16 Banho quente

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Théo

Ela abriu a porta depois de pegar a chave em um dos vasinhos de flores pendurados ao lado da porta. Eu queria dizer a ela o quanto aquilo era perigoso e inaproriado, mas dado ao seu estado, apenas observei.

Ela se apertou ainda mais no paletó do Marco, estava tão encolhida que parecia ainda menor diante de mim, seus lábios arroxeados batiam de forma que eu escutava seus dentes se chocando com a tremedeira. Assim que passou pela porta, parou se virando para mim, bloqueando a minha entrada.

— Théo... Você tem que ir embora. — disse quase sem voz, se encolhendo atrás da porta.

Cerrei os olhos para ela. — Mas, Ross, eu tô congelando, me deixa pelo menos tomar um banho quente, eu te salvei, né?

Ela soltou os ombros saindo da porta e me dando passagem. — Tá bom, eu... Vou ver se encontro uma roupa do namorado da Mel para você.

Sorri — Obrigado. — disse olhando em volta. — Onde tem um banheiro?

— No fim do corredor.

Olhei para onde ela me apontou, o apartamento era muito pequeno, ali da porta eu já via a sala e a cozinha, elas eram divididas por um balcão de pedra preta, e sobre eles haviam várias garrafas de refrigerante e copos de sopa fechados, como se a alimentação rápida fosse uma regra da casa. A sala tinha um sofá de couro amarelo e um rack com uma TV grande, a mesa de "jantar" ao lado, parecia infantil, com apenas duas cadeiras de madeira, uma branca e uma marrom.

Por tudo o que eu havia visto só ali, não podia deixar de falar.

— Pergunta... — disse confuso — Só tem um banheiro?

— Só, por quê? — respondeu de má vontade.

— Então pode ir primeiro. Você está roxa de frio. Eu espero.

Ela fez aquela cara confusa que eu adorava, mas então deu de ombros e seguiu para o corredor, entrou por uma porta e logo em seguida, a vi caminhar com algumas roupas nas mãos para entrar no banheiro.

Eu realmente estava com frio, mas o apartamento era quente, o tapete felpudo do chão da sala me fazia quase não sentir que eu estava sem camisa, e com as calças molhadas.

Senti meu celular vibrar no bolso da calça e o peguei, agradecendo por ser o modelo mais caro e resistente a água.

Era uma mensagem da Lis.

"Temos problemas!"

Olhei em volta antes de responder.

"Amanhã a gente resolve, estou com a Ross"

Também mandei uma mensagem para Marcos o dispensando, nem fodendo iria embora. Era minha chance de falar a real para Ross. E no momento, era tudo o que eu precisava.

Ouvi o chuveiro ser desligado, dez minutos depois, ela saiu do banheiro vestindo um conjunto de moletom azul e meias coloridas. Ela me encarou enfiando as mãos nos bolsos, com o cabelo molhado ainda pingando na roupa.

Para a maioria dos caras, seria uma visão broxante para se ter em um apê vazio com uma garota, mas para mim, era a visão do céu. E só de imaginar as mãos daquele cara nojento em cima dela, eu já queria socar ele outra vez.

— O banheiro é todo seu. — disse ela se afastando da porta.

Caminhei devagar pelo corredor, e parei na porta, vendo o espaço apertado que tinha uma pia espremida perto da porta com o vaso quase colado nela e o box minúsculo que de forma alguma caberia duas pessoas. O que era um pensamento bem relaxante.

90 Dias para "Não" Casar Onde histórias criam vida. Descubra agora