Estou com Emily no meu quarto, nós duas deitadas na cama: eu, com as pernas viradas para um lado; e as dela, para outro. Nossos rostos estão no centro do colchão, próximos um do outro, enquanto narro o que aconteceu comigo hoje, desde as mensagens de Mark até minha conversa com Derek.
Dobro os joelhos e balanço as pernas lentamente de um lado para o outro, observando meus movimentos, enquanto as palavras escapam da minha boca como se fossem areia escorrendo pelos meus dedos. Emily mira o teto, escutando-me com atenção, sem me interromper.
Emily Grant é uma boa ouvinte, além de uma boa amiga. Assim como Derek e Zoe. Assim como todos os seus amigos.
Assim como Mark. Sinto um aperto no peito.
– Então, você ainda não falou com Mark sobre sua decisão? – pergunta, virando de lado, seu corpo voltado na minha direção, apoiando a cabeça na mão.
Olho para ela e balanço a cabeça em negativa.
– Estou pensando em como contar para ele o que decidi. Não quero magoá-lo, e sei que minhas palavras poderão ter esse efeito.
– Assim como sua indiferença – retruca, o que me faz arquear as sobrancelhas. – Você deixar Mark sem nenhuma resposta, sem nem mesmo dizer que precisa pensar, que precisa de mais tempo... – sua voz falha. – Isso é cruel, Spencer. Contar a verdade, não. No começo, pode ser que a verdade o machuque, mas essa mentira, esse fingimento... só estará adiando a dor, que, acredite em mim, é inevitável.
Emily para por um instante e respira fundo.
– O quanto antes você fizer isso, mais rápido se sentirá melhor. Provavelmente, você se sente como se estivesse carregando uma mochila pesada. Depois que conversar com Mark, você terá se livrado dessa mochila, e, consequentemente, do peso. Você não tem motivo para continuar carregando essa mochila por muito mais tempo. Só a tire das costas para que possa se sentir leve. Por que não faz isso logo? Como se estivesse arrancando um Band-Aid.
Fecho os olhos, suspirando. Ela tem razão, sei que tem. Carrego um peso desnecessário, assim como todo mundo, só que cada pessoa carrega um peso diferente. Algumas mochilas, algumas bagagens, são mais pesadas do que outras.
Meu celular apita. Pego-o ao meu lado e checo a mensagem que acaba de chegar. De Mark. Engulo em seco. Emily ergue uma sobrancelha.
– O que foi?
Olho para ela.
– Mark me mandou uma mensagem.
Emily arregala os olhos.
– O que ele disse? – retruca, aproximando o rosto do meu a fim de ver o visor do meu celular.
Não preciso nem responder, porque ela já está lendo a mensagem.
Posso ligar para você?
– O que eu faço? – pergunto, mordendo o lábio, o coração acelerado.
– Você precisa ligar para ele, Spencer. Ele merece saber a verdade. Assim como você. Assim como Chaz. Não adianta continuar enganando todo mundo, ou todo mundo que precisa saber da sua decisão. Não importa o que Derek acha, ou o que eu acho, disso tudo... O que importa é a opinião de Chaz e de Mark, e você não contou nada para eles: as pessoas que realmente deveriam estar sabendo disso.
Assinto com a cabeça. Ela tem razão. Respiro fundo.
– Ligue para ele – pede Emily, olhando para mim e tocando a mão no meu braço, talvez para me dar apoio. Faço uma careta. – Vou para o meu quarto. Também tenho umas ligações para fazer. Depois, terminaremos de conversar.
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Um verão na minha vida [COMPLETO TEMPORARIAMENTE]
RomanceQuanto um verão é capaz de impactar a vida de uma pessoa? É possível que uma paixão determine o futuro de uma pessoa? Spencer Abrams talvez tenha suas respostas para essas perguntas. Após concluir seu último ano escolar, em meados de junho, Spencer...