Capítulo 36

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TEMARI

― Eu fico uns dias fora e vocês já deixam que Suna seja invadida? ― Kankuro perguntou com um sorriso enquanto se aproximava. ― Imagino quem quer que seja o responsável, não foi inteligente o bastante, deixaram bem óbvio que estavam me vigiando.

― Não é um bom momento para brincadeiras, Kankuro ― respondi com rispidez, apesar de um pouco da tensão ter deixado meu corpo. Peguei o leque e apontei na direção de Gaara. ― As pessoas precisam de nós agora.

Kankuro assentiu e avançamos na direção do nosso irmão. Antes de déssemos o segundo passo, vimos Gaara ser enrolado por peçonhentos e ser picado por todo o corpo. Seu corpo tremia devido a alta dose de veneno de diversas espécies diferentes. Ren e uma mulher de cabelo castanho avermelhado estampavam um sorriso sádico e vitorioso.

Quando, enfim, os bichos soltaram o corpo dele, nós quatro atingimos o chão. Ren e a mulher se assustaram com a nossa chegada repentina. Os dois pousaram seu olhar em mim e ali deixaram, estupefatos, Não posso negar, uma voz dentro de mim gritava para eu fugir dali, fugir dele, mas eu permaneci e devolvi o olhar com superioridade,

Meu coração podia estar acelerado, eu podia querer gritar, correr e me esconder em canto para poder chorar, mas eu não iria transparecer, Tremores começavam a surgir e eu usava toda a minha força para esconder.

Eu não vou deixar que você me parta mais do que já estou.

― Como...? ― Ren começou. ― Sagishi deveria ter te matado! Como você ainda está viva?

A mulher cerrou a mandíbula, com sangue nos olhos ― Como você chegou aqui?

Olhei de relance para o corpo de Gaara, rachaduras apareciam pelo seu rosto e ia descendo para o restante do corpo. Eu sorri, era certo de que o Kazekage não se deixaria ser derrotado por algo tão simplório como isso. Aos poucos, a armadura de areia caia. Gaara tinha um plano, ele sempre tem um ― estavam concentrados demais em mim e Kankuro para notar isso ― eu ergui o queixo, abri o leque e disse:

― Somente idiotas para acreditar que alguém do clã Kazekage fosse morto por tão pouco.

Eles se entreolharam confusos, mas a mulher fez um selo com as mãos e cobras, escorpiões gigantes e aranhas brotaram do chão. Milhares de estacas de vidro surgiam ao nosso redor, todas apontadas diretamente para nós. Ao mesmo tempo que eles vieram ao nosso encontro, eu abanei o leque arremessando as estacas de vidro para alto e, com outro movimento do leque, fiz com a rajada de vento as direcionasse para as montanhas ao redor ― uma região sem pessoas para se ferir.

Kankuro lutava com Ren. Ele usava cinco marionetes ao mesmo tempo. Tinha de lidar com os chicotes dele além das armas de vidro que surgiam a todo instante.

Shikamaru usou seu jutsu das sombras para paralisar e perfurar os animais. Suor escorria pelo seu corpo por ter que ficar tão concentrado com bichos enormes ao mesmo tempo em que tinha que ficar atento para com os menores que poderiam surgir próximos de nós ― o que não era pouco frequente. Ele ainda tentava esticar mais a sombra na direção da mulher de cabelo castanho avermelhado que lutava com Ino. Enquanto ninguém a parasse totalmente, os peçonhentos continuariam a surgir.

Ao mesmo tempo que Ino e a mulher lutavam corpo a corpo, a segunda continuava a comandar bichos. Essas coisas não acabavam nunca? Eu me juntei ao Shikamaru para lidar com eles. Lançava para o alto e os cortava.

Uma explosão soou atrás de nós, na região noroeste, devastando dezenas de construções, casas e lojas,

E então mais uma.

E mais outra.

Várias explosões surgiam pela vila. Tanto estrago, vidas sendo perdidas.

― Vão embora! ― Gritou Ren. ― Saiam da vila e isso acaba. Ninguém mais vai precisar se ferir, é só vocês irem.

― O demônio já foi ― a mulher ao seu lado disse ― , nosso alvo principal era ele. Sumam e vocês viverão. As pessoas daqui não precisam de vocês. Quero que vocês convivem com a dor da perda.

― De quem precisam então? ― Perguntei me aproximando. ― De pessoas que assassinam para ter poder?

― E O QUE VOCÊS FIZERAM? O QUE GAARA FEZ? ― Berrou Ren, seu rosto vermelho de raiva e com veias saltando do pescoço e testa. ― Ele não matou uma pessoa ou duas. E ELE NÃO FOI O ÚNICO! Seu pai também o fez, mais de uma vez, durante o tempo que estava no poder, Diversas pessoas morreram pelas suas mão enquanto ele ainda era uma criança. Tem noção disso? Crianças perderam seus pais e os pais seus filhos! Já imaginaram o que é para uma criança não ter o que comer e ter de abandonar sua infância para trabalhar e conseguir sobreviver?

Um tremor e um vento frio passou pelo o meu corpo, a lembranças e dor atingiram meu coração. Eu tinha que acabar com isso logo. Era o meu dever.

― Eu tenho completa noção disso. ― Eu disse mais para mim do que para eles. Eu levantei a voz e disse para Shikamaru e Ino. ― Vão na direção das explosões. Ino cuide dos feridos, faça tudo o que tiver seu alcance para salvar suas vidas. Shikamaru, você sabe o que fazer,

Ino soltou um som engasgado da garganta, com se estivesse preocupada de nós não conseguíssemos lidar com Ren (com os dois ali não estava sendo a coisa mais fácil do mundo) e a outra e estivesse indignada por eu ser idiota a ponto de dispensar ajuda.

Shikamaru abriu a boca para protestar, mas eu olhei nos olhos como se dissesse: "não nos subestime". E ele: "tome cuidado".

Ele se virou e foi. E fiz uma anotação mental de mais um motivo para eu amá-lo, ele não tornava as coisas mais difíceis do que já eram, ele sabia o que fazer,

Dizer para ele ir não foi fácil como eu fiz parecer. Por dentro eu gritava para ele ficar e me ajudasse. Que sem ele eu não iria conseguir. Que eu precisava dele para me salvar.

Mas eu não fiz isso. Têm batalhas na vida que temos que travar sozinhos. Às vezes não importa o que façamos com um ferida, o que fazemos não é o bastante. Em algum momento, nosso corpo sozinho irá lidar com isso.

É a mesma coisa com Ren, eu precisava enfrentá-lo sozinha, e meu povo dele.

Eu avancei com o meu leque aberto na direção de Ren e ele lançava cacos de vidro vindo da areia aos meus pés aos mesmo tempo que vinha até mim com seu chicote.

Eu Não Vou Te Deixar (ShikaTema)Onde histórias criam vida. Descubra agora