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Naquele momento, não sabia se era bom ou ruim a explosão não ter nos alcançado. Estava escutando um puta zumbido irritante no ouvido enquanto os paramédicos corriam até nós. O carro da polícia chegou logo depois.

- Vocês estão bem? - A uma morena se abaixa e tenta sentir o pulso dos nossos pais - Moça? - Ela me encara enquanto outro enfermeiro falava com André.

- Não fala. - meus olhos se enchem de lágrimas - Só tenta por favor.

- Mas senhora.. - A morena tenta falar.

- Tenta! - limpo as minhas lágrimas os enfermeiros levam eles até a ambulância.

- André! - chamo pelo mesmo quando o zumbido do meu ouvido some.

- OI - ele grita.

- Para de gritar. - o encaro.

- QUE?

Um médico chegou perto de nós e começa a nos examinar rapidamente.

- Eu tô bem, cuidem dos meus pais, por favor.. - falo.

Ele simplesmente me ignorou e continuou a me examinar, no final ele concluiu que eu estava bem e me liberou.

Eu e André fomos seguindo a ambulância até o hospital, a polícia vinha logo atrás. Ao chegarmos ficamos na sala de espera.

Eu tentava me manter o mais positiva possível, pensava talvez eles iriam viver, queria que o impossível acontecesse naquele momento. Meu irmão e eu não conseguimos trocar uma palavra, estávamos paralisados ainda.

- André, Jade. - Giih se aproxima e abraça André, o mesmo se desmancha em seus braços.

Com tudo passando pela minha cabeça eu não pensei em mandar mensagem pra ninguém, e muito menos consegui avisar a família.
Eu estava me segurando o máximo possível, mas ver o meu irmão em desespero foi demais pra mim. Me levanto rápido e disfarço as lágrimas que caiam de meu rosto.

- Onde você vai? - Giih pergunta ainda abraçada com André.

- Beber água. - falo da maneira mais calma que consigo.

Tomei água devagar, tento deixar minha mente longe, parar de pensar em tudo... mas não dá. Vou até o banheiro e entro em uma cabine, desabo ali mesmo, pouco tempo depois me recupero e  volto,  o médico chega até nós.

- Miller? - Um moreno alto de olhos claros pergunta.

- Oi. - eu e André falamos juntos e levantamos.

- Infelizmente... - ele tenta achar as palavras certas - Não teve jeito, confirmamos o óbito.

Ao escutar suas palavras eu não tinha mais esperanças, afinal como teria? Respirei o mais fundo possível, as lágrimas começaram a cair e não deu para me segurar, não conseguia respirar direito e um sentimento de querer morrer tomou meu corpo. Sem ao menos perceber  eu estava sentada no chão encolhida, eu tinha perdido totalmente o controle. A minha visão começou a ficar embaçada e em poucos segundos tudo ficou preto.

...

Acordo com uma puta dor de cabeça e em cima de uma maca, olho para o lado vendo André e Giih sentados em uma cadeira.

- O que... - tento falar mais dói demais - ... aconteceu?

- Você desmaiou, e ninguém entendeu nada. - André falou preocupado.

- Você correu atrás das coisas dos nossos pais? - pergunto, era a única coisa que eu pensava.

- A polícia pediu a declaração do óbito e eu peguei com o médico que nos atendeu.

Descaso do destinoOnde histórias criam vida. Descubra agora