Capítulo 07

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A noite corria tranquila. Ventos fracos batiam contra o telhado íngreme da mansão provocando pequenos barulhos, os únicos a serem ouvidos em toda a casa. As luzes estavam apagadas. Todas as cortinas estavam fechadas. Qualquer um pensaria em se tratar de uma casa abandonada.

Um relógio de bolso prateado estava sendo segurado firmemente por uma mão pálida, com compridos e finos dedos. O ponteiro dos segundos partia em sua jornada ao redor de seu eixo. O tic-tac era discreto. Sua volta foi completada, marcando exatamente 23h53min.

🌘 🏠 🌘

Marinette acordou quase pulando da cama e soltando um grito de medo. Em sua mente o uivo de um lobo ecoava. Levou a mão ao peito, agarrando o tecido de sua camisola e procurando acalmar as batidas descontroladas de seu coração. Estava com o rosto completamente suado, sentia seu cabelo grudando em sua testa.

Não saberia dizer quanto tempo levou, mas finalmente conseguiu se acalmar, jogando o corpo contra a cama novamente e sentindo a cabeça afundar um pouco no macio travesseiro.

"Um pesadelo" repetia para si mesma "Nada além de um pesadelo". Sentia um pouco raiva de si mesma por não se lembrar do que a havia assustado, não conseguia nem praguejar o que havia perturbado seu sono ao ponto de deixa-la assim.

Pela pouca memória do ocorrido imaginou ser o resultado da conversa de mais cedo com Alya. Haviam conversado tanto sobre o suposto lobisomem serial killer que sua mente acabou criando um pequeno "trauma" sobre isso? Impossível. Para isso ela deveria tomar aquilo como verdade, não?

Negou com a cabeça a afundando um pouco mais no travesseiro. Abriu novamente os olhos encarando o teto, podia ouvir o barulho causado pelo vento, como pequenos passos rápidos correndo acima de sua cabeça de um lado para o outro. Aquilo sim era motivo para se praguejar, seria difícil cair no sono novamente.

Rolou um pouco pela cama tirando o cobertor de cima de si. Esticou o braço até o criado-mudo onde havia deixado o celular, virando-o para baixo ao desbloquear a tela para sua luz não lhe incomodar tanto.

Era quase meia noite e meia. Ficar acordada até a hora de trabalhar não era a melhor das opções e apesar de não acreditar que algum espírito maligno ou algo do tipo a estivesse esperando do lado de fora, a ideia de andar pelos corredores vazios não lhe agradava.

Sentiu-se um pouco idiota por pensar que poderia começar as tarefas mais cedo do que o normal, como se realmente fosse possível Nooroo ter acordado e já ter deixado uma lista para ela.

Ajeitou-se na cama coçando um dos olhos, diminuiu um pouco o brilho da tela e segurando o aparelho com ambas as mãos começou a mexer nele, procurando algo para se distrair e chamar o sono de volta. Criou uma pequena nota mental, pedir a senha do Wi-Fi para Tikki ou Nooroo amanhã.

Abriu o aplicativo de conversas, quem poderia estar acordado àquela hora? Olhou o contato de Luka, ele não abria o aplicativo desde a tarde. Torceu os lábios, provavelmente não iria responder. Alya... Não... Iria só deixa-la preocupada. Talvez Nino? Bateu o aparelho contra a testa vendo que precisava de mais amigos notívagos em seguida o jogando para o lado, com a tela bloqueada.

Ficou um pouco pensativa encarando o teto escuro. Os barulhos em forma de ligeiros passos continuava, algo que não a incomodava muito, sabia que se tratava do vento. Suspirou. Jogou as cobertas para o lado, levantando-se.

O piso de madeira era agradavelmente quente se comparado com a possível temperatura baixa que estaria do lado de fora. A cortina era um pouco grossa, feita de veludo na cor vinho. Ambas possuíam um bandô em forma de arco com babados de cor clara, talvez um lilás. Era difícil ver no escuro e não se lembrava de ter prestado atenção nelas antes.

A Maldição da Mansão Agreste [Concluído]Onde histórias criam vida. Descubra agora