Capítulo 05

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Marinette estaria mentindo se dissesse que a garota na cozinha não a assustava um pouco. Após pegar seu almoço em uma enorme mesa de bufê na sala de jantar dos funcionários, sentiu que seria muita falta de educação largar as coisas que usara sobre a mesa e nisso adentrou na cozinha onde conheceu a pequena copeira.

Seu olhar era intenso e penetrante, a encarando o tempo todo e sem dizer uma única palavra ou reagindo a seus gestos ou cumprimentos. Ela parecia uma criança, dada a sua baixa estatura. Sua feição também parecia infantil. Os cabelos eram como o dela, tão negros que chegava a ganhar um brilho azulado, porém mais comprido e amarrado em uma trança.

Começou a entender um pouco o motivo de Nooroo não gostar de ir até lá e se perguntava como seriam os demais funcionários, visto que passara o dia inteiro andando pela casa e até agora não avistou ninguém. Lembrou-se do horário livre que ele havia comentado, mas não acreditava ser possível uma casa daquele tamanho ser cuidada por tão poucas pessoas ao ponto de nenhuma ser encontrada.

Terminava de subir os degraus da escada principal quando percebeu como aquela casa poderia ser tenebrosamente silenciosa. Seu tênis fazia um pequeno rangido quando a sola ia de encontro com o piso de madeira. Não chegava a ser alto, ao ponto de incomodar, mas o fato de poder escutar algo tão baixo... Isso incomodava...

Deu a volta no andar, indo até o escritório de Tikki. A porta dupla se destacava um pouco das demais por ser tão escura que chegava a parecer preta, ao contrário das demais em tons de marrom. Bateu com um pouco de força, para ter certeza que seria ouvida. Não demorou para a mulher a mandar entrar.

Ainda na porta, admirou-sedo cenário que via. Seu escritório era todo moderno, com móveis pretos e brancos, combinando com o xadrez do piso de porcelanato. Quadros de diversos tamanhos, todos com molduras finas e brancas. Um sofá com algumas almofadas sobre ele e ao fundo, a mesa de computador com tampo de vidro onde a ruiva estava sentada e atrás dela uma enorme televisão.

Era como se uma viagem no tempo estivesse sendo feita apenas ao atravessar uma simples porta de madeira. Chegou a entender o motivo de sua cor ser tão diferente. Marrom não combinaria em nada com aquilo. O preto ainda conseguia camuflar os desenhos de sua superfície, a tornando quase lisa visualmente falando.

— Olá, Marinette! — a cumprimentou com um sorriso sem sair de sua mesa — Como está, querida?

Os cotovelos apoiados na mesa a permitiam apoiar levemente o queixo sobre as mãos. Em meio aos dedos uma caneta refinada de cor preta com detalhes dourados. E como sempre o odioso apelido.

— Perfeitamente bem — aproximou-se até segurar o encosto de uma das cadeiras de couro branco do outro lado da mesa.

— E como foi seu primeiro dia? Nooroo foi bonzinho com você? — parecia se divertir com as palavras de duplo sentido.

— Ah... Claro... Ele é um bom chefe.

— Então a que lhe devo essa visita? — seu olhar mudou um pouco, estava claramente curiosa, mas havia algo a mais ali.

— Bem... É que ficamos de resolver algumas coisas ontem... — estava um pouco sem jeito em tocar no assunto.

A ruiva sorriu soltando um pouco de ar pelo nariz, erguendo a cabeça e pondo a caneta sobre a mesa. Seu tom e expressão mudaram completamente, tornando-se mais amigável. Pediu para que a menina se sentasse enquanto arrumava a "papelada" no computador.

Uma pequena ficha foi criada, com algumas coisas importantes, além de seus dados pessoais. Sentiu-se um pouco sem jeito ao dar o número de Alya como telefone de emergência. Pensando em como a morena poderia reagir a algum problema pediu para que outro fosse colocado, dando prioridade a ele.

A Maldição da Mansão Agreste [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora