1 Demônio do passado

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Ross

A agência estava uma confusão com seis casamentos no mesmo fim de semana, delegar e separar equipes equivalentes para cada um deles já estava me deixando completamente louca, e se já não bastasse os problemas na empresa, eu ainda tinha que me esquivar dos telefonemas da minha mãe, que nos últimos dias estava impossível atrás de mim, como chiclete no pé.

Passei pela recepção me apoiando no balcão quase sem forças para continuar, emendando o fimmdas festar de sexta-feira e resolvendo os últimos ajustes das festas de sábado, eu estava acordada ao que parecia ser 36 horas, e eu só queria me enfiar em qualquer lugar e dormir, podia ser no armário de vassouras, eu já estaria feliz.

Theresa a minha  recepcionista perfeita, estava fazendo o milagre de filtrar informações para que eu não abrisse a janela do décimo andar e me atirasse de lá de cabeça no estacionamento. Um dos eventos era ao ar livre e a previsão era chuva, outro faltava pessoal para a equipe de garçons, outro a decoração não chegava ao local para a montagem e eu havia acabado de descobrir que o caminhão de entrega das flores havia quebrado e eu mesma tinha que resolver. Fora o bolo de um dos casamentos que desmoronou na entrega. Realmente "o que tende a dar errado, dá errado mesmo!"

⸻ Ross, querida, senta um pouco, nem que seja na privada mas descansa pelo amor de Deus, você está cheirando a café há mais tempo do que eu consigo pensar. ⸻ disse ela segurando meu braço, fazendo um leve afago ali e tive vontade de chorar, e dormir.

Soltei os ombros. ⸻ Consegue meia hora para mim, Therê? ⸻ implorei com olhos pidões.

⸻ Claro, querida, pode ir, descansa e eu tento resolver tudo para não ter que te incomodar.

Respirei aliviada. ⸻ Obrigada, sua linda, deusa da minha vida. Te amo.

Arrastei os pés até minha sala, fechei a porta, tirei os telefones do gancho, desliguei a internet do roteador da sala e me deitei no meu tapete felpudo debaixo da minha mesa.

Senti minhas costas fazendo um barulho parecido com o de um pacote de miojo sendo esmagado. Tirei os malditos sapatos ficando só de meias para relaxar.

Estava quase pegando no sono, estava entrando naquele estado de felicidade plena onde nem parece mais que a gente tá viva, quando meu celular começou a tocar.

Tive vontade de chorar, não era possível! Como eu não desliguei a porcaria do celular?!

Estiquei o braço para para pegá-lo de cima da mesa, não ia conseguir dormir com aquele toque irritante.

⸻ Alô...  ⸻falei sem forças, ⸻ se não for importante, por favor, desliga... ⸻ choraminguei.

⸻ Rosa? Oi filha, desculpe te ligar assim, mas é que uma conhecida está procurando uma cerimonialista que dê conta de organizar um casamento em um mês e meio, e pensei... A sua agência consegue, não é? É que eles não são daqui...

No meio da conversa eu já não estava ouvindo nada.

⸻ Tá mãe, é... Uhum... Eu te ligo depois, tá?

Ouvi ela rindo. ⸻ Tudo bem amor, obrigada.

Soltei o celular, sem forças e nem me lembro se consegui desligar a chamada, apenas caí dormindo de boca aberta no meu tapete branco limpíssimo.

****

Acordei estranhando a falta de luz, a sala já estava escura, me sentei com um impulso, desesperada. Corri de meias mesmo para fora da minha sala, já chamando a Therê, ela não podia ter feito aquilo comigo, eu tinha um milhão de coisas para resolver...

90 Dias para "Não" Casar Onde histórias criam vida. Descubra agora