Capítulo 63

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A primeira coisa feita por Plagg após sair daquele maldito buraco foi sair pela porta dos fundos, atravessando todo o quintal em forma de feixe de luz, desviando de dois disparos feitos pelo atirador ainda sobre a van, aguardando seus companheiros como um cachorrinho abandonado ainda aguardando o retorno dos donos.

Deu a volta no veículo, subindo pela parte de trás e agarrando o homem pela cabeça, lamentando-se por ele não ter cabelos longos para ser puxado por eles. Mesmo com seu crânio sendo apertado, debatia-se em uma tentativa de se libertar.

A vida do homem poderia ser tirada de várias maneiras. Quebrar seu pescoço seria a mais fácil e prática. Ainda poderia drenar seu sangue ou encontrar alguma forma de tortura, entretanto, preferiu se ajoelhar no rumo do para-brisa.

— Isso é pelo vidro da varanda — foram as palavras ditas e as últimas coisas ouvidas pelo caçador.

Sua cabeça foi golpeada tantas vezes contra o vidro que o vampiro apenas se deu como satisfeito quando o mesmo quebrou, largando o corpo de qualquer jeito, preocupando-se mais em voltar para dentro da casa por conta do sol, cujos primeiros raios já iluminavam o céu e, por sorte, a casa e o terreno irregular lhe deram uma mínima proteção.

Até o cair da noite pensaria sobre o que fazer com tantos carros largados na estrada, sua preocupação agora era levar todos os corpos para o subsolo — o que normalmente tinham acesso — para não ficarem ocupando espaço dentro da casa, algo que levaria uma quantidade considerável de tempo visto que apenas Duusu estava disponível para ajudá-lo, contudo, não poderia sair da cozinha. A verdade é que mesmo se ela pudesse, não acreditava que a pequena planta fosse capaz de carregar um corpo.

Wayzz ainda permaneceria algumas horas em seu balde de manteiga, se recuperando do disparo da espingarda. A prioridade de Trixx era manter Adrien vivo e não tinha coragem de tirar Tikki do seu lado. Nooroo, por sua vez, iria cuidar de Marinette.

Ele apenas esperou os demais saírem daquele estranho lugar pois tinha total consciência da situação de Adrien, porém não tirou Marinette dos braços em nenhum momento, criando e puxando qualquer teia com suas patas de aranha.

Quando permitido, levou a jovem até o próprio quarto, ainda desacordada para cuidar dela. Josephine esperou pacientemente sobre a mesa de escrivaninha enquanto um banho era dado nela, apreciando as flores que possuía.

A maçaneta do banheiro foi girada, com Nooroo a carregando enrolada em diversas toalhas. A água morna batendo contra o corpo dela a acordou, o suficiente para avisá-lo sobre os brincos e onde estavam. Mesmo entendendo a importância, ele preferia terminar seu trabalho antes de pegá-los. Após vesti-la com um pijama, a ajeitou entre os cobertores, com ela ainda ligeiramente acordada.

— Nooroo... — seu nome foi chamado enquanto se afastava por uma voz que custava a sair.

— Deve descansar, Marinette — voltou a se aproximar, sorrindo de canto.

— Perdão... É minha culpa... — aparentava querer chorar novamente.

— Você não tem culpa de, absolutamente, nada, Marinette — fez um breve carinho em seu rosto — Ninguém teria condições de prever tal acontecimento.

— Mas...

— Você fez tudo o que estava ao seu alcance para cuidar de quem estava ao seu redor — a interrompeu. A voz firme, porém suave — Isso é o que um Alfa faz e apenas isso importa no momento.

Não tinha forças para rebater. A verdade era que o conforto dos lençóis e cobertores seduziam seu corpo cansado, sendo cada vez mais difícil manter-se em alerta. Lembrava-se de sentir os dedos de Nooroo passando em seu rosto, limpando mais lágrimas antes de realmente apagar.

A Maldição da Mansão Agreste [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora