Capítulo 1

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   Lívia

Terminei meus estudos aos dezoito anos e já engatei em um cursinho Técnico de Administração e saí de lá empregada, trabalhava numa empresa no centro da cidade bem top. Minha rotina era trabalho, casa e aos  fins de semana curtir na pista com a Roberta, minha melhor amiga. Não gostava de curtir baile, porque não gostava muito das pessoas que frequentavam aquele ambiente e sabia dos riscos. Sempre fui uma menina educada, atenciosa, carinhosa e simpática, todos ao meu redor me amavam pelo meu jeito de tratar eles. Morava com meus pais, dona Rosa e seu José, a verdadeira filha que todos os pais pediam a Deus. Mas infelizmente logo isso mudou.

O aniversário da Roberta que foi comemorado em um baile, o divisor de água da minha vida perfeitinha, não que eu a culpasse ou ao baile, de jeito nenhum. Se eu tinha que passar por tudo isso, aconteceria de qualquer jeito. Naquela noite conheci Júnior, meu príncipe encantado com data de validade, onde meu filme de terror começou e eu nem se quer imaginava. Entre olhares e sorrisos, os vapores me oferecendo bebidas ao seu pedido e até convite para ir pro reservado dele, coisa que eu neguei, mesmo mexendo comigo, mas eu nem o conhecia e muito menos me envolveria com um homem envolvido. E quando Roberta viu, me alertou para ficar afastada e não aceitar nada dele, pois seria a oportunidade dele se aproximar. Aí sim não quis saber, ouvi minha amiga, além do mais, ela frequentava sempre os bailes e conhecia as pessoas ali, e sabia também coisas sobre ele. Uma pena que eu não continuei assim, fui iludida, me permiti, e cai na ilusão.

A tentação surgiu na semana seguinte, recebi uma mensagem dele no Whatsapp, me chamando para dar um rolê, coisa que eu neguei, meu erro foi continuar respondendo cada vez que me mandava uma nova mensagem, e aquilo se tornou rotina e quando passava do horário me sentia triste, ansiava por aqueles momentos, estava me apaixonando e nem sequer me dei conta. A forma como ele me entendia, me tratava e me fazia rir, me conquistou de tal forma que eu não via nada do homem ruim que a Roberta pintou. Esse sim foi meu grande erro.

Fui resistente por três meses, quando finalmente aceitei sair com ele. Seria só um encontro e nada mais. Um se tornou dois, três quatro, cinco... Várias vezes. Júnior tinha um encanto que não conseguia me manter longe, finalmente tinha encontrado o homem da minha vida.
Passei a curtir os bailes com ele, sair com seus amigos, conhecer sua família. Me mimava sempre, os presentes eram constantes e até buquê de flores no meio do baile ganhei, ali foi golpe baixo e foi quando admiti que já o amava. Já não podia viver sem ele. Em contrapartida, Roberta sempre me avisando e me alertando para cair fora, pois, ele não era isso tudo uma hora a máscara dele ia cair e eu ia sofrer. Na minha doce ilusão de primeiro amor, achava que ela estava exagerando e não liguei para os conselhos dela.

Alguns meses depois de nossas saídas, os avisos que eu não enxerguei começaram. Era coisas pequenas e que eu achava ser bobeira, achava até lindo e romântico, um palpite aqui e ali sobre minhas roupas e maquiagens, até que passei a me vestir como ele bem queria. Fotos nas redes sociais eram um problema também, depois começou a implicância com meu emprego, minhas amizades, e por último minha família. Minha mãe sempre me alertando sobre ele, ela sabia que ele não seria o homem que me faria feliz de verdade, que aquilo era temporário, intuição de mãe não falha. Me afastei, não aceitava que tentassem me jogar contra Júnior. Passei a viver numa bolha onde somente Júnior existia e importava.

Os problemas em casa com meu pais começaram, e passamos a morar juntos, o tempo me mostrou como eu estava errada, e como eu deveria ter ouvido as pessoas ao meu redor que realmente me amavam e se preocupavam comigo, com o tempo me dei conta do relacionamento tóxico que tinha. E da pior maneira possível. Já não se tratava de como me vestia ou falava, passou a ser agressões físicas. As agressões se tornaram constantes após o primeiro empurrão "sem querer", os xingamentos diários e as amantes na rua. A prisão se tornou pior quando suas palavras se tornaram ordens e com castigos severos se eu as quebrasse. E tarde demais, enxerguei o Júnior que tanto me abriam os olhos, meu príncipe encantado se transformou no sapo. O sapo que todos tinham consciência que ele era e eu não acreditava.

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