Chaz dá um breve sorriso, abaixa a cabeça e se vira, caminhando para a escadinha. Tori e Ethan vão atrás dele. Mark percebe que minha atenção já não está mais focada naquele momento, em nós dois. Ele vira o rosto e o corpo na direção onde Chaz e seus amigos estavam há poucos segundos, e, quando não vê nada nem ninguém, volta-se para mim com o cenho franzido.
– O que foi?
Abro a boca para responder. Não sai nenhuma palavra dos meus lábios. Engulo em seco. Em um momento, achava que estava tão certa. Agora, sei que estou uma bagunça. Não faço ideia do que quero ou do que preciso. Pior ainda, não faço ideia do que sinto. Meu coração acelera.
– Pelo visto, você não vai me responder. Então, posso adivinhar?
Dou de ombros e assinto com a cabeça. Ele arqueia as sobrancelhas.
– Chaz Houston?
Minhas mãos suam. Não sei o que responder. Minha demora para falar não ajuda. Mark sabe que acertou. Ele apenas passa a mão no cabelo, aparentemente, nervoso e preocupado, mas não diz nada. Sei que isso o incomoda. Percebo isso.
– Você não vai dizer nada? – pergunto com o coração quase saindo pela boca. Passo a mão suada no short.
– Não tenho direito de dizer nada, Spencer. Não posso reclamar – responde, olhando-me nos olhos, talvez se arrependendo do que me propôs. – Fizemos um acordo. Nós o selamos com um beijo. Agora, você pode ficar com quem quiser. Não estamos namorando. Somos amigos. Se você quiser sair daqui e beijar Chaz, não há nada que a impeça.
Apenas a minha consciência – penso, suspirando.
– A partir de agora, eu posso ficar com quem quiser, e você pode ficar com quem quiser, é isso? – indago, engolindo em seco.
– Exatamente isso. Nós nunca namoramos, nunca fomos exclusivos, então, só vamos adiar isso mais um pouco. Se tivermos que ficar juntos no final, nós iremos ficar, não importa com quantas pessoas ficamos nesse meio tempo.
– Certo. Hum... claro – concordo, sem saber exatamente o que dizer. – Eu fico com quem quero. E você fica com quem quer – repito, como se para me fazer acreditar.
Mark balança a cabeça em afirmativa.
– Você fica com Chaz e eu fico com... – sua voz falha. Percebo seus olhos me olharem de cima a baixo bem discretamente. Minhas bochechas coram.
– Você fica com...? – insisto, mesmo já sabendo a resposta, erguendo uma sobrancelha. Quero ouvi-lo dizer.
– Você sabe quem eu quero, Spencer, não me obrigue a dizer – retruca, meneando a cabeça em negativa, sua mão segurando a minha sobre a areia. Meus olhos ficam marejados. – Mas sei que não sou quem você quer. Ou quem você acha que quer. Na verdade, você não faz ideia de quem quer. E não posso ficar nessa ansiedade, esperando que você perceba, que se decida.
"Sei que você precisa de tempo. Sua ferida do passado está cicatrizando agora, e não posso interferir nisso. Não posso obrigá-la a escolher agora. Você precisa do seu tempo, e eu, do meu. Estamos passando por situações diferentes, e precisamos nos focar nisso, no que está nos acontecendo.
"Eu serei apenas um empecilho para você, enquanto você será um empecilho para mim. E nenhum relacionamento saudável acontece, e se sustenta, dessa forma. Se a gente já começa o nosso relacionamento atrapalhando um ao outro, que tipo de relacionamento é esse? Não é melhor esperarmos um pouco e realmente ter uma chance do que iniciarmos um relacionamento agora e não termos chance nenhuma?"
Não digo nada, apenas encaro nossas mãos entrelaçadas, cobertas de areia. Penso nas últimas palavras de Mark.
– Você gosta de mim. Eu gosto de você. Mas gostar não é o suficiente – conclui com um suspiro.
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Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomanceQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...