– Faltam apenas duas músicas para acabar o show, mas isso não significa que vocês devem parar de se divertir. Não sei que horas são, mas a noite é uma criança, ainda temos tempo de criar memórias – anuncia Tori ao microfone. Está suada, assim como os garotos, e sorridente também. Aumenta um pouco o tom de voz: – Façam esse dia durar, façam esse dia viver para sempre!
As pessoas gritam e aplaudem. Há celulares gravando tudo, mas a maioria das pessoas está realmente vivendo o momento, gravando-o na memória, e não no telefone. Sorrio. Estou suada. Meus amigos todos estão. Até mesmo Cindy – no início, ela se conteve; depois, aos pouquinhos, foi se soltando. Pulamos, dançamos e gritamos. Fomos para o meio da multidão.
– Agora, vamos tocar uma música da minha banda favorita – continua, sua voz voltando ao tom normal, apontando para a própria camiseta. Maroon 5. No meio do show, várias músicas após a favorita de Kyle, eles tocaram Yellow, da banda Coldplay, que é a favorita de Chaz. – Preparem-se para balançar o corpo ao ritmo de Daylight!
As pessoas gritam. Eu grito. Adoro essa música, e quase todas as outras da banda Maroon 5 – ou talvez eu goste de todas. Sorrio e ergo os braços, gritando, assim como as pessoas ao meu redor. Nesse momento, nos sentimos como uma só pessoa. Eu me sinto, pelo menos.
A música começa. A voz de Tori ecoa. Quando ela começa a cantar, percebo que está chegando ao fim. O show está prestes a terminar. Essa semana está prestes a acabar. Lágrimas tomam conta dos meus olhos. Estou chorando e estou sorrindo. Estou feliz e estou triste. Estou triste porque não quero ir embora, não quero me despedir de nenhum deles. Mark já se foi, agora serão os outros...
This is out last night but it's late.
And I'm trying not to sleep.
'Cause I know, when I Wake
I will have to slip away.
Tenho que admitir que meus amigos escolheram as músicas perfeitas para os momentos perfeitos. Tenho que admitir que gosto das músicas deles, e me pergunto como não conheci a banda deles antes. Aparentemente, quase todo mundo ao meu redor os conhece. Durante as músicas de Captain, My Captain, noto que a maioria das pessoas sabe a letra, assim como a maioria sabe a letra das músicas de Maroon 5.
Fico feliz por eles estarem sendo reconhecidos. Fico feliz por tudo que conquistaram. Fico feliz por conhecê-los.
Quando a música está prestes a terminar, alguns minutos depois, sinto um aperto no peito. Sei que está chegando ao fim. Tudo isso está acabando. Preciso me conformar que, amanhã – ou mais tarde, não sei que horas são – estarei em casa. Preciso me conformar que terei que voltar para a realidade, porque nada disso parece real. Essa semana inteira parece ter sido um sonho – no início, um pesadelo.
Tento não me abalar por isso. Preciso aproveitar o momento, e não vou conseguir aproveitar o momento se estiver pensando no futuro, no amanhã. Não consigo aproveitar o momento pensando no futuro, da mesma maneira que – há alguns dias – não conseguia aproveitar o momento pensando no passado.
Precisamos pensar no aqui e agora. Pensar no passado e no futuro atrapalha o momento, faz com que não o vivenciamos, apesar de estarmos presentes. Pelo menos, em corpo. Mas não em mente.
A próxima – e última – música começa. Nessa música, ao contrário das outras, há momentos em que cada instrumento se destaca. Kyle desliza pelo palco, parando quase ao lado da base do microfone, e toca como se fosse a última vez. As pessoas enlouquecem. Ethan também tem seu momento de glória, assim como Chaz.
A voz de Tori ressoa na troca de instrumentos, porém, quando cada um está no seu momento de brilhar, Tori não canta – apenas observa.
