– Você me odeia – afirma, olhando-me nos olhos. Assinto com a cabeça. – E o que mais?
Respiro fundo, fechando os olhos.
– Vamos, Spencer, reaja! – exclama, abrindo os braços. – Diga alguma coisa! Faça alguma coisa!
Dou um tapa no seu rosto, achando que vou me sentir melhor. Não me sinto. Pressiono as mãos nos olhos, sentindo o coração acelerado e pesado. Dói. Pensar naquilo e reviver aquilo dói. Sentir o que sinto por Chaz dói. Quero arrancar aquela dor de dentro de mim, mas não consigo. Quero expulsar a raiva, mas ela parece me dominar. Quero deixar a tristeza, mas ela parece querer me acompanhar sempre.
Minhas pernas bambeiam. Caio de joelhos na calçada.
– É isso que acontece quando você sente que está segurando o mundo inteiro nas costas – diz Chaz calmamente, ajoelhando-se à minha frente. – O mundo é pesado. Os seus problemas são pesados. Não dá para segurá-los por muito tempo, senão você acaba caindo.
Ergo o olhar na sua direção. Não sei se prefiro quando ele fala ou quando fica em silêncio.
– Você não pode ficar revivendo aquele momento sempre que pensar nele. Você precisa revivê-lo de verdade e fechar a ferida para que ela se cure para sempre, caso contrário, sempre que pensar naquele momento... Você vai ficar assim – aponta para mim. – Eu desabafei o que me incomodava. Contei para você o que deveria ter contado no dia seguinte em que fizemos sexo. Isso teria impedido que muita coisa acontecesse. Agora, você precisa fazer o mesmo.
Fecho os olhos, relembrando o que aconteceu...
Acordei no dia seguinte já com um sorriso nos lábios, sentindo-me a garota mais feliz do mundo. Apalpei a cama ao meu lado à procura de Chaz Houston. Não havia ninguém. Franzi o cenho, sentando-me bruscamente. Olhei para o lado, e não havia nenhum sinal dele. Peguei uma roupa e vesti-a às pressas. Tudo que eu queria naquele momento era vê-lo e falar com ele.
Estava um pouco dolorida, mas minha primeira vez tinha sido exatamente como eu imaginava. Não podia ter escolhido pessoa melhor para perder minha virgindade. Estava decidida a contar para Chaz que o amava. Eu me sentia radiante, e tinha medo que as pessoas descobrissem o motivo. Queria que aquele momento ficasse marcado apenas nas nossas mentes – minha e dele.
Assim que saí da cabana, avistei alguns garotos perto de uma árvore. Eles me viram e assobiaram, parabenizando-me. Engoli em seco. Meu coração acelerou. Eles sabiam, o que significava que Chaz havia contado. Isso partiu meu coração. Mas ver Chaz sentado perto do rio com as pernas dobradas, abraçando-as, fez com que eu esquecesse qualquer pensamento e sentimento anterior.
Corri na direção dele. Sentei-me ao seu lado, sorrindo de orelha a orelha.
– Bom dia – praticamente cantarolei, dando um beijo na bochecha dele.
Ou tentando dar, porque ele afastou o rosto um pouco do meu. Seus olhos estavam marejados. Senti uma pontada no peito.
– Aconteceu alguma coisa? Alguém fez alguma coisa com você? – perguntei com a voz trêmula.
Ele apenas deu de ombros, sem se importar em me olhar nos olhos. Ele tinha tirado minha virgindade na noite anterior e agora não queria nem olhar para mim? Quem era aquele garoto que tomou conta de Chaz Houston? Meu coração pareceu se partir em mil pedacinhos. Meus olhos se encheram de lágrimas.
– Eu fiz alguma coisa?
Ele passou as mãos nos olhos e se levantou, deixando-me sozinha com cara de idiota. Observei-o entrar na cabana, boquiaberta, sem acreditar no que estava acontecendo. Levantei-me e saí correndo para a minha cabana aos prantos. Ouvi os garotos rirem, mas pouco me importei com isso no momento.
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Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomanceQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...