Saio do prédio e respiro fundo o ar ao meu redor. Caminho na calçada à procura de uma cafeteria ou lanchonete não muito longe de onde estou. Quero ligar para meu amigo e conversar com ele. Quero encontrar um lugar sossegado para isso.
Entro em uma cafeteria e me sento à uma mesa no canto. Não estou com fome, mas preciso pedir algo para ficar ali. Um café, ou um chocolate quente, qualquer coisa. A garçonete, Anna, vejo seu nome no crachá, anota meu pedido e vai embora.
Com as mãos trêmulas e suadas, digito o número do meu melhor amigo.
– Oi, Spence! – exclama Derek ao atender a ligação, aparentemente, feliz. Talvez seu dia tenha começado melhor do que o meu. Sorrio apenas ao ouvir sua voz, que me acalma. – Como está indo o seu primeiro dia de aula?
Respiro fundo, mordendo o lábio.
– Não está sendo tão bom quanto eu esperava. Sabe... – paro de falar quando Anna vem na minha direção e coloca o cappuccino na mesa. Sorrio para ela e balanço a cabeça em agradecimento. Ela sorri e se vira. – Já me interrogaram sobre Chaz.
Derek solta uma exclamação. Aperto o celular com força, como se isso pudesse trazer meu amigo para perto de mim.
– Mas está tudo bem agora. A professora conseguiu interromper as perguntas e dar continuidade a aula... Só espero que me esqueçam por um tempo. Prefiro ser invisível a ficar tendo que lidar com pessoas que só querem se aproveitar do que me aconteceu. Como Audrey.
Faço uma careta só de me lembrar dela. Derek suspira.
– Entendo completamente o que você quer dizer.
Tomo um breve gole do cappuccino.
– E sua aula, como foi?
– Foi boa, mas não demos muito assunto. Foi algo mais introdutório. O professor nos perguntou algumas coisas, por exemplo, o que achamos que é psicologia e o que esperamos aprender na disciplina dele, e também pediu para que nos apresentássemos. Ele começou a falar um pouco sobre Filosofia... Não foi nada demais – responde. Imagino-o dar de ombros.
– Fora o interrogatório, meu primeiro dia de aula foi igual. Nada de extraordinário.
Mordo o lábio, pensando em como conversar sobre Mark. O que devo dizer para Derek? O que devo perguntar? Meu coração acelera. Há algumas coisas para compartilhar com meu amigo, mas opto por deixar isso para depois. Não estou pronta para ter a atenção voltada para mim, para os meus sentimentos.
– Como estão as coisas aí... entre você e Zoe? – indago, erguendo as sobrancelhas.
– Tudo está indo perfeitamente bem – responde com uma breve risada. Imagino Derek com as bochechas coradas, envergonhado.
– Aconteceu alguma coisa que eu deva saber? – retruco, remexendo-me na cadeira e sorrindo. – Alguma novidade?
Derek para de rir.
– É só nisso que você pensa?
Dou de ombros.
– Você está morando sozinho com Zoe, sua namorada – enfatizo, observando o ambiente ao meu redor. – Vai me dizer que ainda não aconteceu nada desde que estão morando juntos?
– Por acaso você se esqueceu que estamos morando juntos há apenas uma semana? Posso estar namorando Zoe, mas só vamos pular para o próximo passo quando ela estiver pronta. E sei que ela não está.
– Você sabe? – ironizo, rindo e meneando a cabeça em negativa. – Posso saber como?
– Você sabe qual é o significado da palavra "conversa", Spence? – brinca, provavelmente, sorrindo. Sorrio para o lugar vazio à minha frente, ocupado apenas pela minha mochila. – Já conversei com Zoe sobre isso. Não vamos pular etapas. Não vou forçá-la a nada.
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Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomanceQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...