18 Continuação

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Théo

- Eu vou... Mas eu posso te contar a verdade?

Ross balançou a cabeça como se de repente quisesse estar em seu próprio mundo particular. Se ela pudesse escolher, sabia que ela preferia não ter ouvido tudo aquilo. Mas já que já havia começado...

- Que verdade? - disse com cara de choro, e quase tremia me olhando. Aquilo me deixou realmente nervoso.

- Promete não me julgar?

Seus olhos cerraram para mim, mas não pararia, é claro que ela iria me julgar, era a melhor nisso.

- Fala. - mandou.

- Meu casamento, é uma ação comercial, a Lis é minha amiga, e ela sabe sobre... Sobre você.

Seus olhos se arregalaram de tal forma que todo o azul parecia mais um farol. - Como assim? O que ela sabe, que história é essa?

- Calma, eu vou te explicar. - respirei fundo. - Lis é filha do principal dono do time que me contratou. Eu tenho uma multa recisória que pode me quebrar, quebrar mesmo, de não ter nem um teto sequer. A ideia do casamento foi dela.Precisávamos de uma distração para a cirurgia.

- Ainda não entendi, o que isso tem a ver com o casamento?

- Acontece que como membro da família, o conselho pode ser inclinado a abater minha recisão, seria o mesmo de quebrar o próprio genro, ou seja, a própria filha.

- Isso é...

- Ross, entenda, a cirurgia que eu fiz pode me livrar das dores, mas se eu voltar a jogar... - passei a língua pelos lábios - o tratamento ainda não acabou, embora eu esteja melhorando... Voltar a jogar significa voltar a enfrentar a dor, Lis me acompanhou nos últimos três anos, ela sabe que não tenho vida fácil...

- E ela está fazendo tudo isso para te ajudar? - ela pareceu mortificada com aquilo.

Baixei os olhos, não sabia se podia ir tão fundo assim na história - Não... não é só por mim. Lis tem problemas com a família conservadora dela, eles não aceitam que ela seja modelo, o pai a queria na contabilidade do clube desde que ela se formou. Ela também estampa os jornais com escândalos todas as semanas... Casada, eles não teriam mais o "fardo" porque, teoricamente, o responsável, seria eu.

- Não acredito... E ela concordou em se casar com você, sabendo que você estava atrás de mim?

Soltei o ar. - Ela ligou para você te pedindo para voltar, não foi?

- Foi... Mas que merda, Théo! - esbravejou se afastando de mim, levando as mãos aos cabelos.

Ri ainda mais da cara dela, e me atrevi a esticar o braço e segurar sua mão, ainda muito gelada.

- E por isso fui ao casamento, para agradecer pela ajuda com você. E também, foi ela quem mostrou que você estava lá.

- Meu Deus, me sinto uma idiota. Eu... Não sei o que dizer, Théo, eu...

- Então não diz. Olha... Depois que você saiu chorando da padoca eu fui lá na casa amarela, eu conversei com a sua mãe. Durante muito tempo, eu achei que você ainda estivesse me odiando. Mas ela me deu uma luz. Eu me borrava de medo de chegar aqui, e você estar casada e sei lá... Com filhos, uma família formada, porque isso seria um soco no saco. Não que você não merecesse tudo isso, você merece, mas... A parte egoísta de mim, me dizia que eu poderia te ter de volta. E dessa vez, de verdade.

- Mas não pode! - ela exclamou, e pude sentir a raiva em cada letra. - Você acha o que, Théo? Que vai se casar, resolver seus problemas e eu vou ser a outra? Você vai é cair do cavalo! Eu nunca vou me sujeitar a algo assim, nem a Lis deveria! Caralho, se a família dela não gosta da profissão, ela que mande eles se foderem!

90 Dias para "Não" Casar Onde histórias criam vida. Descubra agora