evento mega importante, filha. Não pode ir de qualquer jeito...

— M-mas este vestido está muito apertado...

— Acho que exagerei nos alfinetes. Vou dar uma aumentada na cintura.

Erina olhou para o espelho e havia adorado os detalhes finais que sua mãe havia feito perto do busto com um tomara-que-caia firme e cheio de constelações. Aquele era o detalhe preferido da menina que amava o Universo e as estrelas — tanto que sua matéria favorita em Hogwarts era Astronomia seguida de poções por motivos óbvios.

— Gostou querida?

— F-ficou maravilhoso mamãe, mas não precisava destes brilhos. Poderia ter feito um vestido de constelações sem toda essa parafernália. A senhora deve estar muito cansada.

— Quero que seja a menina mais linda do baile do torneio. Um pouco de brilho não faz mal para ninguém.

Pelo menos no dia seguinte poderia ver o professor Snape na casa de repouso e esquecer todas as picadas que levara durante a tarde e parte da noite. Após o jantar, Erina subiu as escadas para ir ao seu quarto dormir. O vestido de primeira mão já estava confeccionado e pronto para ser usado. Era como se todas as estrelas do Universo estivessem grudadas em um único pedaço de pano.

— Espero que o Sevinho goste.

Após pegar o vestido e guardá-lo dentro da mala para o próximo ano letivo, olhou para sua estante de livros e localizou o Magia Muy Maligna, livro a qual possui feitiços de magia negra altíssimo e perigoso, confiscado por Dumbledore assim que Voldemort apareceu. Erina achará-o no Depósito de Coisas Inúteis enquanto procurava pistas do assassino de grifinórios no ano passado nas masmorras, e no penúltimo dia de aula o diretor pediu para que ela guardasse com a própria vida aquele livro.

Erina não escondia que queria ficar com ele desde que o encontrou, mas devido a sua forte carga negativa — e ao lamúrio atormentante que o mesmo soltava após ser fechado e aberto em certos tópicos — não conseguia sequer olhar para aprender alguns feitiços. Acreditava que, por ser ainda jovem, não teria a coragem necessária, mas queria mudar isso. Erina foi até a estante e o pegou indo para a cama e folheando, mas quando chegou na sessão sobre horcruxes, o livro começou com os lamúrios. Choros tão altos que fez até a senhora Thompson ouvir.

Erina o que está acontecendo aí?

Erina não tinha dito nada a mãe sobre o livro e tinha que dar um jeito de silenciá-lo. Encontrou um baú perto de sua escrivaninha com vários livros usados e o trancafiou lá até que se acalmasse. A senhora Thompson subiu até o segundo andar e abriu a porta do quarto.

— Erina o que foi isso? Parece que ouvi choros...

— Choros? Eu não ouvi nada, mamãe...

— Mas eu ouvi. Estava chorando?

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