Capítulo 13

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Os jogos estavam indo muito bem. Tinha muitos times de futebol formados. Acho que até os garotos que não faziam parte dos times que treinavam na escola estavam tentando ir para o campeonato.

Acenei para o Leo para que ele pudesse se sentar perto de mim na arquibancada e quando ele me viu veio correndo sem olhar pros lados. Justamente por não olhar para os lados ele acabou derrubando uma garota. Pilar. Ele a ajudou a levantar e a pegar a garrafa de água. Ela agradeceu e enxugou uma lágrima do rosto. O Leo perguntou se estava tudo bem, ela disse que sim e saiu. Quando ele chegou perto de mim estava com um sorrisinho bobo no rosto.

-Que dia meus amigos. Toquem as trombetas porque o Leo falou com a Pilar.

-Para com isso Miranda. Eu nem tinha visto ela.

-Eu percebi. Você nem viu que o amor da sua vida estava bem na sua frente.

-Não é pra tanto também.

-Você fica tão fofo quando está envergonhado.

-Eu acho que a machuquei de verdade.

-Por quê?

-Ela tava chorando.

-Não deve ter sido por isso, afinal de contas ela só caiu de bunda no chão. Não dói a ponto de chorar.

-Então porque ela tava chorando?

-Eu sei lá. TPM? Mulheres são sensíveis. Agora cala a boca e vamos assistir o jogo.

-Você é uma insensível. Poderia ser você chorando.

-E se fosse eu? Que diferença faria?

-Eu ia querer te ajudar.

-E não é o que você quer fazer por ela?

-É. Mas é muito diferente.

-É claro que é diferente. Eu sou sua amiga e ela é a garota que você está afim. Por que não vai lá e ajuda ela então?

-Você ta doida? Ela não sabe quem eu sou.

-Mas você sabe quem ela é, quem você é. E sabe tanto quanto eu o quanto você quer estar lá enxugando aquele rostinho bonito.

-Você é louca.

-E você tá perdendo uma puta oportunidade de se aproximar dela. Deixa de ser cuzão. Por um momento finge que ela sou eu, e ai você não vai ter tanta vergonha assim.

-De jeito nenhum.

-Se você não for algum cara vai. Seja o namorado dela ou não, e é melhor que seja você.

-Um dia eu ainda vou parar de dar ouvidos pras coisas que você fala.

-Não vai nada.

Ele se levantou sorrindo e correu na direção em que tínhamos visto a Pilar sair.

O jogo continuou e os garotos estavam realmente se esforçando para conseguir fazer gol. Estávamos na última semana de classificação e decisão de times. Os times de vôlei, natação, basquete, e handebol já estavam definidos, só faltavam os times de futebol feminino e masculino.

Deram intervalo no jogo e o Leo ainda não tinha voltado. Ou a conversa entre ele e a Pilar tinha dado certo ou ele me deu um perdido e sumiu. E se fosse a segunda opção ele ia se ver comigo.

Ouvi um assovio e o meu nome. Olhei para o meio da quadra e vi o Otávio fazendo um sinal para que eu me aproximasse dele. Eu não desci a arquibancada então, ele subiu.

-E aí? Cadê o seu amiguinho?

-Foi fazer alguma coisa importante.

-Bom, mas eu não vim falar dele.

-Eu imaginei que não.

-Eu pensei muito depois da nossa última conversa...

-Se é que podemos chamar aquilo de conversa. O que você pensou?

-Eu achei que você jogou um verde pra mim.

-O único verde que joguei era pra você falar a verdade pra sua namorada.

-Eu entendi outra coisa. Entendi que se eu não tivesse namorada você ficaria comigo.

-Você entendeu isso?

-Claro.

-Você ta completamente...

Ele não me deixou terminar a frase e me beijou na frente de todo mundo, inclusive da Pilar. Eu o afastei e dei um tapa na cara dele. Ele me olhou com muita raiva e me puxou pelo braço me forçando a beijá-lo de novo. O Leo o empurrou pela arquibancada abaixo e eu achei que eles iam brigar bem ali, mas o Otávio viu a Pilar e correu atrás dela.

-Eu não posso te deixar sozinha por um minuto que alguém quer beijar você?

-É o meu charme natural.

-Porque ele fez isso?

-Eu não sei direito, mas ele tinha entendido nossa última conversa de forma totalmente errada.

-Como assim?

-Ele achou que eu tinha dito que se ele não estivesse com a Pilar, eu ficaria com ele, mas não foi isso que eu disse.

-E o que você disse?

-Disse que se ele não tivesse sido um canalha, talvez ele ainda tivesse chance comigo.

-Será que ele conseguiu entender isso agora?

-Eu espero que sim. Você demorou. Conseguiu descobrir alguma coisa?

-Ele brigou com ela sem motivo. Mas agora ela sabe qual era o motivo.

-Eu não sou o motivo de nada.

-Você não é culpada Mia, mas era o motivo dele.

-A cada dia que passa ele se mostra mais imbecil.

-Eu sempre soube.

-Pensando positivamente, pelo menos você conseguiu conversar com ela sem medo não é?

-Médio.

-Vamos pensar positivo. Agora vocês estão minimamente mais próximos, e caso as coisas aconteçam do jeito que estou pensando, ela vai precisar de um ombro amigo.

-Como é eu você pode saber o que vai acontecer?

-Eu não sei o que vai acontecer. Eu só imagino.

-E o que vai acontecer?

-Você vai ver.

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