Capítulo 29

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– Boa sorte – digo, dando um abraço em Zoe Black, sorrindo, tentando ajudá-la com aquilo de alguma forma.

Ela respira fundo, olhando para a área da piscina ao nosso redor, talvez à procura de Chaz Houston, a pessoa que quer conversar. Ele está sentado na beira de uma cadeira de bronzear, com o cotovelo apoiado na perna e a mão no rosto. O corpo inclinado. Ethan e Kyle estão conversando com ele. Britton está ao lado de Houston, com a mão no ombro do amigo. Os três estão molhados e sem camisa.

– Vou precisar – diz Zoe, encarando-me, sua voz tremendo. Seus olhos estão um pouco vermelhos. Ela chorou por uns vinte minutos, ou talvez eu esteja sendo boazinha, ou talvez esteja exagerando. Não sei. Mas me pareceu muito tempo. – Agora, preciso ir – aponta para trás, para o amigo.

Assinto, observando-a se virar e se distanciar. Meu coração acelera por ela. Passo as mãos suadas no short. Estou tão nervosa quanto ela. Espero que dê tudo certo. Espero não ter estragado a amizade deles. Não sei o que farei se o tiver feito, na verdade.

Observo ela se aproximar dos três garotos. Assim que para diante deles, Ethan parece dizer alguma coisa, o que faz Chaz erguer o rosto e fitar a amiga. Seus olhos se arregalam por um breve momento, antes de ele se levantar e ficar frente a frente com ela. O abdômen sarado e molhado completamente exposto. Isso dificultaria as coisas para mim. Zoe está determinada demais para se preocupar com isso, acho.

Ela cruza os braços, talvez para esconder o nervosismo, e diz algo, o que Chaz concorda. Ethan e Kyle deixam os dois sozinhos e seguem na direção das garotas, conversando entre si, suas expressões demonstrando a preocupação que sentem. Sinto um aperto no peito.

Talvez Zoe estivesse certa. Talvez Chaz não sentisse nada por ela. Talvez seja por isso que os garotos estão muito preocupados. Posso ter acabado com a amizade deles...

– Pensando em coisas ruins? – indaga Derek, parado ao meu lado. Viro o rosto para ele e vejo uma de suas sobrancelhas erguidas. Mordo o lábio e mudo a posição de uma perna para a outra. – Vai dar tudo certo, Spence – passa o braço por meus ombros. Quer demonstrar que está tudo bem, mas seu corpo mostra que ele está tenso.

Meu coração acelera. Sei porque se sente assim, e a culpa é minha. Ele tem medo de que Zoe escolha Chaz. Tem medo de perder a garota que está a fim. Isso me faz sentir péssima, porque meu amigo não costuma se sentir assim em relação às garotas que ele fica. Normalmente, ele só quer se divertir com elas, da mesma maneira que elas só querem se divertir com ele, porque as garotas que ele fica também ficam com outros caras, e Derek não se importa. Ou não se importava, até agora.

Sei que Derek precisa de mim, mas olhar para a escadinha da praia me faz arregalar e gritar o nome de Mark. Será que ainda está esperando por mim? Eu deveria ido me encontrar com ele há... quanto tempo? Droga! Como pude me esquecer?

Agora, meu melhor amigo me encara com as sobrancelhas arqueadas. Por que eu tinha que gritar o nome dele? Explico para Derek o que está acontecendo. Ele me escuta, como sempre. Depois, me manda ir atrás de Mark, o que me faz balançar a cabeça em negativa.

– Por que não?

– Porque você esteve ao meu lado em todos os momentos que precisei – respondo, colocando a mão no seu ombro. – Agora está na minha vez de retribuir.

– Você não tem obrigação de fazer isso, Spence. Sou seu amigo. É para isso que os amigos servem.

– É por isso que tenho obrigação de fazer isso! Você é o meu melhor amigo.

Ele suspira, pensativo.

– Então, nós dois – aponta para si e para mim – vamos ao encontro de Mark.

– Melhor do que não ir ninguém – digo com um breve sorriso.

– Onde e quando vocês marcaram de se encontrar mesmo?

– Na praia. Quanto ao tempo, nem me pergunte.

Pego a mão de Derek e o puxo na direção do mar. Corremos até nossos pés pisarem na areia. Encontro Mark não muito distante de nós, sentado com os joelhos dobrados, checando a hora no relógio. Observo-o suspirar, talvez desistindo de me esperar. Seus olhos estão vermelhos e inchados. As lágrimas, provavelmente, cessaram há pouco tempo.

– Tem certeza de que devo me meter nisso? – pergunta Derek, cruzando os braços.

– Você é mais amigo de Mark do que eu. Então, por que não? – disparo, erguendo uma sobrancelha, virada para meu melhor amigo.

– Talvez ele queira a sua companhia – insiste Derek, dando de ombros.

Balanço a cabeça em negativa.

– Ele não quer a minha companhia. Ele quer a companhia de amigos, é diferente.

– Se você diz...

Puxo Derek antes que ele desista. Sento-me de um lado e Derek do outro. Mark no meio. Coloco a mão no seu ombro.

– Sinto muito pela demora – digo, realmente me sentindo mal por isso. – Surgiu um imprevisto... Eu deveria ter avisado. Mandado uma mensagem...

– Tudo bem – é apenas o que ele diz, ou tenta dizer. Sua voz soa baixa e embargada. Engulo em seco, perguntando-me o que está acontecendo. Seus ombros voltam a tremer. As lágrimas escorrem.

– Não, cara. Não está tudo bem – manifesta-se Derek com sua voz calmante, reconfortante. Mark o encara. – O que aconteceu?

Mark cobre o rosto com as mãos e chora. Em determinado momento, ele cerra os punhos ao redor da areia e grita sem se importar com as pessoas ao nosso redor. Ainda bem que não são muitas. Meu olhar cruza com o de Derek. Ele está com os olhos arregalados. Sobrancelhas arqueadas. A expressão confusa e preocupada.

– Seu pai fez alguma coisa? – as palavras simplesmente escapam dos meus lábios, assim como a areia escapa das mãos de Mark. Ele me encara. – Ou ele tem alguma coisa?

Vejo Mark fazer uma careta e fechar os olhos com força. Imagino que seja a segunda opção. Engulo em seco. Seus olhos cheios de lágrimas me fitam como um cão sem dono. Ele quer ajuda. Ele precisa de ajuda. Minha. De Derek. De todo mundo.

– As duas coisas... – sua voz falha. Derek fica boquiaberto. Tento não demonstrar nenhuma reação, porque Mark está de olho em mim.

– Sobre o que você quer conversar primeiro? Sobre ele ter feito algo? Ou sobre ele ter algo? – pergunto, tocando em seu rosto coberto de lágrimas. Ele fecha os olhos e respira fundo.

– A primeira opção.

Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]Onde histórias criam vida. Descubra agora