Quando o show acaba, todos os quatro estão suados. Eles se juntam na ponta do palco, entrelaçando os braços sobre os ombros uns dos outros. Eles se entreolham, sorridentes, os olhos brilhantes, e, depois, voltam-se na nossa direção.
– Amamos vocês! – gritam, inclinando o corpo em agradecimento.
As pessoas gritam, aplaudem, sorriem e choram. É um misto de emoções. Elas sabem que está chegando ao fim. Elas sentem.
Nossos amigos ainda estão descendo do palco, quando uma multidão corre na direção deles. Várias pessoas passam ao meu redor, espremendo-me. Faço uma careta, mantendo-me imóvel. Todo mundo está rodeando os nossos amigos, pedindo fotos e autógrafos. Acho que a maioria das pessoas esperou até o último momento para isso, apesar de terem tido a semana inteira.
Suspiro, olhando para Emily e Zoe, que estão ao meu lado.
– Sei que querem parabenizá-los – começa Zoe, virando-se para mim –, mas vamos deixar que eles – aponta para a multidão – tenham um tempinho com nossos amigos. Nós os temos o tempo todo. Podemos dividir um pouco.
Faço uma careta. Não quero dividir Chaz. Não naquele momento. Apesar de ele estar suado – também estou suada, ou seja, será um misto de suor –, quero abraçá-lo e beijá-lo. Mas sei que Zoe está certa, então, aquiesço. Vamos poder ficar com eles o resto da noite.
Acho que uns quarenta minutos se passam, para que a multidão se disperse. Nós nos aproximamos do pessoal. Emily vai na direção de Kyle, abraçando-o e o beijando. Cindy se aproxima, um pouco hesitante, de Ethan. Vejo-a colocar o cabelo por trás da orelha, um pouco tímida, talvez, enquanto ele para na frente dela. Os dois se entreolham e sorriem, talvez um pouco encabulados, talvez sem saber o que dizer um para o outro.
Viro o rosto, porque não tenho nada a ver com isso. Fixo meu olhar no de Chaz. Ele sorri para mim. Eu sorrio para ele. Meu coração acelera. Corro na direção dele e praticamente pulo nos seus braços. Ele me agarra pela cintura. Cruzo as pernas ao redor do seu corpo. Estou presa a ele, e ele está preso a mim, tanto por nossas mãos quanto por nossos lábios.
Eu o beijo. Ele me beija. Isso é tudo que penso e sinto no momento. Por um instante, estou sozinha com ele, até começar a ouvir palmas. Afasto-me de Chaz, franzindo o cenho. Nossos amigos estão ao nosso redor, formando um círculo – todos eles aplaudem; alguns sorriem, outros riem. Sinto minhas bochechas esquentarem. Acho que Chaz também está corado.
Ele me coloca na areia.
– Pensei que vocês também estivessem ocupados – digo, sendo um pouco irônica, apontando para Kyle, Emily, Ethan e Cindy.
– Eles estavam bem – enfatiza Tori, sarcástica, rindo – ocupados, mas eu não estava. Chamei a atenção de todo mundo para o beijo de vocês, o beijo mais romântico e clichê de todos.
Sorrio, balançando a cabeça em negativa.
– Às vezes, um pouco de clichê faz bem – brinco, dando de ombros.
Tori se aproxima de nós, ficando ao nosso lado. Ela coloca suas mãos em nossos ombros – uma no meu, outra no de Chaz.
– Vocês merecem – ela sorri –, sendo clichê ou não.
Balanço a cabeça, respirando fundo.
– Parabéns pelo show! – exclamo, olhando para ela e, depois, virando-me para Ethan, Kyle e Chaz. – Vocês foram incríveis – eu a encaro. Ela sorri de orelha a orelha. – E o que você disse... foi realmente tudo maravilhoso!
Meus olhos estão marejados. Pena que está tudo acabando – isso é tudo que passa e repassa na minha cabeça, como se minha mente estivesse no replay, e não tivesse como eu apertar no pause, ou no stop. Não consigo controlar. Pena que está tudo acabando.
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Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomanceQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...