Não consigo dormir, por isso, decido tomar banho. São umas cinco da manhã. Emily ainda não voltou do seu encontro com Kyle. Fico embaixo da água fria por muito tempo, com os olhos fechados, pensando no que fazer. É quando meu estômago ronca, e sei que preciso comer.
Visto um short e uma blusa. No papelzinho do resort, que fica perto da televisão, avisa que o serviço de quarto vai até meia noite, e começa apenas às sete da manhã, o que significa que terei que descer para comer. Suspiro.
Olho-me no espelho, para meus olhos vermelhos e inchados, para minhas olheiras. Não há maquiagem para esconder o estado que fiquei depois dessa noite. Meu rosto é um mapa do que passei, mesmo que ninguém queira reparar. Estou cansada de me esconder atrás de maquiagem. Estou cansada de me esconder atrás de máscaras.
Pego meu celular, coloco-o no bolso e desço. Não há quase ninguém no saguão. O restaurante está fechado. Ótimo. Vou para a área da piscina e vejo que ainda tem gente no bar. Estão servindo petiscos e bebidas; não é disso que estou a fim, mas talvez seja minha única opção. Meu estômago ronca.
– Está com fome? – ouço uma voz conhecida soar ao meu lado.
Viro-me e vejo Chaz com as mãos nos bolsos do jeans. Ainda está com a camiseta do show. Seus olhos estão vermelhos e inchados, assim como os meus. Também tem olheiras. Tenho uma vaga ideia de como passou a noite, assim como ele deve ter de mim.
Balanço a cabeça em afirmativa.
– Conheço um lugar – diz ele, passando a mão no cabelo bagunçado. – É perto daqui... Se você quiser ir, podemos aproveitar para conversar.
– Tudo bem – é tudo que consigo dizer com o coração disparado.
Ele indica a porta do resort com a cabeça e segue nessa direção. Vou atrás dele, seguindo-o para o lado de fora, para a rua. Nenhum de nós diz nada enquanto caminhamos. Sua mão volta ao bolso, provavelmente, para esconder seu nervosismo. Cruzo os braços, para não demonstrar o meu.
Andamos até uma lanchonete que tem na esquina. É simplesinha, mas vai servir. Ele abre a porta e gesticula para que eu entre primeiro. A porta fecha assim que entramos. As mesas são de madeira – nos cantos do cômodo, são retangulares, e, no meio, circulares. Chaz me leva para uma mesa mais reservada, no canto, mesmo que não haja quase ninguém no lugar.
Assim que nos sentamos, uma mulher surge ao nosso lado usando uniforme – um vestido com um avental. Ela aparenta ter uns quarenta anos. E sorri para Chaz assim que o encara.
– Já está de volta, rapaz? – pergunta com um sorriso. Chaz assente, retribuindo o sorriso. – Dessa vez, não veio sozinho, hein? Qual é o nome dessa moça bonita? – ela se vira para mim.
Minhas bochechas coram. Não sei o que essa mulher considera como beleza, porém, nesse momento, não me sinto bonita.
– Spencer – consigo dizer, olhando para ela.
– Um prazer conhecê-la, Spencer – retruca, aparentemente, sendo sincera. – Vou trazer o cardápio para vocês escolherem o que vão querer. Só um instante.
Ela se vira e segue na direção do balcão. Olho para Chaz, arqueando as sobrancelhas.
– Não é a sua primeira vez aqui?
Ele ri, meneando a cabeça em negativa.
– Nem a segunda. Vim para cá quando precisei me livrar das pessoas... Quando precisei ficar sozinho. – Olha para as mãos sobre a mesa, pensativo. – Eu precisava de um tempo sozinho.
– Mas acho que você não foi bem-sucedido, porque encontrou uma fã aqui – brinco. Isso surpreende tanto a ele quanto a mim. Chaz ergue o olhar na minha direção e dá um breve sorriso.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomantikQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...