Capítulo 28

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"Mamãe!"

"Oi, meu Raio de Sol."

Eu amava entrar em sua sala e ouvi-la cantando.

"O que está fazendo?"

"Um quadro novo."

Amava ver como transformava borrões de tinta em arte.

"É bonito! Mas e esse branco?"

"Às vezes, temos de esperar a tinta secar para fazer mais detalhes."

"É por isso que seus quadros são tão bonitos?"

"Talvez..."

O sorriso dela preenchia meu ser, vendo-a mergulhado novamente o pincel na tinta.

Vermelho.

Não era para ter vermelho na tela.

Vermelho.

Igual ao sangue que jorrava de seu corpo.
De seus corpos...

Vermelho.

Que cobria as paredes, o piso e minhas mãos.

Vermelho.

A cor daqueles fios que caiam sobre mim, em câmera lenta, como uma cortina delicada, me protegendo.

Os fios daquela que me salvou.

🌓 🏠 🌓

Adrien acordou com seu corpo fazendo um movimento de puro reflexo, levando o braço para segurar aquilo que acreditava ser uma ameaça. Com os olhos arregalados e o quarto ainda na penumbra pelas cortinas fechadas, percebeu ter cravado as unhas contra o braço de Plagg que estava esticado em sua direção. O soltou ainda um pouco assustado.

— Desculpe, Plagg... — sua voz quase não saiu, estava roca, como se não soubesse o que era beber água há dias.

— Não é o fim do mundo — alisava levemente o braço sentindo onde havia sido apertado — Você já fez pior.

Adrien procurava se livrar das cenas de seu pesadelo, ainda bem vivas em suas mente, passando ambas as mãos no rosto de forma lenta, arrastando as digitais pela pele, percebendo estar um pouco molhado de suor.

— Que horas são? — olhou para o companheiro.

Soltando o próprio braço, Plagg puxou seu relógio, que agora estava no bolso de sua blusa social, próximo ao peito. Não parecia contente ao observar o horário.

— Uma e meia da manhã.

— Está cedo... — pareceu suspirar aliviado.

— De segunda! — enfatizou a data, franzindo um pouco o cenho e adotando um tom repreendedor.

— Segunda? — bateu ambas as mãos no colchão em espanto e percebendo que o silêncio feito era uma resposta afirmativa, jogou-se de volta contra o travesseiro cobrindo o rosto.

— Está dormindo há quase dois dias — guardou o relógio e cruzou os braços — Quanto chá tomou?

— Alguns copos... — parecia choramingar. Era difícil dizer com as mãos abafando ainda mais sua voz.

A Maldição da Mansão Agreste [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora