33 Deixar levar

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Ross

Abri os olhos percebendo que estava em minha cama, e sozinha. Não me lembrava de como tinha chegado ali, mas me lembrava da conversa que havia tido com Théo, ele estava diferente, e não só na forma de falar, pela primeira vez eu consegui ver uma sinceridade madura em seus olhos.

Eu ainda me questionava se iria mesmo aguentar tudo aquilo, se iria sobreviver se ele se casasse. Só a ideia me dava náusea. Eu estava me divertindo com ele, tentando não me apegar, vivendo os meses mais doidos e divertidos da minha vida outra vez. E os melhores desde que ele foi embora. Eu estava com medo, com um medo terrível de que minha vida voltasse para o marasmo irritante de antes.

Respirei fundo me sentando na cama, esfregando o rosto e sentindo um cheiro delicioso de pão com manteiga na chapa. O cheiro fez minha barriga emitir um som estranho. Me levantei e enfrentei o corredor até a entrada da sala admirando a visão dele na cozinha, suas costas largas se movimentando enquanto ele prensava os pães na frigideira fazendo o aroma percorrer o apartamento todo. Me encostei na parede com medo de chegar mais perto e quebrar sua concentração. Entre o som da manteiga derretendo ouvi um leve e baixo cantarolar. Ele só costumava fazer isso antigamente quando estava muito absorto. Todos os sons pararam quando ele se virou com a frigideira para colocar os pães no prato e ergueu os olhos me vendo parada observando-o.

Sorri começando a me aproximar, enquanto ele me olhava interessado.

⸻ Bom dia, Rosalinda. ⸻ sorriu ele deixando a frigideira de lado.

Passei para o seu lado do balcão, e seu braço gigante me puxou para junto dele. ⸻ Dormiu bem?

⸻ Sim... Você me levou para a cama? ⸻ perguntei confusa.

Ele fechou um dos olhos, se recostando na pia atrás dele e me puxando para o meio de suas pernas. ⸻ Bem que eu gostaria de ter te carregado como a rainha que você é. Mas provavelmente eu acabaria derrubando nós dois. ⸻ disse afagando meu rosto. ⸻ Mas te amparei até lá, você estava praticamente dormindo.

Balancei a cabeça, mas não conseguia me lembrar mesmo ⸻ Hum... E, você dormiu comigo?

⸻ Não, sua cama é muito pequena para nós três, Ross, eu dormi no sofá.

Arregalei os olhos ⸻ Nós três?

Ele me deu um beijinho segurando o riso. ⸻ Eu, você e o meu tesão, sério, ninguém ia dormir...

Lhe dei um tapa no peito, gargalhando ⸻ Idiota!

Aquela conversa parecia ter sido um sonho, e ao acordar meu amigo adolescente e bobo estava de volta. Eu também gostava dessa parte dele, gostava de todas as partes.

⸻ Fiz seu café da manhã, ainda gosta de pão na chapa, né?

Olhei para o armário do lado vendo minhas torradas integrais com gosto de ranço para mais uma dieta irritante.

⸻ Adoro. ⸻ respondi me soltando dele.

⸻ Legal, senta lá, vou servir você.

⸻ Não precisa, descansa essa perna um pouco, Théo.

Ele fez uma careta e apertou minha bochecha. ⸻ Senta lá, Rosalinda. Eu posso fazer isso, sou imprestável, mas nem tanto.⸻ segurou meu rosto me dando mais um beijinho.

Como não tinha mais argumentos, fui para a mesa, ele fez mais duas partes de pães na frigideira, me serviu suco de laranja e uma geleia de morango com bolachas de nata divinas. Não sabia se só aproveitava aquilo, ou se tentava tirar alguma conclusão. Mas com as bolachinhas derretendo na boca, perdi a vontade de dizer qualquer coisa.

90 Dias para "Não" Casar Onde histórias criam vida. Descubra agora