A Maldição da Mansão Agreste [Concluído]

Capítulo 33

A porta que ligava a cozinha com o refeitório se abria de mal jeito, Marinette procurava não derrubar as coisas que carregava enquanto adentrava no recinto, logo tendo a surpresa ao ver Nooroo nas bancadas junto de Duusu.

— Boa tarde pessoal — os cumprimentou com um largo sorriso.

A copeira olhou para ela com um olhar curioso enquanto o homem mudou seu semblante preocupado para um bem mais contente.

— Marinette, boa tarde. Chegou na hora perfeita, poderia pedir sua ajuda em uma tarefa simples?

— Que tarefa? — se aproximava curiosa após colocar tudo na pia.

— Está acontecendo uma reunião na mansão, mas há coisas demais para se carregar. Sei que já acabou seu serviço, mas eu apreciaria muito se pudesse me fazer esse favor — levou a mão ao peito, tocando o tecido da blusa social com a ponta dos dedos.

— Uma reunião? Não acho que seja apropriado eu aparecer lá desse jeito então... — apontava para si mesma.

A idade de sua camiseta era denunciada pelo tom acinzentado que ela adotou, provavelmente após anos de uso, com as letras pintadas a tinta descascando, nem sendo possível reconhecer a frase escrita sem pensar um pouco. Isso sem falar de sua calça legging roxa como uma berinjela. Provavelmente apenas seu tênis salvaria o visual se não estivesse encardido.

— Não há o que se preocupar, Marinette, não há ninguém de fora da casa, apenas nós. Tenho certeza que ninguém se importará com seu traje.

Para Nooroo era fácil falar afinal sempre estava com roupas formais independente do horário em que se encontravam pelos corredores, um detalhe que ela deixou de achar estranho há muito tempo. Soltando um suspiro não muito animado, concordou.

O viu pegando uma pequena bandeja de prata sobre a bancada e se aproximando dela, a entregando. Ela pegou o objeto com ambas as mãos, tendo todo o cuidado possível, mesmo só possuindo um prato raso — grande demais para ser um pires — e uma caneca que lhe era estranhamente familiar, tendo um líquido quente dentro.

— Essa é para o Mestre Adrien, não se preocupe que tomo conta do resto.

— Espera, é só isso? — olhou para ele retornando à bancada.

— Exatamente — sorriu, fechando brevemente os olhos.

Ela quase não acreditou ao ver Nooroo pegando duas enormes bandejas, cada uma em uma mão, com facilidade e equilíbrio perfeito, as louças sobre elas nem pareciam se chocar ou balançar. Não entendia a exclusividade que o café de Adrien tinha perante aos demais.

Sabia que poderia carregar alguma ali sem que tudo viesse ao chão. Chegou a abrir ligeiramente os lábios para falar algo, mas acabou desistindo ao ver Duusu toda saltitante indo em direção a porta de acesso para o salão. Soltou o ar acumulado pela boca e resolveu segui-lo, despedindo-se da menina ao atravessar a porta, que retribuiu com um aceno e um grande sorriso.

Eles caminharam em direção a parte direita da casa, ainda se mantendo no térreo, até chegarem em uma porta larga e adornada. Foi pedido para que Marinette desse leves batidas antes de abri-la e assim o fez. Girou a maçaneta com cuidado, empurrando-a devagar e logo a voz de Trixx ecoou em seu ouvido.

Elu fazia lembrar um professor dando aula, de frente para uma lona branca onde a imagem de um notebook era projetada. Segurava um pequeno extensor branco que usava para alcançar as partes altas, batendo levemente contra ela ao continuar suas frases.

Havia um sofá no local onde logo reconheceu Adrien e Tikki sentados enquanto Plagg encontrava-se em uma poltrona um pouco mais afastado. Viu Nooroo adentrando e resolveu segui-lo, fechando a porta com cuidado. O homem mal havia posto uma das bandejas em uma mesa larga próxima ao notebook e Tikki se levantou gritando sobre alguma coisa estar errada, fazendo Marinette travar por alguns segundos, inibindo um grito agudo que sentiu vontade de dar.