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- O que houve? - perguntei, vendo Jaehyun abanando uma Nicha desacordada no chão do corredor, perto da saída. 

- Estávamos perseguindo a mulher, quando do nada a Nicha desmaiou. Taeyong foi atrás dela.

Me aproximei dos dois e me abaixei aos pés da garota. Bati de leve no rosto dela e ouvi ela murmurar algo.

- O que? - perguntei, aproximando o meu ouvido dos lábios dela.

- O que ela está dizendo? - Hui perguntou, finalmente chegando até onde estávamos.

- Cogito ergo sum. - A garota sussurrou para mim.

- Ela disse "Cogito ergo sum".

- Não fala isso não. - Hui pediu. - Vai que invoca alguma coisa.

. . .

Chamamos um Uber para nos levar até o prédio onde morávamos. Jaehyun, que estava sentado a esquerda de Nicha no banco de trás, ligava e mandava mensagens para Taeyong, mas esse recusava-se a responder.

Hui fez escândalo dizendo que tínhamos que ir para o hospital, porque eu e Yontararak estávamos morrendo.

Liguei para a Yuna, colega de apartamento da garota, e ela me disse que isso acontecia de vez em quando.

- Eu sabia que não devíamos ter tirado a mão do indicador. - O Lee resmungou do banco da frente. - Foi por isso que deu tudo errado.

Eu acho que preciso concordar com ele. Tirar nossas mãos do indicador contra a vontade daquele ser perverso que nos contatava foi uma péssima ideia.

"Ayo G'G!"

- É o Taeyong me ligando! - Jaehyun falou, atendendo a chamada. - Alô, mozinho?

Eles já estão trocando apelidos?

- Coloca no viva-voz. - Hui pediu.

- Ela escapou.

- Como? - perguntei e senti algo úmido no meu ombro.

Nicha estava babando em mim. Fechei a boca dela e esperei pela resposta do mais velho.

- Eu persegui ela por meio quilômetro. - O mais velho contou. - Depois comecei a sentir uma dor forte no baço. Acho que preciso voltar para a academia.

- Para onde ela estava correndo? - perguntei.

- Na direção do Bloco F, mas não deve ter entrado, já que está tudo fechado.

- Eu sabia. - Jaehyun deu um soco na janela e o motorista do Uber nos olhou pelo espelhinho.

- O que você sabia? - perguntei.

- Bloco F. F de fatalidade. Vocês estavam certos. Não devíamos ter tirado as mãos do indicador.

E eu pensando que ele ia dizer algo inteligente.

- Indicador? - O motorista perguntou. - Vocês ainda brincam com o tabuleiro ouija mesmo com toda a diversão proporcionada pela tecnologia? Deveriam aproveitar sua vida com os jogos de computador ao invés de brincarem com os mortos.

- Quando a Nicha acordar, por favor tenha essa conversa com ela. - Hui pediu e o motorista espiou a garota que dormia escorada no meu ombro.

- OK. - Ele aceitou.

Eles não conversaram. Nicha não acordou e Jaehyun levou ela nas costas para a entrada do prédio.

O porteiro Bang cochilava ao invés de cuidar do portão e eu o observei ressoar baixinho pelo nariz enquanto passávamos perto dele.

Fomos de elevador até o sexto andar onde ficava o apartamento que Nicha dividia com Seo Yuna e lá a garota nos recebeu inicialmente preocupada, mas quando o Jung colocou a nossa jovem historiadora no sofá, nos surpreendemos ao ver ela sacudindo a mais nova com raiva.

- Acorda, sua coisinha do além!

Yontararak abriu os olhos devagar, estava meio grogue, mas respondeu corretamente quando Jaehyun perguntou quanto era dois mais dois.

- Você andou parando de tomar seus suplementos de ferro de novo, né? - A Seo perguntava brava.

- Eu esqueci.

- Ah, é sempre a mesma resposta. - A mais velha de nós colocou as mãos na cintura, pronta para dar um esporro na Yontararak. - Sorte que você estava com seus amigos. Imagina se você está sozinha e tem uma dessas vertigens, cai e bate a cabeça! Você poderia ter tido uma contusão!

Senti o olhar de Hui queimar meu rosto, mas o ignorei.

- Eles não são meus amigos, os dois aí tem medo de mim.

Eu e Hui arregalados os olhos.

- Eu não. - respondemos juntos.

- Bobagem, se você atura o chato do Hui, você entra automaticamente para a nossa panelinha. - Jaehyun deu um sorriso, imitando a pose de Yuna.

- Essa frase está perfeita. - O Lee comentou. - Tirando o fato de que deveria ser o seu nome no lugar do meu.

- Não deveria, não. - Eu e Nicha respondemos juntas e sorrimos uma para outra.

- O que é isso? - O acusado reclamava, irritado. - Um complô?

Nós três rimos e por final, nos despedimos ao Jaehyun receber uma mensagem de Taeyong, avisando que já havia chegado no prédio.

- Até a próxima caçada. - Hui acenou, passando por último pela porta e Yuna a fechou, enquanto Nicha acenava do sofá.

- Então, eu me despeço de vocês, meus amigos. - Jaehyun se curvou respeitosamente. - Meu homem me aguarda.

- Boa noite. - desejei.

- Boa madrugada. - O garoto respondeu e eu revirei os olhos.

Eu e Hui descemos pelas escadas para o nosso andar.

- Acha que a Nicha está doente? - Ele perguntou.

- Não sei. - respondi, baixinho.

- Acha que vamos pegar essa mulher?

- Não sei, também. Talvez se... merda! - exclamei parando em um degrau.

- O que foi? - Hui perguntou, dois degraus abaixo de mim.

- O porteiro! Se Jimin e os colegas dela estiverem certos e o ladrão for alguém do nosso prédio, o porteiro deve ter visto essa mulher passar por lá nesse horário.

- Ou talvez ele minta que não viu ninguém para encobertar sua soneca.

Hui está certo, mas não é só o porteiro que fica de olho na entrada e saída de pessoas que moram aqui. Há câmeras na portaria e no elevador que ainda funcionam, apesar das dos corredores estarem quebradas ou sempre desligadas.

- Acho que tenho uma ideia.

EM PAUSA- We are The Losers, We are The Best ▪ HuiOnde histórias criam vida. Descubra agora