– Sinta-se à vontade para nos contar o que quer que tenha acontecido – diz Derek com um sorriso encorajador, dando tapinhas nas costas de Mark –, quando estiver pronto.
Mark passa as mãos no rosto molhado de lágrimas. Sinto um aperto no coração. Ele respira fundo, olhando para as ondas.
– Tudo começou quando aceitei sair com o meu pai hoje – começa a dizer, dando uma breve risada e balançando a cabeça em negativa. – Fui muito idiota ao achar que ele iria melhorar de um dia para o outro... – sua voz falha. Dá de ombros. – Fui me encontrar com ele, achando que teríamos um tempo a sós, mas meu pai estava com uma mulher... No nosso primeiro contato, já percebi que ela é o oposto da minha mãe em praticamente todos os aspectos.
Ele cruza as pernas e fica brincando com a areia ao seu redor, fixando sua atenção em outra coisa, talvez para não chorar.
– Eles me contaram como se conheceram e como acham que são "almas gêmeas" – faz aspas no ar. – Bem... essa coisa de "almas gêmeas" é de Taylor, a mulher que ele me apresentou. Ele apenas sorriu e ficou sem graça, mas não negou nada. Então, o celular dela começou a tocar várias vezes. Ela estava recebendo muitas mensagens das amigas. Taylor pediu licença e focou sua atenção no telefone.
– Isso foi ruim? – pergunta Derek, arqueando as sobrancelhas. – Pelo menos, você pôde ter um tempo sozinho com seu pai, já que ela estava com a atenção voltada para o celular...
Mark balançou a cabeça em afirmativa, dando um breve sorriso.
– Também imaginei que isso aconteceria – admite, abrindo a mão e deixando que a areia escorra por seus dedos. – Mas me enganei. Passamos um tempo em silêncio, apenas caminhando. Quando pensei em algo para dizer, Taylor voltou a falar. Só que o tema da conversa não me agradou.
Entreolho-me com Derek, mordendo o lábio, um pouco hesitante em perguntar sobre o que estavam conversando. Meu amigo não hesita nem um pouco.
– Qual foi o tema da conversa?
Os olhos de Mark se fixam em mim. Franzo o cenho, tentando entender como Taylor sabe quem sou. Depois, arregalo os olhos e solto uma exclamação, compreendendo. Engulo em seco.
– Pode continuar – digo, colocando minha mão sobre a sua.
Mark assente com a cabeça.
– Ela nos mostrou o vídeo que Audrey vazou na internet. Ela e meu pai riram e começaram a dizer o quanto a juventude está perdida. Meu pai criticou você de várias maneiras, mas não disse nada sobre Chaz. A raiva foi me dominando.
Mark cerra os punhos. Passo as mãos nos olhos marejados. Não posso chorar na frente dele. Não posso mostrar que aquilo me abala tanto quanto o abalou.
– Simplesmente gritei com eles. Falei que eles não sabiam de tudo... falei várias coisas. Meu pai e Taylor pareceram perplexos com minha reação. Eles estavam julgando você – aponta para mim –, mas eles nem a conhecem! Eles tentaram me fazer ver pelo ponto de vista deles, o que só piorou a situação. Então, eu disse que ia embora, que estava cansado daquilo tudo.
Mark fecha os olhos e passa as mãos no rosto. Um soluço escapa por seus lábios.
– Foi quando ele soltou a bomba sobre mim – conclui, olhando para Derek e, em seguida, para mim. Sinto um aperto no peito. Mordo o lábio. – Antes que eu pudesse ir embora, ele disse: "Estou doente". Eu parei de andar, de costas para eles, sem acreditar no que tinha acabado de ouvir. Acho que para tentar me convencer a ficar, ele continuou: "Posso morrer".
Como ele pôde ter dito isso dessa forma? Balanço a cabeça em negativa, boquiaberta, sem acreditar no que Mark está nos contando. Sei que é verdade, mas parece ser inacreditável.
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Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomanceQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...