Capítulo 33

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Passo as mãos nos olhos ao despertar. Minha cabeça lateja. Fito o teto. Que horas são? Viro-me de lado e vejo que a cama de Emily Grant está vazia. O quarto está claro. Levanto-me e vou até minha bolsa abandonada perto da televisão. Pego meu celular dentro dela e volto para a cama.

Ainda não mexi no telefone depois da entrevista de Chaz. Meu coração acelera.

Desbloqueio o aparelho. Já é uma da tarde. Como consegui dormir tanto e ainda me sentir cansada? Mordo o lábio e tiro o celular do modo avião. Tinha feito isso para não ser atrapalhada, para não ver os comentários das pessoas sobre mim. Várias ligações dos meus pais surgem na tela. Ligações que preferi ignorar.

Conecto-o na internet. As mensagens e comentários começam a surgir em demasia. São tantos que parece até que meu celular está maluco, apitando sem parar. Arregalo os olhos. Algumas pessoas eu conheço, já as vi na escola, mas há várias que desconheço. São muitos novos seguidores. São vários comentários me xingando e me apoiando. Pessoas discutem sobre mim. Há mensagens no privado. Meu coração acelera.

Minha mão coça para apertar nos posts e nos comentários. Quero ler todos, os que me defendem e os que falam mal de mim. Mas sei que isso só me fará sentir pior. Mordo o lábio, tentando me conter. Não posso fazer isso. Não posso me prejudicar. Sei que vou ficar péssima, se ler alguém falando mal de mim e das minhas ações. Ou da minha ação.

Porque essas pessoas não me conhecem. Elas não sabem quem sou, mas sabem com quem perdi a virgindade, e isso parece ser algo muito importante para elas. Porque as pessoas se importam mais com as vidas alheias do que com as próprias.

Talvez seja uma forma de evitar seus problemas, focando nos problemas dos outros. É tão melhor. É tão mais fácil. Julgar os outros é bem mais fácil do que receber julgamentos. Julgar os outros é bem mais fácil do que parar por um momento e olhar para si.

Bloqueio o celular e o deixo na cabeceira. Não vou perder meu tempo com isso. Não agora, pelo menos. Vou ao banheiro. Preciso tomar banho e me arrumar. Preciso aproveitar o momento, enquanto ainda tenho esse resort, enquanto ainda tenho Derek e Mark ao meu lado, porque, quando formos embora, nada vai ser o mesmo. Mark vai continuar na Califórnia. Derek vai para sua universidade; e eu, para a minha. Ou talvez eu vá tirar foto da banda de Chaz.

Os pensamentos negativos, os pensamentos que me perturbam, tentam preencher minha mente. Tento expulsá-los. Não estou a fim de ficar remoendo hoje. Preciso seguir em frente. Deixo que a água fria carregue esses pensamentos ralo abaixo. Espero que ela o tenha feito.

Alguns minutos depois, já estou pronta para descer. Saio do elevador e praticamente dou de cara com uma Tori Harrison não muito feliz. Ela está com os lábios cerrados, os braços cruzados e o olhar fixo em algo, ou alguém. Paro ao seu lado, franzindo o cenho, e viro o rosto na direção do seu olhar.

Engulo em seco e abro a boca ao ver Chaz com uma garota. Ele está de costas, de frente para ela, que o abraça com força, sorrindo. Consigo ver seu rosto. Ela é linda! Pele bronzeada. Cabelo longo, volumoso e ondulado. Castanho, assim como seus olhos. Ela é magra e bem produzida. Sua roupa não é muito meu estilo, mas preciso admitir que é muito bonita, e arrumada demais para a ocasião. Parece que saiu de uma revista de moda.

Meu coração acelera. Cerro os punhos. Quem ela é? Zoe Black aparece do outro lado de Tori, também cruzando os braços, as sobrancelhas arqueadas. Não parece feliz com a presença daquela garota.

– O que ela está fazendo aqui? – pergunta Zoe com os dentes trincados, sem tirar os olhos do amigo.

– Não faço a menor ideia – responde Tori, balançando a cabeça em negativa. Suspira. – Mas não deve ser coisa boa.

Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]Onde histórias criam vida. Descubra agora