Em poucos segundos Plagg atravessara a casa, chegando ao térreo e indo em direção aos fundos, contudo, um baque alto em uma superfície de madeira lhe deteve, retornando à forma humana e encarando a porta da frente. Um segundo ruído foi ouvido, junto da visão dela sendo forçada novamente.
Mesmo com toda a força extra que um vampiro possuía, competir com armas de fogo era um problema que no momento não havia como enfrentar. Voltando a se transformar em feixe de luz, foi em direção a escada principal, ouvindo a maçaneta sendo arrancada milésimos de segundos depois.
O tempo até o silêncio voltar a se estabelecer foram contados de forma cuidadosa. Plagg apenas saiu de seu esconderijo em baixo da escada quando tinha certeza absoluta de estar novamente sozinho no grande hall. Ao abrir a portinhola da longarina que se camuflava na decoração de madeira das paredes, bateu sobre os ombros retirando um pouco de poeira que caiu dos degraus sobre si.
Afastou-se dela com alguns passos, tendo a visão de Nooroo dirigindo-se para a parte direita da casa o que aliviou um pouco a tensão que sentia, ele cuidaria de tudo por ali. Aproveitou que sua presença não fora notada para retornar ao primeiro andar, mas deteve-se ao ouvir uma gota de sangue acertando o piso de madeira.
Esticando o braço direito para frente, o cotovelo dobrado e junto ao corpo, percebeu sangue escorrendo por sua palma e tingindo a ponta de seus dedos. Deu uma leve puxada na longa manga da camisa que usava apenas para confirmar o que já tinha certeza, o sangue vinha de seu braço.
Vampiros não possuíam algo que pudesse ser chamado de metabolismo, contudo, a adrenalina — o mais primitivo impulso que uma criatura possa ter — ainda era algo presente e a única coisa capaz de proporcionar o funcionamento do que, há muito tempo, era um sistema circulatório.
Fazer a reserva de sangue circular por seu corpo não seria problema se ela permanecesse dentro dele. Seu braço direito era como uma fissura em um tonel cheio de líquido o tornando um grande empecilho para situações como aquela.
Franziu o cenho encarando a mão. Conseguiu dobrar os dedos de forma lenta, os fechando em punho e sentindo parte do sangue que fora mandado para eles escorrendo por seu pulso. Os abriu observando mais algumas gotas pingando contra o piso de madeira.
Não fez muita cerimônia ao tornar-se novamente um feixe de luz e voltar para o primeiro andar, começando a procurar pelos invasores. Seu corpo era como uma ampulheta e a areia já estava a cair. Cada minuto passado era um ponto de confiança a menos que teria, tanto em seus movimentos quanto em seu autocontrole, um vampiro sedento era a última coisa que eles precisavam. A ameaça precisava ser eliminada com rapidez.
🌒 🏠 🌒
Trixx encontrava-se em sua sala, revendo algumas anotações em um caderno flutuante cujas páginas eram trocadas com um simples gesto de sua mão, o semblante pensativo dominava seu rosto. Dava a volta em uma espécie de caldeirão sobre uma mesa larga onde um líquido avermelhado soltava um discreto vapor mesmo não tendo uma fonte de calor sob ele.
Com os dedos pressionando o queixo, acredita ter tido uma ideia sobre o que deveria ser utilizado, afastando-se do objeto por breves segundos e pegando em uma prateleira próxima um pequeno recipiente de vidro grosso. A tampa em formato de rolha foi retirada com facilidade e uma pinça foi usada para pegar um pedaço de folha cortada em seu interior.
Iria jogar o material dentro do caldeirão se a malva sobre ele não tivesse se aberto na hora. O odor exalado pela planta se chocou contra o vapor da estranha mistura provocando uma pequena explosão no recinto.
— Sério? — gritou em frustração, jogando a pinça dentro do pote e o pondo sobre a mesa — De todos os malditos dias desse ano... — tossia um pouco, gesticulando para o livro se aproximar, o pegando em seguida e o usando para dissipar a fumaça criada — Sério, Universo?
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A Maldição da Mansão Agreste [Concluído]
FanfictionDesempregada e com uma ordem de despejo sobre a mesa, o único lugar que aceita contratar Marinette é a famigerada Mansão Agreste. Cercada por lendas e superstições, a garota não se vê intimidada por isso devido ao seu ceticismo, mudando-se para a re...