Extra 02: OTMA

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Nota da Autora:
As duas cenas não tem relação direta uma com a outra, apenas gosto bastante delas e quis compartilhar com vcs.

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Passos desleixados eram dados, a sola do tênis arrastando contra o asfalto enquanto a rua era atravessada sem muito ânimo. A barra desfiada da calça jeans cobria boa parte do calçado. O caminhar foi interrompido ao parar do lado de um Jaguar F-Type preto, estacionado do outro lado da rua. Não demorou muito tempo até a janela começar a descer de forma lenta, revelando um homem sentado no banco do motorista com um suéter de gola alta e óculos cobrindo quase toda sua face.

— Poderia vim com algo menos chamativo amanhã? — a adolescente resmungou com raiva, cruzando os braços abaixo dos seios — Estão me chamando de puta nas aulas.

O homem retirou os óculos revelando os olhos verdes a encarando com um pouco de curiosidade, bem como uma discreta risada sendo dada.

— Isso se chama inveja. Queriam estar em seu lugar — a expressão da garota não melhorou muito, recebendo uma entortada de lábios como resposta — Mas se insiste, pode escolher o carro que deseja que eu use.

A resposta não a animou muito, não era como se houvesse algo realmente menos chamativo na garagem de sua casa que não fosse o carro de sua mãe e ele estaria com ela o dia inteiro. Bufou em derrota, dando a volta pela frente do carro e abrindo a porta do passageiro.

— Sabe que eu também posso deixar algumas delas de cama no hospital por alguns dias — comentou, observando um grupo de três meninas pelo retrovisor.

— Plagg! — o repreendeu, olhando para ele.

— Avise se mudar de ideia — um sorriso adornava seu rosto ao deslizar os óculos pela ponte de nariz.

O motor do Jaguar rugiu antes dele ser manobrado. Mesmo aqueles que não se importavam muito não resistiram em dar uma espiada no veículo preto se distanciando da área escolar.

O mal humor da jovem logo se esvaiu, com ela relaxando no banco de couro em uma postura desleixada. O suspiro de desânimo era claro, mas ao começar a falar, parecia feliz. Mesmo prestando atenção na pista, Plagg não conseguia resistir em olhá-la eventualmente. As crisólitas que herdou do pai brilhando cheias de vida enquanto os longos cabelos negros da mãe caíam em seu ombro como um véu noturno.

O portão da mansão foi cruzado, as pequenas pedras estalando sob os pneus do carro. Ele foi manobrado de maneira que ficasse paralelo a porta da frente, facilitando para que ela pudesse descer.

Soltava o cinto de segurança e pegava sua mochila entre as pernas quando uma coisa lhe ocorreu, virando-se para Plagg com uma expressão repreendedora.

— E nem pense em contar uma palavra do que eu te disse pros meus pais — apontou o indicador para ele.

— Não foi muito convincente — abaixou um pouco os óculos, para poder encará-la de canto.

O tom de voz dele era provocativo, o sorriso malandro se formando em seu rosto. Ela revirou os olhos, controlando a vontade de não soltar uma risada.

— Nem pense em contar pros meus pais o que eu te disse, é uma ordem!

— Essa é minha garota — ajeitou o acessório no rosto usando o nó do indicador.

A porta do veículo foi aberta, a adolescente descendo dele e logo focando na figura de seu pai apoiado na cerca da varanda, a observando com um largo sorriso bobo. Mal terminara de subir os três degraus e já fora recebida com um forte abraço por parte dele junto de uma cheirada um pouco forte no pescoço, a arrepiando.

A Maldição da Mansão Agreste [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora