Capítulo 28

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Aviso: o capítulo pode ser considerado gatilho para algumas pessoas pois trata de abuso sexual.

TEMARI

Chegamos na Vila da Areia ao amanhecer três dias depois. Kankuro e outros dois ninjas nos escoltaram, receosos de que acontecesse algo comigo, devido ao Ren e a Itsuki também. Alguns suspeitavam de alguma relação entre eles, mas nada foi encontrado até o momento. 

Eu não quis parar para descansar e fomos, então, direto para a Força de Tortura e Interrogação da Vila da Areia.

Matsuri estava na entrada da vila, assim que me viu veio correndo em minha direção. Ela me abraçou e, por causa da sua velocidade ao meu encontro, quase caímos. Ela chorava, berrava na verdade. Gritava pedindo desculpas e dizendo que tudo era culpa dela. Kankuro, seus homens e Shikamaru não sabiam o que fazer para impedir que a Matsuri parasse de chorar. Mas, pelos seus olhares pude perceber que não estavam se importando de fato com a Matsuri, mas sim do choro dela desencadear o meu e acabar não conseguir depor. 

Era isso que eu odiava no mundo shinobi. Ninguém se importava com os sentimentos de ninguém. Eles apenas faziam suas missões e era isso, sem empatia alguma. Isso aconteceu com o Gaara quando criança e, consequentemente, com Kankuro, eu e praticamentos todos que viviam nesse mundo.

Um dos ninjas que o meu irmão trouxe levou Matsuri para longe antes que eu pudesse dizer que nada disso era culpa dela. 

- Vamos?

Perguntou o Shikamaru com um tom receoso, hesitante, doce e com pena ao mesmo tempo. Outra coisa que odiava: pena. Não é empatia, é só uma forma de você subestimar alguém. Mas ele não estava me subestimando, estava vendo o quão eu sou frágil. 

Quantos "mas", não é? Eu estava mergulhada em um oceano de confusão. Não sei se estou triste pelo o que aconteceu, com medo, com raiva, ou outras emoções que sequer conheço o nome. A única coisa que tenho certeza é que eu sinto uma coisa esquisita dentro de mim, um vazio, uma ruptura, algo que estava corroendo cada parte do meu corpo. Dor. Eu sinto dor. 

- Tema? - A voz de Shikamaru me despertou do transe - Tem certeza que quer ir direto pra Força? Acha que consegue? Você não precisa fazer isso agora, não sabe?

- Sim. - Falei tão baixou que eu mesma quase não ouvi. Repeti, então, mais alto e firmeza: - Sim. Se eu não fizer isso agora talvez nunca consiga.

Shikamaru segurou uma das minhas mãos e deu um beijo na costa dela e fomos em direção à Força em silencio. 

- Eu vou avisar que você está aqui e ver se já pode usar o equipamento para acessarmos suas memórias. - Disse Kankuro quando chegamos no prédio. 

Kankuro estava estranho. Não estava com seu humor ácido de sempre. Ele estava sério. Não dizia uma palavra se não fosse extramente necessário, seus corpo tenso e hesitante. Era como se estivesse perto de uma granada. Talvez estivesse mesmo. Talvez eu fosse a granada, pronta para explodir e levar todos comigo. Ele apareceu minutos depois. 

- Está pronta?

Confirmei balançando a cabeça, me levantei e Shikamaru se levantou junto. 

- Eu quero fazer isso sozinha. 

Shikamaru me olhou com espanto.

- T-tem certeza? Sabe, você não precisa. Você tem a mim, o Kankuro, o Gaara...

- Eu quero fazer sozinha. Eu tenho. Sempre tem alguém fazendo tudo por mim nos últimos dias, me vigiando o tempo todo como se eu fosse uma criancinha. 

Eu Não Vou Te Deixar (ShikaTema)Onde histórias criam vida. Descubra agora