12 Não desista...

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Théo

— O que aconteceu? — Senhor João me olhou assustado.

Peguei a caixa com o bolo. — Longa história, velho, eu volto, tá? Eu só...

— Isso, vai atrás dela, filho. — disse parecendo tão aflito quanto eu pela fuga dela.

Assenti e saí o mais rápido que dava da padaria, seguindo para o lado para o qual ela havia ido e fiquei com ainda mais raiva dos meus passos lentos e da dor que se espalhava a cada movimento.

Um pouco mais a frente, a vi com as caixas de bolo sobre o teto do carro, lutando para tentar abrir a porta.

— Ei! — chamei, me aproximando, e na mesma hora, ela desistiu da porta e apoiou seu braço no carro, escondendo o rosto ali. — Ross... Eu disse algo errado? Me diz.

Eu via suas costas se moverem puxando e soltando o ar, estava furiosa, e... Eu sabia o porquê, mas eu só precisava ouvir as palavras para acabar com aquilo.

— O que você quer de mim? Porque você me procurou, Théo? Não vê que está acabando comigo? Isso... Isso tudo tá acabando comigo! É isso o que quer? Foi por isso que voltou para o Brasil? Para chutar cachorro morto?

Me espantei, não esperava que ela fosse me enfrentar daquela forma.

— Espera... Do que está falando? Eu... Eu jamais faria algo para te magoar, você é minha melhor amiga...

— Eu fui! — gritou ela — Eu fui a sua melhor amiga! Há dez anos atrás! Acorda, Théo, o tempo passou! Acabou!

— E você era apaixonada por mim... — Enfatizei.

Ela limpou o rosto, com uma expressão de ironia raivosa que me deu medo. — Assim como todas as garotas do colégio, que depois viraram todas as garotas do Brasil, e agora sabe-se lá, não é?

— Mas você não é como todas... Você é você, Ross!

— Então, pelo amor de Deus, me diz o que você quer?! Eu preciso seguir com a minha vida, e ela estava ótima antes de você aparecer! Eu não quero mais trabalhar para você. Eu não posso mais, me desculpe. Eu encaminho tudo o que consegui até agora para outra agência, mas... Eu não consigo mais.

— Não! Não, não faz isso, por favor, vai ser como você quiser, não participo mais de nada, mas não me deixa... — Só depois que disse aquilo em voz alta, notei minha voz embargando, eu estava desesperado, vendo-a chorar, não queria bagunçar a vida dela daquele jeito, eu nunca quis mal a ela...

Ela nem me respondeu, finalmente conseguiu abrir a porta do carro e entrou, jogando os bolos do banco do carona, me afastei quando ela deu a partida e mais uma vez, assisti ela me deixando.

Peguei o celular do bolso, e meio com as mãos tremendo, procurei o número dela.

— Alô? Théo?

— Lis... Você tem que me ajudar. A Ross me ameaçou, disse que não quer mais trabalhar para mim. Me ajuda! — implorei.

Ouvi ela bufar. — Eu disse! Théo, eu te falei que estava fazendo tudo errado. Eu não sei o que dizer... Você é um idiota! — Fez uma pausa, antes de continuar — Tá, eu vou ligar para ela...

— Obrigado, diz para ela que você vai cuidar das coisas, que eu nem vou estar mais junto, fala o que for, mas não deixa ela desistir de mim. Por favor, Lis...

Eu sei, estava parecendo um bebê chorão, pedindo ajuda para a mamãe, mas estava realmente desesperado. E sabia que ela sentia isso só pela minha voz.

90 Dias para "Não" Casar Onde histórias criam vida. Descubra agora