Capítulo 6

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Uma semana depois de começar a sair com Chaz no acampamento, nós estávamos deitados um ao lado do outro, na grama, mirando o céu. As pessoas já tinham ido dormir há uns trinta minutos, ou talvez já tivesse se passado uma hora. O tempo ao lado dele parecia parar. ou andar muito devagar. Eu e ele deveríamos ter ido dormir, mas nenhum dos dois estava a fim de ir para o quarto.

Então, observamos todo mundo ir embora e nos deitamos na grama; já não havia mais chamas na fogueira. Éramos apenas nós dois sob a luz do luar. Sei como isso deve soar brega e clichê, mas foi exatamente assim que aconteceu. Olhei para ele, com o rosto um pouco distante do meu, e observei seu perfil. Meu coração acelerou. Minhas bochechas coraram quando Chaz percebeu que eu o observava.

Agradeci ao escuro por ele não poder ver como me deixou sem graça, envergonhada. Respirei fundo. Ele apoiou uma mão atrás da cabeça e voltou a encarar o céu estrelado.

– Em que você estava pensando? – perguntou sem olhar para mim.

Quase respondo "em você", mas eu não poderia responder isso. Preferi mentir a dizer a verdade:

– Em nada?

– Em nada? – repetiu com o cenho franzido, olhando para mim.

Assenti com a cabeça.

– Por que é tão difícil acreditar nisso? – indaguei, mordendo o lábio.

– Porque você parecia estar pensando em alguma coisa.

– Mas eu não estava – falei rapidamente, entregando minha mentira. Chaz não insistiu. Se eu quisesse contar para ele, contaria. – E você?

Ele sorriu com os olhos marejados, olhando para o céu mais uma vez.

– Estava pensando em casa, nos meus amigos – respondeu com um suspiro.

Senti um aperto no peito. Ele estava comigo, mas estava pensando em outras pessoas, em outro lugar. Ele percebeu o que eu estava sentindo através da minha expressão, porque não tardou a dizer:

– Não é que eu não esteja gostando daqui, nem de você... – sua voz falhou. Mais uma pontada.

Respirou fundo, passando as mãos no rosto.

– No início, eu não queria vir, mas meus pais praticamente me obrigaram. Já que minha irmã, Cindy, queria passar o verão com nossos tios, na Europa, eles decidiram que seria legal se livrar de mim também. Sabe... ter a casa só para eles por uns dias, já que nossa casa sempre está cheia, mas normalmente é por causa da minha irmã. Ela gosta de dar festas a todo momento...

Ele parou por um instante, pensativo. Não o interrompi, deixei que me contasse o que quisesse no seu devido tempo.

– Mas sinto falta dos meus amigos. Tipo... Antes de conhecê-los, eu vivia sozinho. Ou quase sozinho. Ia para as festas da minha irmã, porque, claro, eram na minha casa, mas não era algo que eu gostava de fazer. Não estou dizendo também que não tinha amigos, que vivia sozinho, não é isso.

"Mas, no geral, além de Ethan, eram apenas colegas. Nunca me senti como se pertencesse a algum lugar. É assim como me sinto quando estou com meus amigos. Quando os encontrei, minha vida mudou completamente. Nunca fui tão feliz como sou agora, e sinto falta deles"

Algumas lágrimas escaparam de seus olhos. Ele as enxugou.

– E, então, meus pais me impediram de passar o verão com meus amigos, com as pessoas que consigo me sentir eu mesmo, entende? Mas aceitei vir, porque eles eram meus pais, e talvez soubessem o que era melhor para mim mais do que eu. Quando cheguei aqui, me senti muito deslocado, apesar de não parecer. Fiz amizade rapidamente, mas sei que, quando eu for embora, não manterei contato com nenhum dos caras daqui. Acho que a única pessoa que posso realmente ser eu mesmo é você.

Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]Onde histórias criam vida. Descubra agora