Saímos do restaurante e seguimos para a área da piscina em silêncio. Olho para o lado esquerdo, vendo Chaz na piscina junto com seus amigos – Kyle e Ethan. Eles estão encostados na borda do outro lado, virados na minha direção, mesmo que não estejam exatamente olhando para mim, conversando sobre algo – muito provavelmente, sobre mim.
Às vezes, seus amigos tentam brincar com Chaz, que apenas balança a cabeça em negativa e dá um breve sorriso. Observo-o passar as mãos no cabelo. Seus olhos estão marejados.
Viro o rosto para o lado direito. Não quero invadir a privacidade dele. Ele pediu um tempo – algumas horas – e vou fazer o que me pediu. Do outro lado, deitado em uma cadeira de bronzear, está Mark.
Quero pedir desculpas para ele, mas decido dedicar o resto do meu dia para Derek. Ele tem sido um ótimo amigo, e tem dedicado muito tempo de sua vida para mim, então, acho que está na hora de eu escutar seus problemas e tentar confortá-lo. Posso não ser tão boa nisso quanto ele, mas preciso tentar.
Seguimos para a praia. Paro perto da escadinha para tirar as sandálias. Volto a andar com elas na mão. Nós caminhamos pela areia, um ao lado do outro, observando o ambiente. Deixo que o silêncio preencha o momento. Não sei se devo pressionar Derek a falar.
Não gosto quando sou pressionada, mas esse me parece o único jeito de fazê-lo falar.
– Então... – começo, mordendo o lábio e atraindo a atenção do meu amigo. – Quais são os seus fantasmas?
Ele sorri, apesar de seu olhar indicar que há algo de errado, algo que o incomoda. Ele está pensativo. Não sei no que está pensando.
– Realmente quer falar sobre isso? – retruca, arqueando as sobrancelhas e me encarando.
Paro de andar e o seguro pelo braço. Ele para à minha frente. Muda o peso de uma perna para a outra, inquieto. Esse assunto o incomoda.
– Nós precisamos falar sobre isso.
Ele suspira, passando a mão no rosto, e volta a andar. Vou atrás dele. Não o pressiono. Quando ele estiver pronto para falar, ele irá falar. Preciso aprender a esperar por ele. É difícil esperar.
– Meus problemas não são tão grandes quanto os seus, Spence...
– Pode ser que eu ache meus problemas maiores do que os seus, mas isso não quer dizer que os seus são menos importantes, ou que você deva menosprezá-los – interrompo-o, meus olhos se encontrando com os dele. – Meus problemas são maiores para mim, porque são meus...
"Para você, meus problemas podem parecer besteira, e os seus podem parecer besteira para mim, mas, na realidade, todos os problemas são importantes. Entende o que quero dizer?"
Derek não me responde, apenas me encara, parando de andar. Fico à sua frente.
– Você olha para o que acontece com a minha vida com outro olhar, um ponto de vista de um observador. Você não sabe exatamente como me sinto. Você entende pelas minhas reações e minhas falas, mas não sabe o que sinto.
"Você entende meus problemas melhor do que eu. Provavelmente, saberia lidar com eles melhor do que eu. E eu poderia lidar com seus problemas melhor do que você. Os dos outros sempre parecem mais fáceis. Você me apoia e me ajuda desde que nos conhecemos, mesmo que meus problemas pareçam idiotas para você. Está na hora de eu fazer o mesmo, não acha?"
Derek dá um breve sorriso, passando a mão no cabelo e no pescoço. Observo-o suspirar, pensativo. Não sei no que está pensando, e isso me mata por dentro.
– Tudo bem, então – diz ele, erguendo as mãos em forma de rendição. Espero que ele dê o próximo passo. Ele aceitou conversar comigo. Isso já pode ser considerado uma vitória. Seus olhos se encontram com os meus. – Mas você não pode levar nada para o lado pessoal, ok?
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Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomanceQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...