13 | A adoção

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No café da manhã, a chuva de perguntas a respeito da minha visita de ontem veio. Senti-me exatamente como no dia em que perdi minha virgindade com dois garotos ao mesmo tempo, e meus amigos, no dia seguinte, queriam os detalhes de como foi minha relação sexual com a dupla. Talvez o fato de eu ter chegado à casa deles com as pernas doendo já dava pistas de como havia sido.

— Ele só veio me levar para o aniversário dos irmãos — dei de ombros, respondendo à pergunta da minha mãe, que estava sentada do outro lado, ao lado do meu pai. Minha vó estava à minha esquerda, tentando baixar o Tinder. — Nada demais. Aliás, por que nunca me disseram que os Sullivan tinham um terceiro filho?

— Porque você só se interessaria pelo emprego por causa dele — meu pai respondeu.

Estreitei meus olhos em sua direção.

— Engraçadinho. — Ele não estava errado. — Para a minha defesa, até que estou curtindo cuidar de Brenda e Matheus. E não, eu não passo mais o dia todo dormindo, como eu fazia na primeira semana.

— Você dorme o dia todo?! — Os olhos de Mário ficaram enormes.

Dormia, pai. Dormia.

— Que irresponsável, hein, meu neto? — minha vó fingiu decepção. — Aqui — ela aproximou o celular de mim —, o que você acha desse gatinho do Tinder? Dá para dar uns pegas?

Analisei o garoto. Minha vó adorava os novinhos.

— Ele é bonitão — opinei.

— Vou dar match, então.

— Mãe, a senhora não está comprometida? — meu pai perguntou, as sobrancelhas erguidas. — O que significa isso?

Sabrina fez um gesto com a mão, praticamente expulsando Mário da conversa.

— Filho, não estrague meu encontro.

Ele e minha mãe se entreolharam, decepcionados. Depois, fitando meu cenho, meu pai disse:

— Não se torne uma pessoa como a sua vó.

— Estraga-prazeres — minha vó resmungou, deixando o celular na mesa. — Okay, já que fui impedida de sair com um gostosinho só porque tenho um anel de casamento na minha mão esquerda, vamos falar de coisas menos audaciosas. — Seu olhar me encontrou. — Demétrius, seu namorado é dotado! Ele disse que tem vinte centímetros!

— Mãe! — meu pai exclamou, o rosto franzido. Como já te falei uma vez, Ariel, ele não conseguia ser sério, mesmo que trabalhasse na área policial. Só fingia que era. — Pelo amor de Deus! Estamos tomando café da manhã!

— Mas, meu filho...

— Fale sobre outra coisa, por favor.

Minha vó suspirou.

— O que a senhora conseguiu arrancar mais de Júnior? — indaguei para Sabrina. — Obteve alguma informação que não tivesse relação com partes genitais?

Ela refletiu.

— Ele me disse que era adotado.

— Adotado? — Caramba... e eu aqui pensando que a mãe dele tinha pulado cerca.

Minha mãe analisou a surpresa na minha cara.

— Se eu soubesse que isso era tão importante assim — ela disse —, eu teria te dito antes.

— É que... eu não sabia. — Joguei minhas costas na cadeira, levado pela admiração. — Isso explica por que ele não se parece muito com os pais dele. Será que é por isso... que Júnior anda discutindo com os Sullivan? Por não se sentir totalmente parte da família?

COMO [NÃO] SER UM BABÁOnde histórias criam vida. Descubra agora