5 Ainda é ele...

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Ross

Como se já não bastasse toda a humilhação, eu ainda tinha que dirigir malditos 70km para chegar a um lugar que eu provavelmente gostaria de correr. Enquanto eu pegava a estrada, a noite caía na imigrantes, o fluxo de veículos ali estava maior do que eu esperava, eu realmente não gostava de dirigir sozinha na estrada, meu pequeno Ford KA balançava a cada veículo maior me ultrapassando.

Depois de uns trinta infartos cheguei ao condomínio, o GPS me avisou com aquela voz chata "você chegou ao seu destino" quando na verdade, eu só conseguia ouvir "Você vai se ferrar nessa casa"

Parei na portaria e o guarda da guarita imponente abriu a janela.

⸻ Boa noite, estou indo a casa do senhor Theodoro Bitencourt, ele está me esperando.

⸻ Qual é no seu nome? ⸻ Perguntou o homem depois de olhar para o meu carro com uma cara estranha. Será que eu parecia pobre demais para visitar um astro internacional do futebol?

Passei a língua pelos lábios ⸻ Brenner, sou cerimonialista.

O homem fez um gesto para que eu aguardasse, e então ouvi ele ao telefone, anunciando a minha chegada, o estranho foi a risadinha no final.

⸻ Senhor Théo disse que já a aguarda, Rosalinda.

Cerrei os olhos para ele. Maldito Théo! Aposto que havia mandado o homem me provocar.

Com um sorrisinho, ele me liberou abrindo a cancela. Segui para dentro do condomínio que mais parecia uma cidade, as casas eram enormes, e senti um arrepio na espinha ao virar a última esquina e constatar que a casa dele pegava o equivalente a dois quarteirões do condomínio.

Não tinha muros, mas um conjunto de arcos formava uma divisão do gramado com a calçada que era a coisa mais linda que eu já havia visto na vida. As luzes estavam acesas e a casa branca com grandes vidraças no segundo andar se erguia na escuridão. Entrei com o carro pelo caminho de pedras até a entrada da garagem. A recepção da casa era toda em vidro, com chão em um perfeito e lustroso mármore Carrara a porta da frente era branca ao fundo de um corredor com vidro nas paredes e teto com vigas brancas imitando os mesmos arcos dos "muros".

Nem em filmes eu havia visto uma casa tão linda. Antes que eu descesse do carro carregando minha pasta para a reunião, vi a porta se abrindo. Théo surgiu de lá vestindo uma calça jeans clara com vários rasgos e uma camisa preta simples mas que parecia um tanto justa já que marcava todos os músculos do peito e do abdômen. Os braços cobertos de tatuagens também eram tão definidos que me fez ter o pensamento de que, se os braços eram assim, imagine as pernas, já que era a parte que ele efetivamente deveria usar.

Fechei a porta do carro fazendo uma oração de proteção enquanto estava de costas para ele e quando me virei, ele já estava a um palmo de mim, e me abraçou, prendendo meu corpo com aqueles desaforos de braços.

⸻ Oi Rosalinda, que bom que não se perdeu. Já estava preocupado.

Ele me soltou e antes de responder, ajeitei minha roupa esmagada por ele.

⸻ Não se preocupe comigo, Theodoro, eu tenho GPS. ⸻ sorri vitoriosa. Mas vi a cara de desdém com que ele olhou para o meu carro e quase perdi a noção de que ele era meu cliente.
⸻ Onde está sua noiva?

Ele coçou a cabeça fazendo uma certa careta. ⸻ Ah, ela teve um problema com um editorial... Mas já deve estar chegando, vem, vamos entrar.

Assenti segurando minha pasta com as duas mãos e o acompanhando pelo caminho lindo até a porta. Dentro, a casa era ainda mais impressionante, logo na entrada o ambiente se estendia amplamente por uma sala de tirar o fôlego, ela era integrada a cozinha e tinha portas de vidro gigantes que levava para a área externa com uma piscina que parecia de clube.

90 Dias para "Não" Casar Onde histórias criam vida. Descubra agora