Capítulo XXXIX - A Verdadeira Certa Maneira

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Uma tremenda sacanagem.

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Acordar cedo e ir trabalhar é tudo de ruim, mas tem uma coisa boa: Nando virá para Sabrina do Sul!! Ele me mandou uma mensagem no Facebook que traria sua filha, que tem um ano e meio e mora com ele. Ele entrou com uma ação para pegar a guarda do filho Erick também... Eu estou disposta a ajuda-lo, quero um dia ser sua esposa e ficar com ele para sempre! Assim que acordo, vou até minha filha, troco sua frauda e dou de mamar e deixo-a dormir mais um pouco. Logo que saio de seu quarto, ouço barulhos na sala e me assusto, até que ouvi um prato sendo quebrado. Minha filha começa a chorar... Começo a andar bem devagar até a cozinha e vejo um homem de cabelos preto, blusa branca e calças jeans.

-Quem é você? - Pergunto assustada.

-Anna? - Vira-se Renato, para mim.

-Sai daqui Renato! -Pego disfarçadamente meu celular que já estava na cozinha e começo a gravar nossa conversa.

-Sair? Mas eu vou morar aqui, com vocês.

-Vai embora, por favor.

-Annanda, se você não quiser ter sua filha dentro de um caixão, você me aceita nessa porra dessa casa e cala a boca.

Começo a me desesperar, porque ele está fazendo isso? 

-Não, por favor, não faz isso.

-Se muda comigo para o Amazonas? 

-NÃO! - Gritei. - Eu tenho uma vida, um emprego. Eu não tenho culpa se você não tem nada, Renato! Vai embora da minha casa por favor. - Se ele não saísse naquele momento, eu choraria na frente dele.

-Tudo bem, meu amor, eu vou embora! Mas volto amanhã para saber como você quer que as coisas aconteçam... Da minha maneira ou da certa maneira.

-E como seria a "certa maneira"? 

-Você se mudar comigo. E a minha maneira será matar sua filha... Bruna, não é? - Meus olhos estavam prontos para explodir em lágrimas. - Já vou, meu amor... E não me espere acordada! Amanhã eu passo para buscar vocês duas. - Dizendo isso, saiu de dentro de minha casa.

Minha única reação foi sentar no sofá e chorar... Por que diabos sempre tem um desgraçado para tirar minha felicidade?? 
Eu quero viver normalmente, em paz! Hoje vou traçar os planos para minha fuga... Espero que dê certo.
Percebo que não parei de gravar. Desligo o aplicativo que grava voz e ligo para minha patroa. Digo que estou com muitos problemas e não poderei ir hoje.
Assim que desligo, pego papel e caneta e começo a traçar minha rota... Mas no meio do plano, há um problema: Bruninha não ficará segura comigo! E agora, o que faço? 
Só há um jeito: deixá-la com meus pais e terminar meu plano. É isso que farei. 

Quando termino de arrumar minhas coisas, ligo para meus pais e peço para eles virem hoje aqui, com urgência. Logo que desligo ouço uma buzina em meu portão. Vou atender com Bru em meu colo.

-Olá!! - Sorrio feliz. É Fernando... -Eu preciso conversar com você! Chegou em uma excelente hora.

 -Aconteceu alguma coisa, gata? - Ele me deu um selinho. - Que gatinha linda! - Nando sorriu para Bru e deu um beijo e sua testa. Ela respondeu com um gritinho animado e sorriu. - Ela tem seus olhos e seu sorriso. - Ele sorriu em graça.

-Aconteceu sim... Mas espera meus pais chegarem para eu lhe contar. Mas cadê sua filha?

-Está aqui, vou pega-la, só um instante... - Ele foi no banco de traz, pegou a menininha loira de olhos escuros e sorriso largo e disse. - Clarinha, essa é a tia Anna e a Bru. 

-"Anha" -disse Clara pegando em meu nariz. - Bu! Oi! - Disse ela pegando na mão de minha filha. 

-"Calinha" - Disse Bru acenando.

-Elas vão se dar bem... Bom, eu acho! - Disse Fernando.

Rimos e entramos em casa.
Aguardamos meus pais brincando com as meninas e comendo algumas besteiras. Por volta das 18 horas meus pais chegaram. Os recepcionei, dei um macarrão, pois a viagem foi longa e pedi-lhes para sentar no sofá.
Pus as meninas para brincar no quarto de Bruna e fui para a sala, onde estavam mamãe, papai e Nando.

-Então... Preciso contar-lhes que ... - Respirei fundo e contei todo ocorrido. Como imaginado, meus pais ficaram de boca aberta e apavorados. 

-Anna, mas você tem certeza que quer fazer mesmo isso? - Minha mãe dizia meio chorosa.

-Tenho, mãe! Vocês me apoiam? - Disse eu esperançosa.

-Eu vou te apoiar sempre, meu amor! - disse papai, levantando com um pouco de dificuldade em seus 40 e tantos anos e me dando um beijo forte na testa.

-E não só tem meu apoio, como quero cuidar de Bruna. - Disse Nando determinado, me surpreendendo.

-Você faria isso por mim? Não consigo acreditar! - Deixei uma lágrima cair.

-Eu não só faria como farei se vocês me permitirem. Disse ele sorrindo. O Ygor já registou a menina?

-Infelizmente não... Ele não quis fazer isso ainda.

-Então eu o farei. Ela será uma Brito. – Ele riu. – Assim como Clara.

-Meu amor, que mulher de sorte você é!! Mas quando você vai?

-Pretendo ir em breve! Mãe, pai, vão morar no RJ, por favor... Ajudem Nando a cuidar de minha filha!

-Claro, que sim!

-E você já decidiu para onde vai?

-Por um tempo vou ficar com você, no Rio, mas logo vou para Alemanha... Prometo voltar!

-Eu vou te esperar, agora vamos arrumar tudo aqui, antes que fique tarde para irmos para minha casa.

Assim que Nando terminou de falar, levantamos e fomos ligar para um amigo dele, para transportar as coisas para um apartamento de outro amigo de Nando. Quando o transporte chegou, colocamos tudo lá dentro e Nando foi de carro até o apartamento. As meninas foram com ele, elas dormiram e ele disse que foi uma viajem tranquila.
Passei na casa de meus pais, peguei suas roupas e fomos para nova casa de meus pais...
A verdadeira certa maneira, é essa.

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