Duusu gesticulava alegremente para Marinette, que finalizava seu almoço. A copeira realmente se empolgou com a linguagem de sinais e provavelmente passava o dia inteiro praticando visto que não era a primeira vez que a mestiça tinha de pedir para ela sinalizar mais devagar por não entender algo.
Não a culpava por isso, deve ser horrível passar duzentos anos sem poder conversar direito com as pessoas que moram com você. Ela mesma não conseguia se imaginar passando um dia sem falar com alguém. Ainda chutaria que Wayzz lhe entregou alguns livros sobre o assunto, o que a fez aprender sinais que não havia ensinado antes.
As gargalhadas dela tomaram conta do ambiente após a história ser terminada. Mesmo de forma simples, a menina era uma boa contadora de histórias.
— Devo começar a aparecer mais na cozinha no horário do almoço? — a voz de Adrien ecoou, fazendo ambas olharem para ele enquanto se aproximava — Parecem estar se divertindo muito juntas.
— E estamos — Marinette cobriu a boca por conta da risada.
— E qual a história constrangedora que está contando pra ela dessa vez? — esfregava o cabelo de Duusu, o bagunçando.
Ela se livrou das garras do patrão e tentou arrumar os fios esvoaçantes no topo de sua cabeça e fez um gesto simples onde ele não precisava saber libras para entender.
— Como assim "muitas histórias"? Onde você anda aprendendo tudo isso? — a resposta foi um sinal de silêncio sendo feito por ela — Segredo? Sei — deu uma risada por entre os dentes — Vá preparar um café antes que eu termine de bagunçar seu cabelo.
Com um salto, ela se retirou do banco alto e saiu correndo até o outro lado da cozinha com um sorriso no rosto, se divertindo. Adrien também sorria e Marinette não deixou de pensar em como ele agia como um irmão mais velho agora.
— Então — virou-se para ela — Vai me contar?
— Sobre as histórias? — ele assentiu — De jeito nenhum — voltou a rir mais — E nem tente acabar com minha diversão vespertina fazendo ela parar de contar as coisas.
— Acha mesmo que eu faria isso? – a encarou um pouco de lado, a orelha ligeiramente caída.
— Se te incomoda... — deu uma discreta limpada na garganta — Por que não?
— Incomodar não é a palavra que usaria — desviou um pouco o olhar — Mas se gosta de ficar ouvindo essas histórias velhas, quem sou eu pra falar algo.
— Não gosta de falar do passado, né? — arriscou, notando uma ligeira mudança no tom dele, não era como se não soubesse a resposta.
— Não tem nada lá que valha a pena ser lembrado.
Ela queria discordar, chegando até a separar os lábios por alguns segundos, porém se deteve. Se Duusu não estava enfeitando as histórias que contava, arriscaria dizer que até tinha inveja de Adrien e não se referia ao fato dele ser um herdeiro milionário, mas também não descartava a hipótese de as piores histórias estarem sendo escondidas.
Saindo de seus pensamentos, percebeu que ele também parecia preso nos próprios. Os olhos fixos em um ponto invisível refletindo um pouco da luz da cozinha.
— Como fez pra falar com Nooroo mais cedo? — conseguiu a atenção dele — Coisas de lobisomens? De Alfas, talvez?
— A segunda opção.
— Pode falar mais sobre? — notou que ele não parecia muito animado com o assunto — Se quiser... É que... Parece que eu sei tão pouco sobre você se comparado com o que eu aprendi sobre vampiros ontem...
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A Maldição da Mansão Agreste [Concluído]
FanficDesempregada e com uma ordem de despejo sobre a mesa, o único lugar que aceita contratar Marinette é a famigerada Mansão Agreste. Cercada por lendas e superstições, a garota não se vê intimidada por isso devido ao seu ceticismo, mudando-se para a re...