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Capítulo vinte e oito

Louis observou Harry a falar com os outros dois rapazes. Apesar de ele estar magoado por lhe terem omitido tanta coisa importante, ele falava num tom de voz calmo e baixo, incapaz de ser mau com os amigos. No fundo, ele compreendia. Todos tinham tentado lidar sozinhos com Louis, por isso ele começara a sentir-se um peso na vida deles. Começara a fechar-se.

E ele agora era um peso na vida de Harry, mas era demasiado egoísta para se afastar do mais novo.

Suspirando, recostou-se na cadeira e observou tudo ao seu redor. As pessoas encontravam-se a almoçar calma e animadamente, mantendo-se nas suas conversas, enquanto os empregados andavam pelo espaço, fazendo o seu trabalho.

- Louis, não estás a comer nada. – a voz de Harry fez-se ouvir, lenta, baixa e rouca, chamando a sua atenção.

- Não tenho fome. – o mais velho murmurou, olhando para o seu prato completamente cheio.

- Queixaste-te de que tinhas fome antes de aqui chegarmos. – abanou a cabeça.

O rapaz engoliu em seco e olhou para Harry, desviando depois o olhar para o seu prato novamente. Tinha fome, mas sabia que se ia arrepender se comesse demasiado. Ia ficar mal-disposto e com vontade de se bater por ter comido. Louis não sabia há quanto tempo se encontrava assim, mas sabia que cada vez piorava mais. Ele fingia comer, fingia estar bem, fingia estar feliz. A presença de Harry fizera com que ele ficava um bocadinho melhor, mas faltava algo. Algo muito importante.

Ele sentia-se tão frio. Tão vazio.

Com um suspiro cansado, pegou no seu garfo e fingiu comer, levando o talher à boca de vez em quando e depois brincando com a comida que tinha no prato, espalhando-a para parecer que ele realmente estava a comer bem.

Enquanto os outros rapazes falavam, o mais velho encontrava-se perdido nos seus pensamentos, enquanto avaliava a vida que tinha vindo a levar nos últimos meses. Ou anos.

Louis sabia que algo estava errado, mas recusava-se a admitir tal coisa em voz alta. Recusava-se a dar parte fraca e demonstrar que ele não se encontrava verdadeiramente feliz. O melhor para todos seria ele voltar a ser quem era antes das suas pequenas quebras – ele teria de ser Louis Tomlinson, o rapaz engraçado e bem-disposto, que sorria falsamente sem ninguém perceber. Ele precisava de voltar a ser essa personagem. Voltar a sê-la. Harry tinha a vida dele em Londres e Louis não podia prendê-lo ali de qualquer maneira. Ele não era um bebé que precisasse dos cuidados da mãe.

Mordeu o interior da bochecha com demasiada força por longos segundos, mas não se queixou. De certa forma aquela dor era bem-vinda. Era melhor a dor física do que a dor emocional, daí ele não se importar com as dores de estômago que sentia por não andar a alimentar-se bem, ou as tonturas e fraquezas.

Encarou Harry, que escutava Niall atentamente, como se o irlandês estivesse a dizer algo importante. Louis não conseguia realmente escutar o amigo e colega de banda, observando apenas o mais novo enquanto tentava convencer-se que tinha mesmo de fazer algo que obrigasse Harry a voltar à sua vida.

- Louis? – a voz rouca e baixa de Zayn fez-se ouvir, chamando a sua atenção. Logo os seus olhos se desviaram na direção do moreno, que tinha um olhar preocupado e a testa franzida enquanto o encarava. – Está tudo bem?

- Sim, claro. – mentiu com um leve sorriso nos lábios e engoliu em seco ao sentir os olhos verdes de Harry queimarem a sua pele. Continua a sorrir, Louis, continua a sorrir, ele pensava, enquanto se obrigava a sorrir ainda mais.

Harry levantou-se, dizendo que ia à casa de banho, e afastou-se calmamente da mesa. Louis observou-o. Caminhava rapidamente em direção à divisão, com um olhar preocupado, e não olhava para trás.

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