Derek segura minha mão e me guia pela multidão. Esse é o único jeito de chegarmos até a escadinha que dá para a área da piscina. Um pouco antes de irmos embora, eu paro e observo Chaz tocar. A música está chegando ao fim e, quando ele me vê, suas mãos vacilam e uma das baquetas cai no chão.
As pessoas soltam uma exclamação. Seus amigos o encaram – não sei interpretar suas expressões.
– Desculpe, pessoal – diz Chaz ao microfone perto da bateria, inclinando o corpo e olhando para mim. Ele pode estar falando com todo mundo, mas seu pedido de desculpas parece estar voltado apenas para mim. Afasto o olhar. Meu rosto deve estar tão inchado e vermelho que o assustou.
Tori tira o microfone da base.
– Desculpem Chaz, a cabeça dele está focada em uma garota.
E, assim que ela termina de dizer isso, as pessoas riem. Chaz lança um olhar irritado para a amiga, que apenas dá de ombros e volta sua atenção para a plateia. O show tem que continuar.
Meu coração acelera. Não acredito que ele contou o que aconteceu para os amigos dele. Agora Zoe não é a única que sabe. É claro que todos vão rir e brincar da situação, porque não foi com eles que aconteceu. Derek passa o braço por meus ombros e me guia para bem longe dali.
– Pode parar com os pensamentos negativos – sussurra ao meu ouvido. – Pode parar de criar julgamentos na sua cabeça.
Rio, revirando os olhos.
– Está óbvio que ele contou para todos os amigos dele o que aconteceu – digo, afastando-me um pouco de Derek, gesticulando.
– Ele pode ter contado. E pode não ter contado. Quando conversar com ele, você vai ter certeza do que aconteceu. Agora, vamos parar de pensar nele e no que ele fez ou deixou de fazer.
Suspiro, assentindo com a cabeça. Meu amigo volta a andar. Eu o sigo. Olho para os lados à procura de Mark. Quero pedir desculpas pelo drama que fiz e pela noite que arruinei pela falta de confiança em mim e nas minhas decisões.
– Ele saiu com o pai dele – conta meu amigo, percebendo o que estou fazendo. É como se Derek conseguisse ler meus pensamentos.
– Ele me disse que tinha desistido de sair com o pai para ficar comigo – argumento, mordendo o lábio.
– Da mesma maneira que ele deixou de sair com o pai para ficar aqui, ele pode ter deixado de ficar aqui para sair com o pai dele – retruca, dando de ombros. – Esqueça Mark por um instante também, Spence.
– Mas ele saiu com o pai dele por minha culp... – Derek me lança um olhar reprovador. Engulo o resto da palavra que começo a falar.
– A decisão de ir foi dele. Isso não tem nada a ver com culpa. Quer parar de se culpar por um instante? A vida não é feita apenas de vilões e vítimas, Spence. Muito menos de culpa. Se você acha que a culpa vai te colocar para frente, saiba que está muito enganada. A culpa te coloca para trás. Você vai viver na marcha à ré.
Derek respira fundo.
– Tudo bem que você não vai conseguir pular direto para a primeira. Você vai ter que dar uma pausa, usando a embreagem. Uma pausa curta. Ou até uma pausa mais longa. Se precisar de mais tempo, é só colocar no ponto morto. Puxar o freio de mão. Cada acontecimento precisa do seu tempo para ser curado, e não adianta querer apressar as coisas. O que importa é que você não está sozinha nessa. Sua Ferrari tem companhia – aponta para si, dando um breve sorriso.
– Uma Ferrari, hein? – disparo, cruzando os braços e arqueando as sobrancelhas.
Sorrio.
– Como já disse, você é mais valiosa do que imagina – ele passa o braço por meus ombros, puxando-me para perto de si. – Não importa se você está usando uma pausa longa ou curta, o que importa é que você cansou de viver na marcha à ré. Você precisa parar de focar sua vida no passado e passar a viver no presente. Todos nós precisamos.
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Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomanceQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...