Capítulo 27

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(Pov Poncho)

Eu dirijo meu carro com a velocidade tão alta, que tudo a minha volta se resume a alguns borrões. E sei que em meu novo endereço vão chegar algumas multas por excesso de velocidade, direção perigosa e avanço em sinal vermelho. Tudo pela forma irresponsável como estou dirigindo. Más eu não sou nenhum maluco, isso se trata de uma emergência.

Meu coração bate forte com a idéia de que Annie está em apuros. Como podem ter a deixado sozinha em casa sabendo de sua situação?. A raiva me consome em imaginar que tudo isso só pode ser coisa de seu atual marido.

Viro a esquina me aproximando de sua casa e agradeço por ter escolhido um apartamento à pouco mais de quinze minutos daqui, más acreditem, com a pressa que vim dirigindo não levei nem oito minutos para chegar até aqui.

Eu estaciono o carro de qualquer jeito saltando do mesmo logo em seguida. Tento abrir o grande portão que está em minha frente e logo percebo que está trancado. A situação de Annie é ainda mais grave do que pensei. Tateio meus bolsos em busca do celular e assim que o tenho em mãos, ligo para ela que atende no primeiro toque.

-Poncho... por favor me diz que esta chegando. -É a primeira coisa que pede, choramingando.

-Estou no seu portão más está trancado. -Digo o forçando mais uma vez e ele sequer se move.

-Eu não sei onde estão as chaves. -Ela murmura e então começa a chorar desesperadamente. -Poncho, por favor..

-Tudo bem, fica calma. Eu dou um jeito, fica tranquila. -Digo. -Eu vou desligar agora mas se as coisas piorarem, me liga. -Peço e assim que ela concorda, desligo.

A vizinhança por aqui é calma e aparentemente segura, por tanto, os muros não são tão altos. Devem ter cerca de dois metros e meio, não sou nenhum novinho de dezessete anos más acho que consigo pular. Melhor, preciso pular.

Me afasto alguns passos para pegar impulso, corro na direção do muro e dou um salto alcançando a parte de cima onde me agarro, conseguindo me segurar. Tiro forças nos braços sei lá de onde e consigo erguer meu corpo. Já consigo ver o jardim da grande casa, está vazia e um completo silêncio más a janela do que parece ser um quarto no segundo andar, está aberta.

Pulo para dentro e ignoro o leve ardor que sinto em um dos tornozelos. Caminho à passos largos até a segunda porta que, para meu alívio, está aberta e caminho gritando seu nome pela casa. Subo as escadas de dois em dois degráus e abro a primeira porta que aparece em minha frente.

Meu peito se enche de alívio quando a encontro ainda consciente más logo se esmaga quando noto sua expressão de dor. Ela está sentada no chão, a alguns passos da cama. Veste um roupão branco, seus cabelos estão soltos e desalinhados, e na testa e em alguns outros pontos de seu rosto, tem um leve brilho de suor.

-Tudo bem, eu estou aqui. Vou te levar para um hospital. -Digo me aproximando. A pego em meus braços com certa facilidade, Annie sempre fora leve e continua agora, mesmo grávida.

-Esqueça o hospital. -Ela murmura ofegando.

-O que?. -Pergunto sem entender.

-O bebê já está nascendo, você vai ter que fazer o parto. -Ela diz fazendo uma breve pausa entre uma frase e a outra para gemer de dor.

-Eu não sei fazer um parto, como eu faço isso?. -Pergunto um tanto nervoso é apavorante ter o nascimento de uma criança em suas mãos quando não se tem nenhum conhecimento sobre.

-Eu que vou dar a luz, o bebê está dentro de mim. Você só precisa me dar uma ajuda. -Ela diz quando a coloco sobre a cama, e rapidamente ajeito alguns dos travesseiros em suas costas de forma que a mantenha quase que sentada. -Tem toalhas limpas no banheiro. Pegue por favor. -Ela me orienta e rapidamente eu faço o que ela diz aproveiando a ida ao banheiro para também lavar as mãos.

-Pronto. -Volto logo em seguida com duas toalhas limpas em mãos e as deixo sobre a cama, Annie parece não sentir nenhuma dor agora, não está gemendo mais.

-Ótimo. Quando eu sentir a próxima contração, que não vai demorar, vou fazer força. -Começou explicando.

-Tá, e o que eu preciso fazer?. -Me sento em sua frente. Ela está com as pernas dobradas e os pés apoiados na cama.

-Você só precisa segurar meu filho quando ele sair. -Ela diz calma. Ao contrário de mim que estou uma pilha de nervos.

-Tudo bem. Acho que consigo. -Eu respiro fundo como se a pessoa prestes a dar a luz ali fosse eu.

-A merda, isso dói tanto. -Annie enruga a testa em uma nova careta de dor e agarra os lençóis. -Eu estou pronta. -Ela diz então abre as pernas começando a fazer força para baixo, as vezes parando, por alguns segundos para pegar ar para os pulmões.

-Eu acho que estou vendo a cabeça dele. Preciso que faça mais força. -Peço e ela atende a meu pedido.

Annie grita cada vez mais alto e parece cada vez mais cansada, cada vez que um centímetro novo de seu bebê sai de dentro dela. Está agora ainda mais soada e alguns fios soltos dos cabelos grudam em sua testa. Eu continuo a incentivando a fazer força, usando minhas mãos protegidas com a toalha, de apoio para o bebê. Até que ela respira fundo e faz força uma última vez e... um choro de bebê. Ele saiu totalmente e o estou segurando em meus braços. Tanto ela quanto eu sorrimos com o som de seu choro. É uma criança pequena, e pelo grito estridente parece saudável.

Eu o envolvo na toalha e o entrego para Annie. Seus olhos brilham quando ela finalmente o tem nas mãos, e o sorriso de gratidão que me lança logo em seguida, enche meu peito de alegria.

-Conseguimos. -Ela diz, os olhos marejados. Olhando para o filho. -Bem vindo ao mundo, Emiliano. -Ela diz com voz terna, então o bebe parece se acalmar com sua voz porque para de chorar no mesmo instante.

-Conseguimos. -Confirmo orgulhoso. -Vou chamar uma ambulância porque vocês precisam ir pro hospital e eu não tenho idéia de como se corta um cordão umbilical. -Confesso e ela sorri.

-Está bem, vamos te esperar aqui. -Ela diz ao me fitar por um breve momento antes de voltar sua atenção ao filho.

...

Reencontro De Seis Almas - RBDOnde histórias criam vida. Descubra agora