22 Jantar... E só...

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Ross

Um mês e meio depois

— Amiga, você está pronta? — Mel gritou da sala enquanto eu checava pela milésima vez o vestido vinho, que eu não tinha certeza se estava me favorecendo ou me deixando com cara de trintona desesperada.

Olhei para os saltos e fiz careta. É melhor ir de sapatilha. Mas e se isso me fezesse parecer uma velha cansada? Ai que inferno!

— Já vou! — gritei para ela.

Por fim, resolvi ficar do jeito que estava, era segunda-feira, meu dia de folga e eu estava finalmente tocando a vida. Minhas reuniões sobre o casamento do Théo, eram apenas com a Lis, e o que podia ser resolvido por telefone eu adorava ainda mais.

A assessoria do casal teve um belo trabalho para limpar a barra dele sobre o sumiço depois do casamento. Mas conseguiram soltar uma nota com a história "plausível" de que ele acompanhou uma amiga até um hotel, e teve exames laboratoriais no domingo, por isso, não retornou a baixada.

Trouxa quem caiu nessa. Mais trouxa fui eu vendo o Instagram com a mesma publicação e a foto dos noivos nos dois perfis com um texto que claramente, foi pago para algum gestor de crises escrever.

Mas para mim, foi o ponto final. Depois de passar uma semana inteira a base de sorvete de manga e brigadeiro, eu estava recuperada. Não atendi mais nenhuma ligação do infeliz e estava pronta para colocar minha vida nos trilhos outra vez. Ou pelo menos a minha casca, estava.

Mel me passou o contato de um amigo do noivo dela, um gato. Sério, quando vi as fotos de perfil, nem acreditei que um cara daqueles estivesse solteiro. E claro, Mel fez tanta propaganda de mim, que me tornei a "super empresária do ramo de casamentos" para ele, enquanto ele era "o super sócio da empresa do quase marido dela"

Com duas noites de conversa com ele por mensagem, já senti que queria dar uma chance. Ele era centrado (ao contrário do Théo) era maduro (ao contrário do Théo) era estável financeiramente e morava longe dos pais (ao contrário... Vocês sabem de quem).

Caminhei pelo corredor quase desfilando para Mel. Estava me sentido gata! Tinha escovado o cabelo, feito uma maquiagem modesta mas bem aceitável, e a depilação estava ok. Era a minha noite!

Mel segurou firme minha mão — Ross, seja boazinha com o rapaz, e por favor, transa muito, e se quando acabarem você ainda estiver pensando no "coiso", transa mais!

Sorri me despedindo dela e concordando com cada palavra. Saí do apartamento, e enquanto andava até meu carro, cantarolava um mantra de "Eu posso fazer isso, eu não preciso dele, eu sou foda" um coro ridículo de algum coach triste e sozinho. Entrei em meu carro e dirigi até o restaurante onde havia combinado de me encontrar com ele.

Era um italiano simples, mas aconchegante. Intimista da madeira certa. Assim que parei na recepção, o vi em uma mesa ao fundo, estava lindo usando uma camisa social cinza, era tipo um galã de novela, me aproximei sorrindo, e ele me cumprimentou com um beijinho no rosto puxando a cadeira para mim. De perto, os olhos claros davam um ar de mistério ao rosto maduro, ele já devia ter uns quarenta, e os cabelos já tinham um toque charmoso de grisalho em alguns pontos.

— Você está linda, Ross. — disse gentilmente.

Sorri baixando os olhos com uma timidez que eu não costumava ter. E... Pela primeira vez, estava nervosa.

— Obrigada. Você também está muito elegante.

Ele sorriu de forma relaxada. — Estava ansioso para te conhecer. Mel me falou tanto de você. Mas se me permite dizer, aqui, tão perto, você é ainda mais encantadora, Rosalinda.

90 Dias para "Não" Casar Onde histórias criam vida. Descubra agora