Prólogo

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Théo

10 anos antes

Nem podia acreditar que aquele era meu último dia, a gente passa a idade escolar toda desejando o fim, mas naquele dia, senti o baque. Era a formatura, minha família toda estava sentada na mesa me vendo do palco. Se para meus colegas, aquilo já era especial, para mim era uma festa de despedida, não só da escola, mas do país.

Desde os sete anos esperava a chance, e finalmente aconteceu, fui vendido, e iria partir para a Espanha na manhã seguinte. Outra vida, outros rumos... Queria partir sem deixar nada para trás, mas a verdade era que...

No exato momentos em que meus pensamentos me levaram para ela, seu nome foi anunciado nos auto-falantes da escola.

⸻ Rosalinda Brenner!

Sorri, estava muito longe para ver, mas sabia que ela havia revirado os olhos, odiava seu nome, dizia que as pessoas deviam achar que ela tinha setenta anos.

Bati palmas junto dos outros esperando ela receber seu diploma, muito mais merecido do que o meu, na verdade, sem ela, eu teria sido barrado até da festa. Um mês antes, eu tinha 90% de chance de ser reprovado,  Ross me salvou com algumas matérias, e o restante das notas ficaram azuis com uma grande quantidade de verdinhas vindas dos meus pais em forma de doação para a escola.

Então, lá estava eu, me formando a tempo de me mudar e mudar o status de aluno medíocre para jogador de fama internacional. Uma das transações mais caras do futebol sem envolver um grande time. Eu estava animado, pelo menos, uma parte de mim.

Assim que a cerimônia acabou e o jantar foi servido, pedi licença a minha família e fui até a mesa onde ela se sentava entre o pai avaliando as fotos em sua nova câmera digital  e a mãe olhando os vestidos das outras mães.

⸻ Com licença, será que eu poderia roubar a Rosalinda por uns instantes? ⸻ falei delicadamente, e de uma forma que minha mãe adoraria ver, usando toda a educação de um Bitencourt, que eu definitivamente, não tinha.

O pai dela tirou os olhos da câmera para me encarar, mas abriu um sorriso enorme. ⸻ Ah! É o Theodoro, então... Vai jogar na Espanha....

Sorri. ⸻ Sim senhor, parto amanhã. ⸻ disse meio encabulado, só queria tirar a Ross dali.

O pai dela começou a tagarelar sobre os times europeus e as várias e várias vezes em que o time para o qual eu ia "bateu na trave" para ganhar o campeonato. Mas graças a Deus, Ross se levantou, interrompendo aquela conversa e vindo para mim.

⸻ Foi um prazer, senhor Brenner, nos falamos depois.

Me afastei com ela da mesa, e fomos para fora do salão para perto da fonte do jardim que ficava na frente da escola, e ostentava o busto do fundador da instituição.

Soltei o ar, afrouxando a gravata e abrindo um dos botões da irritante camisa social. Ross estava em um vestido preto e longo que cobria do pescoço até o pé, era cheio de pedrinhas que brilhavam conforme a luz batia nelas. Seu cabelo também estava mais arrumado do que eu jamais vira na vida, caindo em ondas castanhas por cima dos ombros, e naquela noite, ela havia trocado os óculos grossos por lentes de contato, que deixava o azul de seus olhos quase que hipnotizante.

⸻ Então... Está feliz em ir embora, jogador? ⸻ Riu ela, se desfazendo da pose de menina formal para puxar seu vestido, se sentar na beirada  da fonte revelando os all stars pretos com meias cor de rosa até as canelas escondidos sob o vestido formal.

Enquanto a maioria das garotas de 18 anos morria e mataria para estar em uma noite de gala sobre saltos altos, Ross era... Ela mesma.

Sorri vendo aquilo, devia saber que a fantasia não estaria completa, a Ross moleca não podia se esconder por muito tempo.

90 Dias para "Não" Casar Onde histórias criam vida. Descubra agora