Não demoramos muito mais tempo na praia. Ainda molhados, seguimos para o quarto de Tori, com ela nos braços de Kyle. Ela ainda está acordada, mas está um pouco zen, bem quieta, em silêncio, exceto quando está prestes a vomitar. Assim que chegamos ao seu quarto, Kyle a coloca no chão e Tori sai correndo.
Ou tenta correr, porque tropeça nos próprios pés e cai no chão, bem em frente ao banheiro. Ela se arrasta para dentro. Ouço-a vomitar. Faço uma careta, o cheiro do vômito tomando conta do ambiente. Lyle, Emily e Zoe correm para socorrê-la. Os garotos entram e fecham a porta.
Não sei o que fazer. Não sei se elas vão querer que eu as ajude. Cruzo os braços e sigo para o banheiro. Paro à porta, hesitante. Observo Tori com as mãos na borda do sanitário, vomitando, e suas três amigas ao seu redor. Alguns minutos depois, Tori para e se senta no chão. Passa as costas da mão na boca.
– Sinto muito por isso – diz ela com a voz baixa, fechando os olhos. – Minha cabeça está doendo muito... Não sei o que deu em mim. Não bebo assim faz muito tempo.
– Será que isso não tem nada a ver com...?
– Não, não tem, Lyle – interrompe-a Tori, encarando a amiga.
Lyle ergue as mãos.
– Tudo bem. Não está mais aqui quem falou.
Tori tenta se levantar, mas tem dificuldade.
– Preciso tomar banho. E escovar os dentes.
– Seria bom você tomar uma água. Se hidratar – diz Zoe, ajudando a amiga a se levantar.
Tori apenas assente com a cabeça.
– Posso pegar um copo – digo, atraindo a atenção das quatro.
– Isso seria ótimo, Spencer – retruca Emily com um sorriso. – Se você puder, vai ajudar muito.
– Obrigada – agradece Tori, dando um breve sorriso.
Balanço a cabeça e me viro. Vou até a escrivaninha e pego um dos copos de vidro. Olho para o lado e vejo que os garotos estão conversando. Não ouço o que dizem. Kyle me encara assim que percebe que eu os estou observando.
– Como ela está? – pergunta, arqueando as sobrancelhas.
– Está bem, na medida do possível – respondo, suspirando. – Está com dor de cabeça. Ela vai precisar descansar.
Ouço a água do chuveiro ligar.
– Preciso levar isso – ergo o copo – para ela.
Os garotos meneiam a cabeça em afirmativa. Sigo na direção do banheiro. "Isso é por causa dele, não é?", escuto Chaz perguntar, mas não fico para saber a resposta. Chegando ao banheiro, paro ao ver Tori sentada na banheira, ainda vestida, a água molhando-a. Ela está abraçando as pernas dobradas. A cabeça está inclinada para frente. Lágrimas escorrem e se misturam com a água do chuveiro. Isso já aconteceu comigo.
Zoe e Emily estão de pé, na banheira. Elas estavam um pouco molhadas; agora, estão encharcadas. Não sei o que aconteceu para fazer com que Tori reagisse assim. Não a conheço. Não de verdade. Lyle se vira para mim.
– Obrigada – agradece, pegando o copo. – Acho bom pegarmos uma roupa para ela. Você vem comigo, ou vai ficar aqui?
Ela passa por mim e segue para o quarto. Vou atrás dela. Pegamos um pijama para Tori. Lyle volta ao banheiro, mas fico no quarto. Sinto que meu lugar não é lá, com elas. Respiro fundo e me sento na beira da cama, perto dos garotos. Alguns minutos depois, as garotas saem do banheiro. Tori já está vestida. Emily e Zoe estão molhadas. Nós nos levantamos.
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Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomanceQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...