25 Travada

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Ross

Arrastei os pés até a porta, Mel já havia ido trabalhar e eu estava sozinha com minhas dores, coloquei a mão na maçaneta e assim que abri a porta, o cheiro dele invadiu meu apartamento. Com os olhos caídos e sem ânimo, fitei aquele homem enorme, vestindo jeans, camiseta preta e uma camisa de flanela xadrez azul por cima, segurando uma caixa nas mãos com o olhar preocupado.

Os cabelos desarrumados caiam na linha dos olhos o deixando com cara de menino de orfanato.

Coloquei a mão na cintura tentando reprimir a careta de dor.

— O que aconteceu com você? — perguntou me olhando da cabeça aos pés, para o meu pijama rosa de gatinhos e minhas meias do Frajola.

— Não é uma boa hora...

— Me deixa entrar.

— Não, vai embora!  — supliquei sentindo meus olhos se encherem de lágrimas por causa da dor.

— Você não parece bem, não vou embora! Saí da frente. —  disse com autoridade, e se esgueirou para dentro do meu apartamento.

Observei-o caminhando até colocar a caixa na bancada e voltar para me ajudar. Ele fechou a porta e me estendeu a mão, sem muitas alternativas, segurei firme em seu braço para chegar até o sofá.

Théo se sentou ao meu lado, ajeitando uma almofada nas minhas costas.

— O que aconteceu com você, Ross?

Apertei os olhos sem vontade nenhuma de responder. - Travei as costas. Acho que nunca senti uma dor tão filha da puta como essa... Eu tinha tanta coisa pra fazer hoje, e olha para mim, pareço uma velhinha de oitenta anos!

- Já foi ao médico?

Fiz que não com a cabeça. - Não, e nem vou, espero que se eu ficar quietinha isso melhore até a noite.

Ele revirou os olhos. - Ainda tem aversão a médicos? Ah Ross... Bom, para a sua sorte, eu tenho uma solução. Flávio é um porre, mas vai te arrumar rapidinho.

Fiz menção de impedí-lo, mas no segundo seguinte, ele já estava em pé com o celular no ouvido. Me desmanchei outra vez no sofá. Como tinha sido tão burra? Eu tinha que aceitar que já não era uma mocinha, ficar inclinada trabalhando cinco horas na cama só poderiam ter feito isso. A dor era aguda e cada vez que eu tentava me esticar, uma fisgada me impedia.

Théo voltou e se sentou ao meu lado. - Ele já está vindo, enquanto isso, quer que eu faça um leite com chocolate para você?

Fiz cara de dó. - Por que você está aqui, Théo?

Ele sorriu - Credo, Ross... Lis me mostrou a mensagem sobre os cancelamentos de hoje, eu fiquei preocupado. E... Trouxe bolinhos de laranja.

Me remexi fazendo careta - Ela sabe que está aqui?

Ele riu ainda mais. - Mas é claro que sabe. Não tenho segredos para ela, Ross. Somos amigos, como eu te disse.

- E você veio cuidar de mim? - sussurrei quase chorando.

- Eu vim, e nem adianta me expulsar. Vou cuidar de você igual quando você teve catapora, se lembra?

Sorri, e o mínimo movimento, fez com que eu me encolhesse - Você me levou bolo e o dever do dia da escola por duas semanas...

Ele afagou de leve meu rosto com as costas da mão - E você fez o mesmo por mim nas duas semanas seguintes quando peguei aquela droga de você.

Deixei mais um sorriso escapar - Que bom que não corre o risco agora.

90 Dias para "Não" Casar Onde histórias criam vida. Descubra agora