46. Hora H

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Bia – A Chefe Amanda? Porquê?

Eu estava em choque.

Molly – Porque ela era a intrusa.

Bia – E isso deu-lhe direito de matar quem quis?

Molly – Beatrice as coisas não foram bem assim.

Lá estava a minha mãe a tentar justificar o que não havia porquê de ser justificado.

Bia – Então como foram?

Molly – Isso é algo que terá que ser ela a contar.

E depois enrolava a conversa, eu odiava aquilo.

Bia – Porquê? Porque não podes acabar uma história completa?

Molly – Porque nem eu entendi os seus motivos. Ela sempre dava uma justificação diferente.

Bia – Ela pode estar envolvida com o Jogador Desconhecido?

Eu estava com medo da resposta da minha mãe. Eu começava a confiar na Chefe Amanda Benson e não queria sentir que havia confiado na pessoa errada novamente.

Molly – Não! A Amanda tem um código que segue à risca.

Bia – "Matar os outros antes que a matem a ela?", esse é o seu código?

Molly – Porque falaste daquela maneira com o Dylan?

Eu odiava tanto quando a minha mãe fazia isto.

Bia – Lá estás tu a mudar de história.

Molly – Ele foi-se embora destroçado.

Ela tentava sempre ir buscar o máximo de coisas para que a conversa anterior desaparecesse.

Bia – Cusca! Pareces aquelas velhas que estão sempre à janela a cuscar.

Molly – Podes dizer-me o que quiseres, mas a verdade é que nada do que lhe disseste foi sentido ou verdadeiro.

Bia – Chata! Pará de te meteres na minha vida!

Levantei-me em direção as escadas para subir para o meu quarto.

Molly – Eu sei o que estás a fazer!

Ela seguiu-me.

Bia – E o que eu estou a fazer?

Molly – Tu julgas que fazer as pessoas te odiarem será melhor para encarar o dia de hoje.

Bia – Não sei do que falas.

Voltei a subir mais uns degraus.

Molly – Tu sempre o fizeste, Beatrice. Tu nunca toleraste o facto de vires a sofrer e as pessoas ficarem com pena de ti, então afastas as antes de qualquer catástrofe.

Bia – E se o fizer? Não há nada pior que sentir que as pessoas têm pena de ti.

Molly – Isso não é verdade, e nem eu nem o teu pai te criamos assim.

Bia – Talvez porque estavam demasiado ocupados a viajar em vez de se preocuparem com a minha educação.

Subi as escadas o mais rápido possível e tranquei-me no meu quarto. Não tinha cabeça para ouvir os julgamentos da minha mãe sob as minhas ações.

Permaneci trancada até à hora do funeral.

Hora de vestir mais um vestido preto, colocar uma maquilhagem leve e calçar uns saltos pretos. De novo nesta rotina, era horrível sentir que ir a um funeral de um amigo já se havia tornado numa rotina.

Manual de Sobrevivência à Adolescência - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora